Árbitros "não podem ficar incomodados com críticas de treinadores e dirigentes"

Luciano Gonçalves, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), acredita que a arbitragem deve aceitar com naturalidade críticas de treinadores e dirigentes, mas que não podem "colocar em causa honra e seriedade" dos árbitros.

Poucos dias depois da APAF de ter remetido para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) as declarações de Pinto da Costa e de Sérgio Conceição após o Porto-Gil Vicente, Luciano Gonçalves reage ao crescente clima de crispação em torno da arbitragem.

As críticas são bem-vindas, mas suspeitas infundadas não: "Não podemos, de todo, ficar incomodados com um treinador ou dirigente dizer que o árbitro foi incompetente".

"Só nos deve fazer crescer e trabalhar cada vez mais para que isso não aconteça. Mas não podemos banalizar e achar que é normal entrarmos no campo da seriedade dos árbitros", afirma, em declarações à Renascença.

Esta sexta-feira, o Correio da Manhã avançou que o Ministério Público está a investigar alegados subornos do Benfica em contas bancárias de agentes de arbitragem, entre os quais Hugo Miguel, Ferreira Nunes, Adão Mendes, Bruno Paixão, Bruno Esteves, Jorge Ferreira e Nuno Cabral.

Luciano Gonçalves aponta o caminho a quantos tenham provas concretas que determinado árbitro agiu com o objetivo premeditado de prejudicar ou beneficiar algum clube.

"Se forem casos comprovados, há locais próprios para o fazer, que são os tribunais. Utilizem essa forma e não a comunicação social para levantar suspeitas sem qualquer nexo", atira.

Apelo para as últimas 12 jornadas

O presidente da APAF garante que árbitros e Conselho de Arbitragem estão a trabalhar em conjunto para evitar os erros e melhorar a taxa de acerto durante os jogos.

Luciano Gonçalves apela aos dirigentes desportivos para que façam um esforço e coloquem de lado insinuações e críticas destrutivas, recorrentes, sobretudo, quando se entra na fase decisiva da época.

"Temos nisto que é recorrente quando chega a esta fase do campeonato. Nestas últimas 12 jornadas, apelo a que todos os responsáveis tenham alguma contenção no tipo de linguagem que utilizam, peço alguma contenção nas críticas, que sejam de forma cordial e sem se colocar em causa a seriedade dos árbitros", disse, antes de terminar.

"Deixo a garantia que, tanto árbitros como a sua estrutura, trabalha diariamente para que cada vez existam menos erros e aumente a taxa de acerto. Nenhum árbitro quer chegar ao fim do jogo e saber que errou", termina.