O fogo levou a alegria das crianças e o futebol para longe, mas o Pessegueirense continua a lutar pelo regresso a casa

O apoio de 50 mil euros da FPF à Juventude Académica Pessegueirense, o clube mais afetado pelos incêndios de setembro em Aveiro, permite avançar com várias obras de reconstrução no Estádio da Portela, mas falta o mais crítico: a verba para substituir o relvado sintético, que as chamas deixaram inutilizável.

26 dez, 2024 - 10:30 • Inês Braga Sampaio



O fogo levou a alegria das crianças e o futebol para longe, mas o Pessegueirense continua a lutar pelo regresso a casa
O fogo levou a alegria das crianças e o futebol para longe, mas o Pessegueirense continua a lutar pelo regresso a casa

A única estrada que dá acesso ao estádio do Pessegueirense, em Aveiro, encaracola montanha acima, entre os pinhais, e só pára no topo, diante de um muro branco e um portão verde-escuro, com o símbolo do clube em destaque. À volta, à exceção de uma moradia que trepa a rua quase até ao estádio, só se vê árvores, os seus troncos escurecidos uma marca dos incêndios de setembro deste ano. Aqui, desde então, não se joga futebol.

O apoio de 50 mil euros da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) à Juventude Académica Pessegueirense (JAP), um dos clubes mais afetados pelo fogo, permite avançar desde já com as obras de reparação e reconstrução nos balneários, no sistema de iluminação e talvez, até, da vedação que circunda o Estádio da Portela. Porém, continuará a faltar o mais crítico: a verba para um novo relvado, o principal obstáculo ao regresso do clube a casa.

Os danos no relvado não são logo notórios, quando se entra no Estádio da Portela. Outros estragos saltam à vista: bancadas e paredes brancas manchadas; tocos de árvores cortadas e ramos caídos; redes desfeitas, portas empenadas e placas descoladas da parede; detritos varridos para a berma do relvado, intactos desde a segunda-feira em que as chamas subiram tanto que dobravam a altura da bancada principal do estádio. O presidente da JAP, Tiago Martins, descreve, em entrevista à Renascença, uma "bola de neve perfeita que arrasou tudo o que estava à volta".

"Vim trabalhar normalmente e, às 9h00, já estava a recolher a casa, com um telefonema de urgência para tentar proteger a minha habitação. Passado meia hora, o incêndio já estava em vários pontos da freguesia de Pessegueiro do Vouga e, através de um telefonema, informaram-me que já estava a chegar ao estádio. Algumas pessoas, que moram em outras zonas do concelho e freguesias a que na altura o fogo ainda não tinha chegado, prontificaram-se a tentar proteger o estádio", conta.


Tiago Martins, presidente da Juventude Académica Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Tiago Martins, presidente da Juventude Académica Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR

Na altura, com o fogo a atacar a própria habitação, foi "bastante difícil" para Tiago Martins pensar, sequer, no que acontecia no estádio: "Não conseguia abstrair-me e pensar noutra coisa. Todos os dias têm 24 horas, mas parece que foram horas que passaram a correr e momentos de grande sofrimento, porque não consegui ajudar a combater no estádio e não conseguir também deslocar-me lá."

Quando o fogo atacou o estádio da JAP, Samuel Marques, membro da direção do clube, estava a combater as chamas noutro ponto do concelho de Sever do Vouga.

Samuel é bombeiro. Lembra que "toda a gente pedia ajuda e, por vezes, era difícil chegar", por serem poucos. É ele que leva Bola Branca ao estádio e mostra a dimensão dos estragos provocados pelo incêndio, que chegou "com muita força".

"Não dava para se combater sem ser com meios próprios de combate. É quase impossível, vendo o declive do terreno, a exposição ao sol, a inclinação e o próprio vento, a velocidade com que estava... Não era fácil de segurar um incêndio destes nem num único ponto, quanto mais no concelho todo. Não dá mesmo para se combater. Pelo que os meus colegas dizem, foi deixá-lo passar e esperar que não acontecesse o pior, o que se veio a constatar que acabou por acontecer", lamenta.


Danos provocados pelo fogo no estádio do Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Danos provocados pelo fogo no estádio do Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR

"Um aperto no coração"

A Associação de Futebol de Aveiro (AFA) teve de adiar todos os jogos desse fim de semana, "de forma a salvaguardar os atletas, pela quantidade de fumos e situações menos boas, que evitavam deslocações", lembra o presidente, José Neves Coelho, em declarações à Renascença.

"O impacto, inicialmente, foi complicado. Não havia treino, os treinos não se podiam realizar, daí também nós termos suspendido a jornada dessa semana. Fomos das poucas associações que o fizeram, porque, efetivamente, era uma questão de saúde dos nossos atletas, porque treinar com aquelas condições que se tinham instalado na nossa região era difícil. Com o correr de tempo, houve alguns jogos também adiados. Os clubes respeitaram-se entre eles. A exceção à regra, neste momento, é a Juventude Académica de Pessegueiro, que não tem campo para jogar", refere.

O Estádio da Portela mora no topo de uma montanha. O declive é acentuado e exige uma vedação para impedir que bolas e demais material rolem colina abaixo. A barreira que havia ardeu, como tantas outras coisas no recinto.


Samuel Marques, membro da direção da JAP. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Samuel Marques, membro da direção da JAP. Foto: Inês Braga Sampaio/RR

Com a voz embargada pela emoção, Samuel revela que só conseguiu visitar o estádio no sábado seguinte ao incêndio: "Foi entrar e sentir um aperto no coração, uma tristeza, as lágrimas a cair pelos olhos abaixo. O trabalho de anos, nosso e das direções anteriores, todo por água abaixo. Tudo ardido em questão de minutos. Foi difícil."

"Foi devastador", diz Tiago Martins, que recorda o "sentimento de impotência" ao "olhar para algo que foi construído com tanto carinho pelos sócios fundadores", vários deles ainda vivos, destruído pelas chamas.

"O meu pai fez parte dessa geração que fez nascer o clube. Ver que o que tinha sido construído e vinha sendo melhorado ao longo dos anos, ver aquele cenário totalmente negro, frustra", admite.

Tiago não esconde que chegou a pensar em desistir: "Chegar ao estádio e olhar para muita malta, todos desanimados, veio à ideia dizer assim: 'será que vamos ter que fechar as portas de vez, pôr aqui uma placa no portão de entrada a dizer que isto acabou?' Mas olhando uns para os outros, todos estávamos com aquela vontade de dizer assim: 'ó pá, bateu forte, mas vamos conseguir dar a volta a isto'. E é para isso que estamos a trabalhar."


Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR

Recuperar o que foi perdido

A missão começou com uma "grande ajuda" por parte do departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro, que fez uma análise "pro bono" às edificações do estádio.

A bancada tinha zonas com armadura à vista, e havia necessidade de fazer "umas pequenas intervenções", mas "estruturalmente não corria o risco de colapso". A cablagem dos holofotes ficou queimada, o que exigia "intervenções pontuais". A vedação à volta do estádio e a proteção que separava o relvado do muro também tinham ardido.

"Os balneários, aos quais tínhamos feito uma intervenção de remodelação no âmbito do programa Crescer 2024 da FPF, também tiveram todos os vidros partidos e algum teto de PVC queimado. A parte mais dolorosa e que causa também maior impacto económico é o relvado. Não há tanto a nível de queimadura, mas como o calor foi tão intenso, e como é um relvado sintético, há zonas peladas ou em que o plástico no fundo derreteu. Temos ali bastantes zonas em que não é seguro quer para treinos, quer para jogos", explica o presidente da JAP.


Relvado do estádio da JAP danificado após os incêndios. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Relvado do estádio da JAP danificado após os incêndios. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR


A visita ao estádio com Samuel Marques mostra isso. Mais próximo de uma das balizas, o diretor aponta para o relvado: vê-se bem as dezenas de círculos queimados, do tamanho de bolas de golfe. Ao toque, a relva de plástico derretida é dura como o cimento. O relvado terá de ser substituído na íntegra.

"No relatório que fez sobre os incêndios, a Universidade de Aveiro deu a indicação de que o relvado não era adequado para a prática desportiva. Há zonas em que o campo não está afetado, pequenas zonas, mas [não se consegue] pôr ali atletas a treinar em pequenos espaços e fazer uma muralha para que não possam ir aos outros sítios. Se vão aos outros sítios, se caem e se queimam, se se aleijam, se têm algum tipo de traumatismo que tenham de ir para um centro de saúde ou para o hospital... A própria Associação de Futebol de Aveiro também fez uma vistoria ao estádio e disse que o relvado está realmente muito danificado. E marcarmos algum jogo para lá seria o mesmo que recebermos uma multa", assinala.

Longe de casa

É por isso que o Pessegueirense está, nesta altura, com a casa às costas. Os seus cerca de 110 atletas dos escalões de formação, no masculino e no feminino, e os veteranos contam com a solidariedade da Junta de Freguesia e de outros clubes da região, o CRC Rocas do Vouga e o CRC Talhadas, para treinar e jogar.

"Felizmente, não tivemos um decréscimo de atletas por ter acontecido esta situação. Mas não tem sido fácil. Os pais sentem, os treinadores sentem, os atletas sentem. Somos bem recebidos, é como se fosse uma segunda casa, mas não é a nossa", confessa Tiago Martins.


Paulo Pereira, habitante de Pessegueiro do Vouga. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Paulo Pereira, habitante de Pessegueiro do Vouga. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
José Neves Coelho, presidente da Associação de Futebol de Aveiro. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
José Neves Coelho, presidente da Associação de Futebol de Aveiro. Foto: Inês Braga Sampaio/RR


Paulo Pereira, de 48 anos, é gerente de uma carpintaria em Pessegueiro do Vouga, a centenas de metros do estádio. Tem um filho nas camadas jovens da JAP e, neste momento, tem de se deslocar a outros campos da zona para poder treinar.

"É sempre um incómodo. Como temos de deslocar os miúdos para outras zonas da freguesia, é um incómodo para todos. Mas se não houver outra oportunidade [na próxima época], temos de suportar isto. O relvado está muito danificado e não é possível lá jogar. É um custo muito elevado para o Pessegueirense e temos de aguentar", sublinha.

Paulo recorda que, "de um momento para o outro", na segunda-feira em que o Estádio da Portela ardeu, ficaram "rodeados de fogo por todos os lados".

"Tivemos de aplicar as bocas de incêndio [da fábrica], que nunca tinham sido usadas. Também tive o mesmo problema na minha residência, que fica a uns 300 metros daqui. Tanto estava aqui, como estava na residência. Tinha de andar de um lado para o outro, para salvaguardar os bens. O concelho de Sever do Vouga estava completamente rodeado de fogo", conta.

Apesar do maior incómodo da deslocação, Paulo Pereira não deixa de ir ver o filho jogar: "Tenho de ir. Temos de ir. Os jogos em casa do meu filho são jogados no Talhadas. Temos de nos deslocar para lá. Vejo aquilo [a situação do clube] bastante complicado, porque ficou completamente destruído. Tanto nos balneários como no relvado, iluminação... Custa bastante, mas agora temos de olhar para a frente e tentar erguer o estádio, pô-lo outra vez operacional, para termos os miúdos aí a jogar."


Danos dos incêndios de setembro no estádio da Juventude Académica Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Danos dos incêndios de setembro no estádio da Juventude Académica Pessegueirense. Foto: Inês Braga Sampaio/RR

Apoio da FPF não chega para o relvado

Substituir o relvado custa cerca de 200 mil euros mais IVA. Equivale a mais de metade de um orçamento de 350 a 450 mil euros para as reparações no Estádio da Portela.

A JAP concorreu a dois fundos: o da FPF e outro que o Governo criou nos concelhos mais afetados pelos incêndios. O da Federação totaliza 100 mil euros - metade foi atribuída ao clube de Pessegueiro do Vouga. Esses 50 mil euros serão utilizados em várias frentes, embora não sejam suficientes para cobrir o maior obstáculo ao regresso do clube a casa.

"Vai permitir-nos avançar, desde já, com as obras nos balneários, as obras na parte de iluminação e talvez ainda permita que façamos a vedação em torno do estádio. Ficará a faltar, depois, verba para a parte do relvado, que é o mais crítico", sustenta Tiago Martins, que prefere não pensar se este montante "é muito ou pouco": "É o que é. Zero era garantido, veio algum."


Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR

A JAP também aguarda por reposta em relação ao fundo do Estado. O presidente agradece o "trabalho super" da Câmara Municipal, na tentativa de que as "respostas venham o mais rápido possível", e refere que, depois de os pequenos agricultores e as pessoas cujas habitações foram afetadas já terem tido "feedback", espera também ter informação "em breve".

"Contamos ter algum tipo de resposta logo no início de janeiro. As empresas a quem solicitámos o orçamento para a intervenção no relvado apontam sempre para dois meses [de trabalhos]. Sempre que em janeiro haja um 'feedback', para que tenhamos 'timing' para fazer as obras todas, a nossa ideia será que dê para programar e começar a próxima época a partir de julho, aproveitando os meses em que normalmente não há tanta atividade, para ter tudo OK para começar em setembro, na época desportiva 2025/26, com toda a normalidade", vinca.

Até lá, Tiago Martins e a Juventude Académica Pessegueirense contam com o apoio dos clubes à volta, para jogar e treinar, e com a solidariedade que chega de vários pontos do país: "Nunca pensávamos que atingisse um nível nacional."

"Ficámos surpreendidos por, por exemplo, termos uma equipa de futebol da Marinha Grande, o Vidreiros, a organizar um jogo solidário. Estamos a mais de 200 km de distância e só nos tínhamos cruzado uma vez em competição, na vertente feminina. Ou receber da parte do FC Porto disponibilidade para podermos fazer algum evento com eles, nomeadamente um jogo solidário com a nova equipa que eles têm na vertente feminina. Mesmo as nossas equipas de veteranos que fazem vários encontros amigáveis têm tido, de todas as equipas com que têm jogado, um apoio monetário que nos entregam", conta.

A AF Aveiro também ajuda, através da cedência de campo a uma das equipas femininas da JAP.

"A associação, neste momento tem tido a preocupação, principalmente, de acompanhamento, porque dificilmente se consegue fazer mais alguma coisa. Temos vindo a acompanhá-los, estamos junto do clube que ficou sem instalações, claramente sem poder jogar. E para evitar a desistência do próprio clube, porque está nos campeonatos nacionais femininos, auxiliamos o clube ia bem e aproximamo-nos do mesmo, de forma a facultar as nossas relações desportivas, que é Aldeia de Futebol, para que eles possam realizar os jogos do campeonato deles", explica José Neves Coelho.


Danos no Estádio da Portela. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Danos no Estádio da Portela. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR


Também o Sever de Fintas teve prejuízo, "só que os valores em causa estão cobertos, neste caso, pela própria Câmara Municipal". Há outros clubes que "tiveram algumas dificuldades", como o Macinhatense, o Valonguense e o Mourisquense.

"Todos eles no meio da dificuldade conseguiram ressurgir e, principalmente, ultrapassar os problemas que se apresentaram. Não foi fácil", assume o presidente da AFA, acrescentando que, "pessoalmente, também não foi fácil": "Era estar permanentemente agarrado a uma forma de poder acompanhar à distância, porque nem as deslocações se conseguia fazer, transitar era muito difícil. Íamos tentando saber como se passavam as coisas, íamos telefonando para uns, telefonando para outros."

"Só não fazem o que não conseguem"

Daniela Ventura é treinadora adjunta de equipa feminina de sub-17 da JAP, para além de já ter sido atleta do clube. Depois da segunda-feira "angustiante" de incêndios, admite que "chegaram a vir as lágrimas aos olhos" ao ver o estado em que o estádio ficara.

"Pensei que já não havia nada a fazer. É uma coisa pela qual a gente trabalha e luta e gosta, e custa ver, no prazo de um segundo ou dois, tudo destruído", lamenta.


Daniela Ventura, treinadora da JAP, e a filha. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Daniela Ventura, treinadora da JAP, e a filha. Foto: Inês Braga Sampaio/RR

Agora, é obrigada a levar mochila para outras paragens, para dar treinos e ir aos jogos. Embora se mostre grata pelos clubes à volta que emprestam os seus campos, não esconde que "nunca é igual".

"Nós estávamos habituados a ir ao campo enquanto os atletas treinavam. Os pais conviviam, passava-se lá um bom bocado, criava-se uma maior união. Agora, é mais longe. Faço um esforço, toda a gente faz um esforço, e as atletas uniram-se muito, mas mesmo o ambiente parece que é um bocadinho diferente", admite.

Para a própria Daniela é mais complicado: "Eu moro a dois minutos do campo da JAP. Nas Talhadas, é 20 minutos e é um esforço acrescido que se faz e que alguns pais fazem, e os treinadores e os atletas. Mas temos conseguido gerir", afiança.

A recuperação do clube "está a correr bem", considera a treinadora, que também garante: "A direção não vai baixar os braços. Agora, tudo depende dos apoios que dizem que vêm, mas depende se vem rápido ou se demora mais. Mas eu sei que eles não vão parar até conseguirem, pelo menos, para dar para a gente ir treinar. Eles fazem tudo o que conseguem. Só o que não conseguem é que não fazem mesmo."


Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR

"Foi voltar à estaca zero"

O amor ao clube é palpável nas vozes de todos. Seja pela história familiar ou por uma vida inteira de ligação, seja pela proximidade geográfica ou pelo carinho a uma casa que se ajudou a reerguer.

Foi com o objetivo de "dar nova chama e projeção ao clube" que a atual direção decidiu assumir a liderança da JAP no início da época 2022/23.

"Nós estávamos a começar a levantar o clube", explica Samuel Marques. "Estávamos a começar a trazer mais adeptos. Isto foi voltar à estaca zero, se não pior que isso, até porque se já vinham poucos, então agora que não vem nenhum mesmo, porque o campo está fechado", lamenta.

Ainda assim, o diretor garante que, "seja mais fácil ou mais difícil", a direção vai "continuar a batalhar para tentar chegar onde for possível".

"É ir vivendo o dia a dia e tentar. Para conseguirmos voltar às obras e voltar a meter este campo com vida e com alegria dos meninos e das meninas que nele jogavam e que certamente irão voltar a jogar", acrescenta.


Samuel Marques mostra os danos no Estádio da Portela. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Samuel Marques mostra os danos no Estádio da Portela. Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR
Foto: Inês Braga Sampaio/RR


O presidente do Pessegueirense também acredita, embora admita que "continua a ser um receio" ter de fechar as portas, porque continuar sem relvado por mais uma temporada "é inviável".

"Se não conseguirmos recuperar e substituir o relvado sintético, vamos ter de continuar com a casa às costas, a treinar e a jogar fora. Isso é o que neste momento nos causa ainda maior apreensão. Não é bom para o clube", confessa Tiago Martins.

Samuel Marques socorre-se do lema do clube para manifestar esperança para o futuro: "Mais que uma equipa, uma família. Vamos continuar a apoiar-nos todos uns aos outros."

As marcas dos incêndios não desaparecem, mas a vida em Pessegueiro do Vouga já voltou ao normal. Um forte contraste com o estádio no topo da montanha, em que a bola não voltou a rolar desde setembro.


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