23 nov, 2021 - 10:39 • Redação com Lusa
Mavys Álvarez Rego, mulher cubana que era menor de idade quando teve uma relação afetiva com Diego Maradona, revelou que sofre ao ver a idolatria provocada na Argentina pelo homem que ela acusa de maus-tratos, abusos e de tê-la introduzido ao consumo de drogas.
"É difícil estar no seu país [de Maradona], ver que ele está em toda parte, que é um ídolo", disse Álvarez numa entrevista coletiva à imprensa internacional num hotel em Buenos Aires, na segunda-feira, a três dias do primeiro aniversário da morte do antigo "10" argentino.
Álvarez, de 37 anos, mora em Miami desde 2014 e é mãe de dois filhos. Prestou depoimento na quinta-feira passada, perante a justiça argentina, que investiga se ela foi vítima de tráfico de pessoas, quando, na adolescência, viajou com Maradona a Buenos Aires para participar na homenagem ao astro no estádio La Bombonera, em 2001.
Diego Armando Maradona morreu no dia 25 de novembro de 2020, aos 60 anos, devido a insuficiência cardíaca aguda.
Álvarez alega que, durante a estadia de dois meses em Buenos Aires, foi submetida a uma cirurgia plástica nos seios que lhe provocou um pós-operatório doloroso. Terá sido mantida trancada e sem os devidos cuidados, segundo o seu relato.
"Deixei de ser menina, tive de queimar etapas da vida. Uma pessoa passa de menina a mulher rapidamente. Toda aquela inocência que eu tinha foi-me roubada. Eu tinha 16 anos e já bebia, já me drogava", contou.
A relação entre Álvarez e Maradona durou "entre quatro e cinco anos" durante grande parte da estadia do antigo jogador em Cuba, entre 2000 e 2005, para se reabilitar dos seus vícios, depois de ter estado à beira da morte.
"Fiquei deslumbrada [ao conhecê-lo], ele conquistou-me com flores (...). Mas, depois de dois meses, tudo começou a mudar. Eu amava-o, mas também o odiava. Cheguei a pensar em suicídio", relatou.
Maradona terá oferecido a Álvarez cocaína com insistência até que ela concordou em usar, tornando-se viciada na droga.
Álvarez acusou Maradona de tê-la violado numa ocasião, tendo também dito ter sido vítima de episódios de violência, como uma vez em que ela atendeu o telemóvel enquanto o antigo jogador dormia. “Ele ficou muito zangado. Pegou no telemóvel, atirou-o contra a parede, deu-me um estalo e empurrou-me contra a cama. Houve muitos momentos assim”, disse.
Álvarez decidiu contar a sua verdade depois de "deturpações" sobre sua vida terem sido publicadas para o lançamento de uma série biográfica sobre Maradona.
"Acho que já fiz a minha parte, agora está nas mãos da Justiça. Falei quanto ao que aconteceu comigo para evitar que aconteça com outras e para que as outras meninas se sintam com força e coragem para falar", declarou.
A Fundação para a Paz e Mudança Climática, que representa Álvarez em Buenos Aires, pediu à Justiça que investigue os integrantes do círculo próximo de Maradona à época por suposto tráfico de pessoas, privação ilegítima de liberdade, iniciação ao uso de drogas e lesões graves. Os advogados dos réus rejeitaram as acusações.
Guillermo Cóppola, ex-representante de Maradona, afirmou que sente por Álvarez "se ela realmente viveu a provação que afirma ter vivido". Contudo, negou envolvimento em qualquer crime e denunciou por calúnia e difamação o diretor da Fundação que o acusa.
[notícia atualizada às 11h18]