28 set, 2022 - 13:30 • Redação
André Villas-Boas esteve para deixar o Tottenham pelo Paris Saint-Germain, na época 2013/14, mas ficou em Londres "por amor ao futebol".
Em entrevista ao jornal britânico "The Telegraph", o treinador português, de 44 anos, aborda a época e meia que passou no Tottenham. Na primeira, bateu o recorde de pontos do clube londrino na Premier League. Na segunda, foi despedido a meio. Tudo poderia ter sido diferente.
"Na segunda época, fiquei pelo meu amor pelo futebol. Tinha uma proposta do PSG em cima da mesa. O Daniel Levy [presidente do Tottenham] queria vender-me por 15 milhões de libras, mas o PSG não queria pagar isso. Houve muitas coisas que não foram corretas por parte do PSG, particularmente pela forma como foi feita a aproximação, e decidi ficar, pelo meu amor ao Tottenham. Mas acho que estavam à espera que eu saísse e isso foi o início de uma má relação", admite.
A segunda temporada começou "bem em termos desportivos", no entanto, Villas-Boas reconhece que cedo se percebeu que, no clube, não estavam "felizes uns com os outros". A saída, portanto, foi inevitável.
"Eu fiquei por amor ao clube e o Tottenham queria-me fora", lamenta.
As quase três épocas de Villas-Boas em Inglaterra são, aliás, o principal foco da entrevista, em que revela que as histórias que viveu no Chelsea "mereciam uma daquelas autografias que davam um 'best-seller'."
"Foi algo que aconteceu a muita gente que passou por lá. Às vezes pode-se ter a sorte de ganhar um troféu e deixar uma marca, eu não tive tanta sorte", lamenta o técnico, que foi despedido a meio da época. O sucessor, Roberto Di Matteo, conquistaria a Liga dos Campeões nesse ano.
Villas-Boas lembra que queria ter contratado Luka Modric, agora no Real Madrid, ao Tottenham, mas o negócio falhou. "Sem Modric, também não houve Moutinho", relata, sobre o médio que orientara, na temporada anterior, no FC Porto, com que conquistara a Liga Europa:
"O João Moutinho chegou à Premier League anos e anos depois de eu o querer para o Chelsea e para o Tottenham, toda a gente já viu o jogador que ele é. Essa recusa dele [Roman Abramovich] foi um erro que não se pode apontar a um treinador. Achou que tinha o negócio do Modric feito e ele acabou no Real Madrid na época seguinte. O Falcao [então no Porto, também] era outro que era suposto vir, o Drogba não decidia se ficava ou saía em janeiro. Queriam o Tévez, mas depois já não queriam."
"Depois, o negócio do Álvaro Pereira com o FC Porto estava feito, mas o problema foi o acordo com o jogador. O Roman ficou furioso", acrescenta.
Na mesma entrevista, Villas-Boas admite que falhou o objetivo assumido publicamente de orientar uma seleção no Mundial 2022, no Qatar.
"Quando deixei o Marselha, a minha ideia era pegar numa seleção e estar no Qatar. Houve a aproximação por parte de uma equipa, mas não chegámos a acordo, não em termos financeiros, mas sobre o projeto", diz o treinador português, de 44 anos, que se encontra sem clube.
Em junho, Villas-Boas já tinha revelado que recusara orientar uma seleção que estará no Mundial, em novembro e dezembro. No entanto, na altura, disse que preferira "continuar focado na profissão e na família".
André Villas-Boas estreou-se como treinador principal na Académica. Ao fim de meia época, rumou ao FC Porto, com que venceu campeonato, Taça de Portugal, Supertaça e Liga Europa. Trocou a "cadeira de sonho" pelo Chelsea e, na época seguinte, mudou-se para o Tottenham. Depois de deixar Inglaterra, treinou Zenit (Rússia), Shanghai SIPG (China) e Marselha (França). Está sem clube desde a época 2020/21.