16 jul, 2020 - 12:45 • Luís Aresta
Rui Quinta, bicampeão pelo FC Porto como adjunto de Vítor Pereira em 2012 e 2013, considera que foi prematuro atribuir o favoritismo ao Benfica, no início do campeonato, e que Sérgio Conceição merece receber os louros todos do título portista, pela forma como soube pegar nos recursos que muitos desvalorizavam e formar uma equipa campeã.
Em entrevista a Bola Branca, Rui Quinta salienta que Sérgio Conceição soube montar uma equipa e uma clara ideia de jogo, e não encontra surpresa no facto do título da época 2019/2020 ficar no Dragão.
"Nós partimos sempre de conjeturas face à análise que fazemos do valor individual das coisas. Só que no futebol tudo é possível. Depois, tem a ver com a forma como os treinadores conseguem pegar no que têm à disposição e transformá-lo numa equipa que chegue à frente de todos os outros. Foi isso que o Sérgio Conceição conseguiu fazer: pegar nos recursos que tinha à disposição e transformá-los numa equipa que conquistou os pontos necessários para ser campeã", realça.
Rui Quinta considera "da mais elementar justiça tributar o mérito" da conquista do FC Porto a Sérgio Conceição:
"É indiscutível: Não há equipa que consiga vencer seja o que for sem um treinador, sem uma ideia, sem uma personalidade. Sem alguém que transmita um rumo e consiga alinhar e entusiasmar todos nesse rumo, para que cada um consiga entregar as suas qualidades particulares à equipa e a equipa, beneficiando disso, consiga ser campeã."
Este foi o segundo título de Sérgio Conceição em três épocas, "num contexto de grande adversidade". O treinador tem contrato até 2021 e, na opinião de Rui Quinta, a SAD portista deveria reforçar este vínculo, especialmente "num contexto em que a dimensão económica não estará tão saudável como noutros tempos".
"O que ele tem demonstrado e conquistado é um estatuto que é muito importante na liderança. É a confiança que toda a gente tem no trabalho que ele está a desenvolver. Era importante para o clube manter esta estabilidade, esta figura do treinador que conseguiu aglutinar todos à sua volta e à volta da equipa. Era importante criar as condições para que ele se continue a sentir feliz e desafiado e que consiga dar continuidade àquilo que tem vindo a fazer", frisa.
Agora que o título está decidido, Porto e Benfica vão encontrar-se a 1 de agosto, em Coimbra, na final da Taça de Portugal. Para Rui Quinta, é "um jogo de tripla" e nem o estatuto de campeão dá favoritismo ao FC Porto.
Dado que a festa da Taça, "um marco na carreira de toda a gente", tem a particularidade de "mexer com a estabilidade emocional dos jogadores", Rui Quinta aponta o fator psicológico como decisivo:
"Não tem nada a ver com o que está feito para trás, é um jogo só, é uma ocasião única e vai depender muito da disponibilidade emocional e da ambição que cada uma das equipas seja capaz de demonstrar . É um jogo de resultado imprevisível e vai depender muito da forma como cada uma das equipas conseguir lidar com a emotividade que rodeia este jogo e com a expectativa de poder conquistar mais um título. Quem lidar melhor com isso estará mais perto de vencer."