05 nov, 2024 - 15:52 • Eduardo Soares da Silva
André Villas-Boas, presidente do FC Porto, anunciou que o clube azul e branco tem intenção de "agir proativamente" no caso dos e-mails e contestar "arquivamentos que consideramos infundados".
Num editorial na revista "Dragões", o dirigente focou-se no tema da corrupção no futebol, "um problema alarmante que compromete tanto a integridade do desporto quanto a confiança dos adeptos e a sustentabilidade dos clubes que acreditam numa competição justa e transparente".
"A verdade é que o futebol em Portugal tem sido marcado por escândalos que frequentemente culminam em nada ou no limite em decisões judiciais sem consequências disciplinares efetivas, gerando uma sensação de desigualdade no tratamento dado aos clubes", pode ler-se.
Villas-Boas garante que o Porto "não será conivente com este estado de coisas".
"O FC Porto está a estudar em detalhe o despacho de acusação proferido pelo DCIAP no mediático “caso dos e-mails” e tem intenção de agir proativamente relativamente à acusação, incluindo a contestação de arquivamentos que consideramos infundados. Comunicámos também as nossas preocupações e intenções à Liga, à Federação e, devido à gravidade que transcende o futebol e a sua indústria como um todo, à Presidência da República, ao Governo e à Procuradoria Geral da República", afirma.
O Ministério Público (MP) pediu que o Benfica seja suspenso de todas as competições desportivas, no âmbito do caso dos e-mails.
A SAD do Benfica e o seu ex-presidente, Luís Filipe Vieira, assim como o antigo assessor jurídico encarnado Paulo Gonçalves e a SAD do Vitória de Setúbal, vão a julgamento a propósito do processo, por alegada falsificação de negócios de vendas e empréstimos de jogadores.
Já Rui Costa, atual presidente das águias, não foi criminalmente responsabilizado. Também ilibados foram os antigos dirigentes José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso. Domingos Soares de Oliveira, ex-administrador da SAD do Benfica, passou de arguido a testemunha no processo.
Caso dos e-mails
Advogado Ricardo Salazar explica o que está em cau(...)
Villas-Boas diz que "mais do que nunca, precisamos de um futebol justo e transparente. Todos concordaremos que somente com instituições vigilantes e mecanismos eficazes de promoção da justiça será possível restaurar a confiança dos adeptos e dos agentes desportivos. A luta contra a corrupção no futebol é um desafio que exige realismo e compromisso, individual e coletivo, e uma vontade real de reformar as práticas que comprometem a integridade e a verdade desportiva".
O dirigente promete que foram iniciadas "reformas internas" no FC Porto para "promover a transparência e a responsabilidade", nomeadamente com "ações concretas que visaram combater a fraude na venda de bilhetes e auditorias forenses para identificar e responsabilizar, nos locais adequados, atos e comportamentos de quem prejudicou ou se serviu indevidamente do clube".
"Externamente, continuaremos a colaborar em processos onde possamos contribuir para a clarificação de suspeitas que pairam sobre competições, atletas, dirigentes e outros agentes, além de acionar todos os mecanismos policiais e judiciais, nacional e internacionalmente, para proteger os jovens jogadores em formação das malhas de redes criminosas", prossegue.
Villas-Boas lança algumas questões que considera "urgentes" e que "merecem resposta tempestiva".
"Alguém foi sancionado pelos tribunais com penas dissuasivas que desincentivem a repetição destes comportamentos? Por que é que alguns comportamentos muito graves, que comprometem a verdade desportiva e são comprovados judicialmente, não têm reflexo condizente nos órgãos de justiça e disciplina desportiva?", questiona.
O presidente dos dragões termina com uma nota em relação ao cumprimento da pena de um jogo de interdição que obrigou o clube a jogar em Aveiro contra o Moreirense na última semana.
"A administração a que presido envidou pela respetiva reversão deste castigo fazendo uso dos meios legais disponíveis. Notámos a celeridade incomum no julgamento deste caso e estamos esperançosos de que seja o reflexo da mudança de paradigma que necessitamos no futebol português", conclui.