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Euro 2024

Vem aí o Inglaterra-Suíça e o Países Baixos-Turquia: é isto que tem de saber

06 jul, 2024 - 07:55 • Francisco Sousa (comentador e analista)

Ingleses defrontam a seleção-revelação do Europeu, enquanto uns neerlandeses em crescimento encontram uma Turquia galvanizada.

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Inglaterra-Suíça (sábado, 17h00) 🎲

Uma das equipas mais convincentes do torneio defronta uma das grandes desilusões. A Suíça de Murat Yakin é aquilo que podemos definir como equipa de autor e a exibição (e vitória) frente à Itália confirmou os já merecidos elogios desde a fase de grupos. Já a Inglaterra voltou a mostrar um jogo mastigado, uma previsibilidade irritante e uma dependência excessiva das individualidades para ultrapassar a solidez eslovaca nos oitavos de final.

A turma helvética tem demonstrado imensos argumentos para construir a partir de trás, encontrando variabilidade no tipo de passe, nas movimentações dos jogadores e na forma como ataca o último terço. Partindo da base em 3-4-2-1, Xhaka tem sido o elemento que potencia as melhores ligações no passe e a dupla com Freuler (que se sabe soltar mais à frente) tem sido altamente produtiva.

A multifuncionalidade de jogadores como Ndoye (pode fazer toda a ala ou jogar como um dos atacantes), Aebischer (médio-centro que parte da ala esquerda mas ataca zonas interiores com bola) ou Rieder (outro médio que surge com influência a partir da meia-direita) leva a que esta equipa consiga potenciar bem uma forma assimétrica de se projetar para o ataque. Depois, ajuda muito ter outras individualidades a viver dos melhores momentos da carreira (Akanji ou Sommer) e jogadores de carreira firme em clubes mas que se têm transcendido em vários jogos (Rodríguez ou Vargas).

Apesar do grande torneio dos suíços, será sempre exagerado falar em favoritismo quando do lado oposto vai estar uma dos plantéis mais bem apetrechados do Europeu. Southgate não varia muito a estrutura (4-2-3-1/4-3-3) mas continua a demonstrar uma incapacidade gritante para adequar os maiores talentos da equipa. Foden pede protagonismo a partir do corredor central, Saka tem tido prestações intermitentes (Cole Palmer pede mais minutos), Bellingham resolveu um bico de obra com a Eslováquia mas pouco tem produzido e Kane, mesmo com indiscutíveis qualidades técnicas e um par de finalizações, surge muitas vezes demasiado afastado da baliza.

Guéhi e Stones tiveram o jogo mais problemático até aqui face à Eslováquia e o central do Palace até viu um amarelo que o afasta dos 'quartos’. Também os laterais sofreram, Walker na dimensão defensiva e Trippier com notório desconforto também em auxiliar os ataques de maneira mais constante a partir da esquerda. Uma das poucas boas notícias (além dos golos) dos oitavos foi a aparição consistente do menino Mainoo no onze de Southgate. É um jogador arrojado, que sabe ligar no passe e desprende-se bem para a 2ª linha (até para procurar a meia-distância). Deverá manter a titularidade e isso pode ajudar a que a Inglaterra encontre maior estabilidade exibicional.

Países Baixos-Turquia (sábado, 20h00) 🎲

O ânimo neerlandês saiu reforçado da vitória clara sobre a Roménia nos oitavos de final. As dúvidas adensaram-se na sequência do jogo pouco conseguido em termos defensivos frente à Áustria, mas daqui para a frente a equipa de Ronald Koeman pode levar outro ânimo para o que se segue no torneio. E a próxima etapa será um confronto exigente com uma Turquia que mais por concentração de jogadores atrás do que pela arte de defender conseguiu resistir ao assédio final austríaco e voltar a uns quartos de final de um Euro.

O 4-2-3-1 é o sistema que traz maior conforto competitivo à Laranja Mecânica, até pela notória complementaridade do duo Schouten-Reijnders. Superaram-se no encontro com a Roménia, pela forma como leem o jogo e lançam passes para a frente, com o médio do AC Milan a arriscar mais nas incursões até aos três quartos do campo. Adiante, Xavi Simons também eleva o patamar jogando mais por dentro e com a possibilidade de se associar aos restantes atacantes.

Memphis Depay continua a não encontrar o caminho para a baliza, mas acaba compensado pelo instinto matador do extremo-esquerdo Gakpo. Veremos se Malen tem espaço no onze, depois da 2ª parte exemplar frente aos romenos. Atrás, houve mais estabilidade do que noutros jogos (mais próximo do nível do duelo com a França), mas a Turquia pode trazer outro tipo de desafios na comparação com o último adversário.

E falando do conjunto turco, fica a certeza de que ganhando-se Çalhanoğlu para a causa (esteve suspenso frente à Áustria), perdem-se outros dois médios (um Orkun Kökçü acabado de rubricar a exibição mais convincente no Euro e o operário İsmail Yüksek), além do herói do último desafio, Merih Demiral, suspenso pela UEFA depois de um gesto polémico, associado a movimentos da extrema-direita turca. Baixas relevantes numa equipa que se apresentou com um dispositivo tático diferente nos ‘oitavos' (Montella assumiu os 3 centrais) e que pode eventualmente manter a estratégia para enfrentar o perigo do ataque neerlandês.

O momento inspirado de Arda Güler ou Barış Alper Yılmaz pode ser devidamente explorado nas tentativas de ataque rápido ou contra-ofensiva. Não dá para não potenciar atacantes talentosos, ainda que seja conveniente não deixar tantos espaços nas costas dos médios como já vimos nalguns momentos deste torneio (a pressão 'à distância' dos turcos foi um dos problemas verificados em organização defensiva na fase de grupos).

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