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O adormecido que quer ser gigante. “A Europa é um sonho”

20 set, 2022 - 10:25 • Pedro Castro Alves

União de Leiria, com aposta na proximidade com a comunidade, quer “chegar rapidamente à primeira liga”. Nova estratégia tem apoio do município e de antigos atletas.

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Há mais de 10 anos fora da primeira Liga, a SAD da União de Leira sonha com recuperar o “orgulho dos leirienses” e levar a bandeira da região centro aos grandes palcos.

Depois de anos sem conseguir colocar mais de 300 pessoas nas bancadas de um estádio com capacidade para 25 mil, uma nova estratégia, com aposta forte na comunidade, já chamou a atenção do país depois de, esta temporada, ter nas bancadas mais de dez mil espetadores nas duas primeiras jornadas em casa.

A SAD do clube, liderada por Armando Marques, acredita que o “apoio da cidade e da região” é o ingrediente necessário para levar a equipa do Lis “de volta à primeira Liga”.

“A força que vem dos nossos adeptos vai fazer com que a União de Leiria, dentro de muito breve, esteja a luta por lugares mais altos e que, no passado, poderia não estar habituado a estar. Queremos chegar rapidamente à primeira liga, cimentar uma posição e, quem sabe, aspirar a outros voos”, diz em Bola Branca.

“A Europa é um sonho, é algo pelo que queremos lutar, mas ainda temos um caminho a percorrer. Vamos fazer tudo para que os leirienses se orgulhem do seu clube”, acrescenta.

Na fase final da Liga 3, na época passada, a União teve nas bancadas mais de cinco mil adeptos por jogo, chegando mesmo aos 15 mil no play-off.

Esta temporada, o clube Leiriense voltou a ser notícia pela enchente ao estádio para assistir a jogos da terceira divisão nacional: mais de 12 mil espetadores na primeira jornada em casa e 17 mil na segunda, o atual recorde do escalão.

Este interesse está muito para além do que se passa no relvado.

O clube criou o que chama de “fan zone”, onde promove o convívio e tem concertos ao vivo de grandes nomes nacionais. Toy, Quim Barreiros, Santamaria, Karetus e Kura, são alguns dos nomes que já passaram pelo estádio Dr. Magalhães Pessoa, em espetáculos que começam várias horas antes do jogo e se estendem muito para lá dos 90 minutos.

O objetivo de crescimento, de ligação à comunidade e de alcançar a primeira Liga ou a Europa, é algo bem visto pelo município.

A autarquia tem vindo a trabalhar “em conjunto com o clube” nos últimos meses, principalmente em “melhorias ao estádio”. A ideia de projeção da cidade, até a nível internacional, agrada ao presidente da Câmara de Leiria.

Após muitos anos de divórcio entre município e clube, Gonçalo Lopes saúda um projeto que certamente trará “retorno a todos os envolvidos”.

“Quanto maior for o sucesso na parte desportiva, na qual a parte internacional também é muito importante, mais as pessoas estarão engajadas com o clube. Um projeto competitivo, arrojado, irá ter efeitos junto da comunidade e terá retorno”, explica em entrevista à Renascença.

Um retorno que é esperado no “curto ou médio prazo”.

A criação da “fan zone” e a aposta no crescimento do clube tem sido possível devido ao forte investimento do empresário britânico Navdee Sing, que detém 90% da SAD da União de Leiria, mas tudo está assente na expectativa de “sucesso dentro do campo”.

O presidente Armando Marques não esconde que não conseguirá manter para sempre o acesso gratuito aos jogos e aos espetáculos, mas compromete-se a nunca ter preços proibitivos para os adeptos que tenta conquistar.

O objetivo passa por “serem inovadores”, criando novas forma de entretenimento e de receita “além do preço do bilhete” e do que se passa dentro das quatro linhas.

“A estratégia não passa por os espetáculos serem gratuitos para eternamente. Nesta primeira fase é um esforço grande, que dará frutos a curto ou médio prazo. Nunca avançaremos para um preço exagerado de bilhetes, mas fazer com que este espetáculo, que tem como origem um jogo de futebol, seja muito mais abrangente, mais transversal e que consigamos trazer outro tipo de benefícios e receitas que não apenas o preço do bilhete”, sublinha.

A aposta da direção liderada por Armando Marques tem tido o apoio de várias figuras do clube.

Paulo Duarte esteve 12 épocas ao serviço da União de Leiria enquanto jogador, mais três como treinador-adjunto e uma como técnico principal. Atualmente como selecionador nacional do Togo, aprova o caminho escolhido pela SAD de “aproximação” à comunidade leiriense.

O antigo atleta sublinha que Leiria é uma “cidade de futebol”, que já “muito produziu” para a modalidade. Gostaria de “ver o clube num nível mais alto”, lembrando que a zona centro está “órfã de um clube na primeira divisão”.

Há que “voltar a acreditar” e fazer com que “o espírito da União de Leiria volte a estar presente no clube e na cidade”.

“O projeto vai exatamente no caminho que deve ir. À parte do investimento, primeiro reconquistar aquilo que há muito tempo se perdeu: a proximidade entre a cidade, o público e a União de Leiria”, afirma, agradado, em entrevista a Bola Branca.

A União de Leiria caiu da primeira Liga em 2011/12, excluído dos campeonatos profissionais pelos problemas económicos do clube, que acumulava meses de salários em atraso.

Agora, a expectativa é de um regresso aos grandes palcos, com um grande investimento no plantel para atacar a subida à segunda Liga, que falhou na época passada.

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  • Ivo Pestana
    20 set, 2022 Funchal 12:42
    O Dono do Chelsea quer comprar um clube em Portugal. Logo, qualquer pequeno pode aspirar a ser grande. Lembro bem o que era o Man City.

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