06 dez, 2024 - 16:56 • Inês Braga Sampaio
Vítor Bruno empurra o Mundial de Clubes para o futuro longínquo e a possível liderança do campeonato para depois do jogo com o Famalicão. Para já, aquilo em que o treinador do FC Porto se foca é conquistar os três pontos na visita aos minhotos, a contar para a 13.ª jornada da I Liga.
"É uma oportunidade de somar mais três pontos. Continuamos na luta pelo nosso objetivo principal, que é o campeonato, e queremos entrar com uma atitude muito competitiva, mentalidade ganhadora. É isso que queremos que atravesse o nosso pensamento", salienta o técnico portista, esta sexta-feira, na conferência de imprensa de antevisão da partida.
Sobre o Mundial de Clubes, em que o FC Porto calhou no mesmo grupo de Palmeiras, Al Ahly e Inter Miami, o clube de Lionel Messi, Vítor Bruno admite que ouvir o nome do argentino entusiasma, contudo, volta a devolver a atenção para o jogo com o Famalicão: "A minha grande preocupação é que tipo de 'Messis' vão estar amanhã."
O FC Porto visita o Famalicão no domingo, com pontapé de saída a partir das 20h30. Os dragões têm a oportunidade de se colar ao Sporting na liderança - para tal, terão de vencer. Partida da jornada 13 do campeonato, com relato em direto e acompanhamento na Renascença.
Famalicão com novo treinador: “Levanta-nos sempre uma grande dose de incerteza na preparação e sobretudo no que queremos passar para os jogadores na preparação dos jogos. Olhámos muito para nós, tentámos fazer uma análise profunda do que aconteceu com o Casa Pia, tentar corrigir o que tem de ser corrigido, potenciar o que tem de ser potenciado.
Possibilidade de igualar o Sporting na liderança: “Amanhã é uma oportunidade de somar mais três pontos. Continuamos na luta pelo nosso objetivo principal, que é o campeonato, e queremos entrar com uma atitude muito competitiva, mentalidade ganhadora. É isso que queremos que atravesse o nosso pensamento.”
João Pereira contestado após nova derrota do Sporting: "Não vi o jogo [do Sporting], não sei que tipo de manifestação houve, o que é que aconteceu. Obviamente que nos diz alguma coisa, é um adversário direto a perder pontos, mas não é isso que nos guia nem que nos move.”
Campeonato decidido a três ou mais competitivo? “Se fizermos um exercício meramente especulativo, nós vemos que, neste momento, no campeonato, dez em 18 clubes do campeonato já mudaram de treinador. Isso não ajuda nada a que as equipas possam crescer, possam alavancar-se nas ideias dos treinadores, possam aumentar os pilares de uma ideia que possa conduzir um treinador. Essa inconstância, essa alternância de treinadores não ajuda, na minha opinião, a que as equipas consigam manter níveis de consistência altos e que possam bater-se de igual para igual com outras que, à partida, tenham outro potencial. O Moreirense é uma equipa que tem tido alguma estabilidade, tem feito um excelente trabalho, fez o que fez contra os grandes, mas já nos criou problemas, teremos oportunidade daqui a 15 dias de voltar lá. Em relação à competitividade, o campeonato não se vai decidir apenas no confronto entre grandes, o ano passado diz-nos isso. Por isso, todo o cuidado é pouco. Temos de estar muito atentos e amanhã vamos encontrar um adversário que tem muito bons jogadores, é um plantel muito valioso. Que como equipa, se calhar, há dois meses falávamos aqui de uma realidade diferente, dizíamos, ‘Como é que o Porto vai parar o Famalicão, que está fortíssimo em casa?’ O ciclo mais recente não nos diz isso, as equipas têm de conviver com esses cenários e saber dar resposta forte. O que se passa com o Sporting já nos tocou a nós e agora entrámos num ciclo vitorioso, queremos dar continuidade e entrar amanhã muito fortes para conseguir três pontos para o nosso lado, que são muito importantes para a nossa luta.”
Derrotas do Sporting baralharam contas, é fundamental conquistar os três pontos em Famalicão? "É fundamental, pura e simplesmente, pelo cenário de alta exigência que queremos cultivar. Não é que o clube não tenha, porque tem, os adeptos têm e muito bem, mas nós queremos que isso seja incutido dentro do nosso balneário. Temos jogadores novos, que estão a dar passos novos aqui no clube, e esse nível de exigência tem de ser altíssimo. Isso também se cultiva, também se educa, temos feito muito esse trabalho com os jogadores e amanhã não representa mais do que isso. É mais uma oportunidade que temos de somar três pontos, coincide neste momento com o colar no topo da classificação e é isso que queremos fazer. Olhar para o jogo de forma séria, competitiva e ambiciosa, mas desconfiados de uma equipa que tem um treinador novo [Ricardo Silva], que vai ter esse ‘boost’ emocionar que, se calhar, vai levar os jogadores para outros patamares de rendimento, perceber que enquanto jogador era muito competitivo e que se calhar vai incutir isso na sua equipa."
Jogo em Famalicão é fundamental para virar a página e desmistificar os jogos fora, em que o Porto tem apenas quatro derrotas em dez partidas? "É importante por ser o próximo e por ser amanhã. Os últimos quatro jogos foram não foram bem-sucedidos, mas em todos eles a história do jogo foi diferente. Em Itália, com a Lazio, o resultado é injusto, na Bélgica temos o jogo no bolso e deixamo-lo cair, em Moreira de Cónegos o Moreirense não fez por ganhar esse jogo. O único jogo que perdemos verdadeiramente bem foi com o Benfica, ponto final e há que assumi-lo sem rodeios e sem estar aqui com meias palavras. Os outros três não me parece que tenha sido esse o caso. Já ganhámos nos Açores e em Guimarães, de forma convincente, e é isso que queremos fazer amanhã.”
O que aconteceu para que a liderança seja possível, quando há três semana parecia “impossível”? "Ultrapassar o Sporting parece-me difícil, porque teríamos de ter um resultado talvez histórico no futebol português, por 12 ou 13 golos de diferença, o que me parece que não vai acontecer. E o que é que aconteceu? São ciclos das equipas, todas as equipas os têm. Tocou-nos a nós e agora toca a um adversário direto. É futebol. Os clubes vivem realidades diferentes em determinados momentos da época. Depois, esta questão das mutações nos comandos técnicos não ajuda ninguém. Mas é uma realidade com que temos de saber viver e estar preparados para ela.”
Alan Varela regressa, mas Stephen Eustáquio está em forma e teve atitude “de capitão”: "Ele é um dos capitães. Todos os problemas fossem esse, esse é uma grande solução. O facto de o Varela não significa que tenha de sair o Stephen, nem o Nico [González], nem o Fábio [Vieira], para o Varela entrar no meio-campo. Os quatro já coabitaram no campo em simultâneo, é uma questão estratégica amanhã. O Stephen consegue jogar como pivô, consegue jogar a ‘2’, consegue ter essa capacidade, também, de saltar para linhas diferentes, porque é alguém que infiltra muito bem a partir de linhas mais baixas. Mesmo começando como pivô defensivo, as dinâmicas da equipa podem levá-lo para esse papel mais de ser uma chegada de uma linha diferente que causa surpresa, porque ele tem essa capacidade, tem golo, já fez esta época, também, alguns. Nós conhecendo muito bem o Stephen, que tem a capacidade no balneário de aglutinar as pontas soltas que às vezes parecem existir, em campo também. O Varela também é um dos capitães de equipa e tem muita qualidade. Podem jogar os dois, pode jogar só um, podemos jogar a três ou a dois no meio-campo. Não vamos revelar o que vai acontecer, mas ter o Varela de volta é uma solução de total conforto e não um problema.”
Bruno Lage desafiou jogadores do Benfica a ganhar todos os jogos até ao fim de 2024, Vítor Bruno também colocou um desafio aos jogadores do FC Porto? "Não. Só tenho um, que é ganhar amanhã. Esse é o único que foi lançado aos jogadores. Não pensamos muito ‘a la longue’. Pensamos muito no imediato, até porque, se começamos a olhar muito para a frente, podemos tropeçar. E já tropeçámos no passado. A equipa tem dado sinais muito positivos, de conforto, em termos comportamentais e de treino, do que podem fazer. Amanhã, queremos chegar lá amanhã e impor a nossa ideia. É um campo tradicionalmente difícil. No ano passado, fizemos um bom resultado em Famalicão, mas é um campo que nos levanta sempre muitas dificuldades. Têm jogadores de enorme valia, tanto na linha defensiva como na linha média, o Zaydou [Youssouf] é um grande alimentador do jogo ofensivo do Famalicão. O [Mirko] Topic também tem dado passos cada vez mais firmes no seu crescimento no futebol português. O Gustavo Sá tem muita qualidade. O [Óscar] Aranda tem feito uma época brutal, jogando mais na frente – amanhã até pode jogar mais derivado para um corredor. Não sabemos se vêm com três centrais ou com uma linha de quatro. A nossa grande preocupação é tentar antecipar cenários e perceber que amanhã em campo poderemos ter de vestir uma pele ligeiramente diferente, em determinados momentos, porque não jogamos sozinhos. Por muito que queiramos chegar lá e impor o nosso jogo, haverá momentos em que teremos de nos adaptar ao que o jogo nos pede, fazer leituras imediatas no momento em que o jogo começar, perceber o que está do outro lado, perceber pelo onze qual será a intenção do Ricardo [Silva]. Uma coisa é garantida, a atitude vai estar lá, por muito que a estrutura possa ser diferente ou não. A atitude vai estar lá, o ‘boost’ emocional vai aparecer, é um treinador novo. Fizemos a pesquisa no lançamento do jogo, se o Ricardo já tinha estado com estes cenários, para perceber o que teria feito no passado. Ele trabalhou com muitos treinadores diferentes, com cinco ou seis, desde o tempo do Trofense. No Famalicão trabalhou com o Rui Pedro Silva, com o João Pedro Sousa, com o Ivo Vieira, agora com o Armando Evangelista. Passou por muitas ideias diferentes e, se calhar, conseguiu filtrar muito daquilo que pode ser o seu jogo para amanhã. Não sabemos, mas a nível comportamental sabemos que eles vão estar a um nível fortíssimo, porque vão querer mostrar ao Ricardo e a quem possa, se é que virá alguém de novo, que estão aptos para dar resposta em qualquer cenário.”
Que cuidados exige o Mundial de Clubes: "Esse é um cenário que não me preocupa de todo neste momento. Temos muitas frentes com que temos de nos preocupar para já. Isso virá apenas em junho, temos seis, sete meses até lá, ou seja, há ainda muito espaço temporal para poder preparar essa competição. E vamos ver em que condições é que as equipas vão lá chegar. E se vão adulterar o objetivo de uma competição desta dimensão. É preciso perceber muito bem como é que as equipas se vão posicionar, sobretudo os jogadores – são eles que jogam, são eles que andam, são eles que correm, é a saúde deles que está em jogo, é o lado familiar, numa fase em que o jogador precisa desse lado mais socio-afetivo, perceber quem é que lhes dá conforto, quem está perto deles nesse momento, eles vão ver-se privados desse contacto. Veremos até que ponto a competição vai ser levada com a coragem que deve ser tida numa competição desta natureza, pela dimensão que ela quer ter.”
Sorteio do Mundial de Clubes: “São equipas de continentes diferentes, com jogadores que só pelo nome, por si só, vão criar vontade de os defrontar. Agora, ser Inter Miami, Al Ahly, Palmeiras, eu percebo a curiosidade, é um certame que nos honra estar presentes, são os grandes clubes do mundo, mas a minha grande preocupação é que tipo de 'Messis' vão estar amanhã. O Gil Dias, o Aranda, o Rochinha, o Gustavo Sá… Essa é a minha grande preocupação.”