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Mundial 2034

Assassinato de jornalistas, poucos direitos para mulheres e trabalhadores imigrantes. Que Arábia Saudita vai receber o Mundial?

11 dez, 2024 - 16:00 • Eduardo Soares da Silva

Para lá do glamour dos jogos de Cristiano Ronaldo, provas de Fórmula 1, boxe e outros desportos, o regime saudita é acusado de várias violações dos direitos humanos.

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Mortes a tiro de migrantes, ataques que vitimaram civis no Iémen e uma ampla falta de direitos humanos individuais são algumas das principais acusações feitas ao regime da Arábia Saudita, que ficou a saber, esta quarta-feira, que vai receber o Campeonato do Mundo de futebol em 2034.

A Freedom House, uma organização sem fins lucrativos que estuda, defende e promove os direitos humanos e a democracia à escala mundial, coloca a Arábia Saudita nos 20 países com menor liberdade à escala global, com uma avaliação de 8 pontos em 100.

No que diz respeito a direitos políticos, é atribuído apenas um ponto em 40 possíveis, enquanto que as liberdades civis recebem sete em 60.

Não é a primeira vez que o Mundial se realiza em países com regimes pouco democráticos. A Rússia, que recebeu a prova em 2018, é também caracterizado como um país sem liberdade, com 13 pontos em 100. O Qatar, onde se realizou o torneio 2022, recebe o mesmo rótulo, ainda que some 25 pontos. Nesta lista, Portugal surge com 96 pontos na lista, próximo do topo.

A Arábia Saudita é um regime monárquico, no qual o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud é simultaneamente o chefe de estado e do governo. É um regime político que está implementado desde a fundação do país em 1932.

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O país é acusado de continuar a manter presos vários ativistas e defensores dos direitos humanos, para além de dissidentes políticos num ambiente de repressão que se alastra ao mundo online. Em julho de 2023, um professor saudita reformado foi condenado à morte por ter criticado o regime nas redes sociais.

A censura ganhou interesse internacional quando o regime assassinou o jornalista Jamal Khashoggi em 2018. O repórter foi capturado na embaixada saudita em Istambul, morto e desmembrado depois de ter assumido várias posições críticas ao longo dos anos.

O regime saudita é ainda acusado de matar centenas de migrantes e refugiados provenientes da Etiópia, ainda que seja uma das economias mais dependentes no trabalho migrante, com pouca legislação que proteja os direitos dos trabalhadores.

Mais de dois mil nepaleses morreram na construção de estádios no Qatar para o Mundial 2022, de acordo com uma investigação do New York Times, um problema que pode repetir-se, uma vez que os planos prevêem a construção de 11 estádios e a renovação de outros quatro.

Ainda na política externa, tanto a Arábia Saudita como os Emirados Árabes Unidos continuam em guerra com o grupo armado Houthi, no Iémen, e são acusados de ataques que já vitiraram milhares de civis no país.

A Arábia Saudita não tem leis que discriminem pessoas com base na sua orientação sexual ou identidade de género, mas os tribunais aplicam também a xaria, o direito islâmico, para punir quem seja suspeito de cometer adultério ou relações com pessoas do mesmo sexo.

Os direitos das mulheres não estão consagrados na legislação saudita, que continuam a ser obrigadas a ter a permissão de um guardião masculino para poderem casas.

Os homens podem divorciar-se unilateralmente das suas esposas, mas o mesmo não acontece no sentido contrário, sendo que as mulheres apenas se separam com uma petição judicial para provar que dados que impossibilitem a continuação do casamento.

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