01 jul, 2024 - 18:15 • João Filipe Cruz
Arranca, na próxima terça-feira, mais uma etapa da IberCup. Todos os recordes serão batidos na edição de verão no Estoril, onde tudo começou há mais de uma década. Mais de oito mil atletas, 407 equipas de 43 países com todos os continentes representados tentam espalhar talento em dezenas de relvados.
Vão ser mais de mil os jogos, espalhados por mais de 40 campos, que não se circunscrevem ao município de Cascais, sendo a autarquia um dos principais parceiros há mais de uma década. Todos estes recordes obrigam, naturalmente, à redefinição da forma como se prepara a prova, como explica Filipe Rodrigues a Bola Branca.
“Este crescimento significativo tem implicação em toda a parte logística, desde alojamentos, número de campos, arbitragem ou alimentação. Não era algo para que não estávamos preparados porque a nossa projeção no início do ano era de crescimento”, garante o fundador da IberCup.
Todo o trabalho de planeamento começa "dois a três anos antes" -- mas a equipa da IberCup beneficia do facto de a máquina já estar, praticamente, em piloto automático.
“A máquina não para. Assim que terminam os torneios de verão, já estamos a todo o gás a preparar os torneios do próximo ano. Já temos equipas confirmadas para as edições do próximo ano. Há sempre um contacto constante, seja com fornecedores, seja com equipas”, acrescenta Filipe Rodrigues.
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Na equipa deste que é um dos maiores torneios de futebol de formação do mundo está Márcio Lima, que mudou a vida no ano passado. O CEO da IberCup já veste a camisola desde 2017, altura em que começou a assumir as rédeas da operação no Brasil, mas em 2023 fez as malas para tomar conta da prova em Portugal.
“Aqui a operação e a logística são muito diferentes. No Brasil, há apenas um complexo onde se realizam os jogos", aponta em conversa com Bola Branca.
Márcio Lima atesta a "garantia da qualidade do serviço e das expetativas das equipas" que participam em cada etapa.
"O meu papel principal é guiar a equipa para que cada departamento consiga executar a experiência final do cliente”, explica o CEO da IberCup.
Relativamente a uma prova desta magnitude, podemos também questionar quem nasce primeiro, se a logística, se os convites às equipas. Filipe Rodrigues explica que "são processos que acontecem em paralelo"
"A logística só pode ser finalizada quando temos a confirmação final sobre as equipas que vão participar, a quantidade de voluntários e guias que as podem acompanhar, a quantidade de hotéis que as podem acomodar. À medida que as equipas vão validando, vamos montando o puzzle e partimos para a parte mais específica para que tudo seja verificado ao mais ínfimo detalhe”, adianta o fundador da IberCup.
Lado a lado caminha a Câmara Municipal de Cascais. A autarquia abriu portas à IberCup há mais de 10 anos e conta com centenas de pessoas, que vão estar concentradas na etapa que arranca na próxima semana. O elo da prova e da autarquia estende-se desde os voluntários que vão acompanhar as equipas e os atletas, às escolas que dão a resposta que as unidades hoteleiras não conseguem dar -- ainda para mais em época alta --, até aos transportes públicos, que complementam o setor privado, também insuficiente para alimentar as necessidades de milhares de participantes. Por isto, existe comunicação privilegiada e um "canal aberto" entre a Câmara e a organização.
“Este canal aberto obriga a um contacto com diversas áreas. Não
se restringe à vertente desportiva. Tem que haver um grande envolvimento com
toda a comunidade. É resultado de vários anos de experiência", explica a
Bola Branca Francisco Kreye, vereador cascalense.
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O vereador com a pasta do Desporto e das Relações Internacionais assumiu também o dossiê IberCup em 2021. Francisco Kreye acredita que "o desporto pode ter um efeito impactante na região" e aponta até para outros exemplos de provas e modalidades que moram em Cascais.
"A Iberup, o Estoril Open e o Iron Man têm um efeito centrifugador, ou seja, começam em Cascais e têm um impacto nos concelhos limítrofes e na Área Metropolitana de Lisboa. Não é só Cascais que beneficia”, esclarece.
Francisco Kreye conta com dez técnicos no departamento desportivo e também com a ajuda de uma autarquia "hiperativa", habituada a receber desde há séculos. "Nós dizemos que em Cascais não há portugueses, são todos convidados de Cascais", acrescenta.
Há muitas horas de trabalho, que se intensificam à medida que as etapas se aproximam. Filipe Rodrigues admite que todos os seus dias "são dedicados à IberCup" e que, seguramente, "trabalha mais de oito horas por dia". Quanto a Márcio Lima, assume que o volume de tarefas "intensifica três meses antes do evento".
E quando questionados sobre a parte que mais desafia, há relativo consenso quanto aos transportes.
"A parte dos transportes é a mais nevrálgica. É a forma como as equipas chegam aos campos, como vão até aos locais de alimentação. Numa competição com mais de 1000 jogos não pode haver atrasos, porque ia afetar os todos os outros horários”, reconhece Filipe Rodrigues a Bola Branca.
Já Márcio Lima acrescenta ainda a sinergia entre os vários departamentos para que nada falhe, ainda que assuma que a parte do alojamento também seja particularmente desafiante.
"No período que antecede a competição é a área do alojamento. Vamos alojar mais de 5 mil pessoas e é preciso garantir que as datas e horas estão todas corretas, que a tipologia de quartos está correta, é uma área bastante sensível", explica o CEO da IberCup.
Por muito trabalho que possa parecer que dá, todos os envolvidos garantem que compensa, sobretudo quando a bola rola e tudo parece resumido a isso mesmo. Para levantar a IberCup é preciso o esforço de centenas de pessoas. Um esforço que vai levar a que mais de oito mil raparigas e rapazes possam espalhar sonhos por relvados portugueses já a partir de 2 de julho.