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Jogos Olímpicos

"Pensei no festejo no dia anterior". A anatomia da fotografia de Evenepoel que ficou para a história

13 ago, 2024 - 16:15 • Eduardo Soares da Silva

O ciclista belga visualizou uma fuga a solo e cruzar a meta sozinha em frente à Torre Eiffel. O resultado é "uma imagem única que ficará na cabeça das pessoas durante muito tempo".

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Estava tudo planeado. Depois da surpresa inesperada de um furo a três quilómetros da meta, o belga Remco Evenepoel arrancou para uma segunda medalha de ouro na prova de ciclismo de estrada. Fez vingar a fuga a solo e, com a Torre Eiffel nas suas costas, cruzou a meta, saiu da bicicleta e abriu os braços. Foi uma das fotografias mais impactantes dos Jogos Olímpicos de Paris. E, afinal, não surgiu da espontaneidade do momento.

"Pensei no festejo no dia anterior. Estava na mesa das massagens, é o último momento de relaxamento total. Estava com o meu soigneur [staff de apoio] e contei-lhe a ideia: se acabasse sozinho, daria uma imagem louca, talvez uma das melhores fotografias que algum dia poderia ter em toda a minha carreira. Não contei a muitas pessoas, acho que até só ele é que sabia", revelou, em entrevista ao "The Athletic".

Remco optou por não fazer reconhecimento aos últimos 10 quilómetros do percurso, mas quando lhe mostraram uma fotografia da reta da meta, a ideia já não lhe saiu da cabeça.

"Mostraram-me os últimos metros, ali em frente à Torre Eiffel, e sabia que iria ser uma imagem incrível. É um local espetacular para acabar uma prova de ciclismo. Deu uma imagem única e acho que ficará na cabeça das pessoas durante muito tempo. Dei tudo o que tinha para conseguir aquela fotografia. Era um objetivo ganhar daquela forma e com um festejo especial", explicou.

Evenepoel chegou a Paris depois do terceiro lugar no Tour de France e tudo isso apenas alguns meses depois de uma queda dura na Volta ao País Basco, na qual fraturou o ombro e a clavícula.

"A partir dessa lesão, comecei a fazer treino de visualização, especialmente para ganhar confiança nas descidas e nas curvas", explicou.

Não foi a primeira vez que o ciclista de 24 anos esteve envolvido numa queda grave. Em 2020, o seu primeiro ano como profisisonal, caiu de uma ravina de nove metros de altura na Volta à Lombardia junto a uma ponte. Fraturou a pélvis e lesionou o pulmão: "Agora, tento sempre imaginar-me e visualizar-me em cima da linha da meta".

Evenepoel regressou a França depois de um duríssimo Tour em que rivalizou com Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard. Terminou no pódio, mas o verdadeiro objetivo estava nas semanas que se seguiram.

"Hoje já ninguém me fala do terceiro lugar. Ganhar duas medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos está acima de tudo. Será um dos melhores momentos da minha vida. Foi um bom começo para a primeira vez a correr em Paris, se um dia estiver aqui de amarelo no Tour...", concluiu.

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