Meia época sem jogar, voos trocados, rescisão protelada. O calvário de Chinyelu Asher no Torreense

"Naquele clube tudo era feito a passo de caracol. A certa altura, eu só queria que o processo não se prolongasse, porque as semanas tornaram-se meses", conta a internacional jamaicana que representou o clube de Torres Vedras na última época. Contactado pela Renascença, o Torreense não quis comentar.

01 ago, 2024 - 14:10 • Inês Braga Sampaio



Chinyelu Asher atravessou vários momentos de tensão durante o seu contrato com o Torreense. Ilustração: Rodrigo Machado/RR
Chinyelu Asher atravessou vários momentos de tensão durante o seu contrato com o Torreense. Ilustração: Rodrigo Machado/RR

A história de Chinyelu Asher com o Torreense terminou como começou: com um processo contratual arrastado para lá do prazo. Até hoje, a internacional jamaicana ainda não entende por que razão a equipa portuguesa não a inscreveu a tempo, o que levou a que perdesse metade da última época, nem os entraves colocados à rescisão do contrato, quando pretendia mudar-se para um novo clube.

Tudo começou em maio de 2023, quando Chinyelu fez dois dias de treino à experiência com o Torreense, depois de ter deixado o Coppermine United, da liga semiprofissional norte-americana United Women's Soccer (uma espécie de segunda divisão não oficial, já que nos Estados Unidos não há subidas e descidas). O clube mostrou interesse em tê-la de volta para a pré-época de 2023/24.

Após pré-acordo, Asher viajou para Portugal, no verão, para assinar pelo Torreense. Começaram, então, os problemas, conta a média, de 31 anos, à Renascença.

"Eu queria estar pronta para o primeiro jogo do Torreense, por isso perguntei se precisavam de alguma coisa da minha parte e do meu clube anterior. Até referi que tinha jogado numa liga de verão, semiprofissional, para me manter em forma. Perguntei porque achei um pouco estranho que não me tivessem pedido quaisquer documentos. Nem para o visto, nem nada. Já tinha tido outras experiências no estrangeiro e não estava habituada àquele silêncio. Mas eles disseram que não [precisavam de nada], que estava tudo bem. E eu, 'OK, estou a confiar que vocês sabem o que estão a fazer. Nunca joguei em Portugal, por isso OK'", relata.

Chinyelu Asher está habituada a grandes palcos. Foi campeã dos EUA pelo Washington Spirit, em 2021, representou o AIK, da respeitada I Liga sueca, e representou a seleção jamaicana, no extinto W Championship (substituído pela W Gold Cup) da CONCACAF e no Mundial 2019.

A média recorda que, durante o seu primeiro mês em Portugal, "não estava grande coisa a acontecer em termos de documentação". Tanto assim é que, a certa altura, começou a ouvir "murmúrios por aí" de que ela e uma outra jogadora não tinham sido inscritas: "Foi aí que os meus alertas começaram a soar e eu pensei, 'OK, vou tentar ser um pouco mais proativa com o que se está a passar'."

"Talvez seja um pouco da minha ignorância e de não me ter sentado e assegurado de que percebia tudo o que estava a acontecer", admite a jogadora.

Contudo, defende, também, que "o clube tem a responsabilidade de assegurar" uma comunicação clara dos processos. "Por diversas vezes, a mim e até a outras estrangeiras, impingiam documentos, sempre escritos em português, depois do treino e só nos diziam para assinarmos. E nós perguntávamos o que era aquilo e eles diziam só, 'é para o visto' ou que era para isto ou aquilo", exemplifica.


Chinyelu Asher ao serviço do Washington Spirit, dos EUA, em 2022. Foto: USA TODAY Sports/Reuters
Chinyelu Asher ao serviço do Washington Spirit, dos EUA, em 2022. Foto: USA TODAY Sports/Reuters

Embora assuma que se deve ler tudo o que se assina, Chinyelu Asher reforça que partiu sempre de um lugar de "boa fé" e confiança no Torreense:

"Estou a pôr a minha confiança no clube, eles têm a minha carreira na mão por uma temporada inteira, que é um pedaço importante do teu tempo como atleta profissional. Por isso, se me dizem que estão a fazer tudo o que podem para me inscreverem, então o meu primeiro instinto é confiar e fazer o que precisam que eu faça. Porque também havia alguma urgência, queria que tudo se despachasse. Por isso, era tipo, 'OK, o que é precisam que eu assine?' A única coisa de que me lembro de saber exatamente o que estava a assinar era um documento para verificação de antecedentes, que também demorou imenso tempo a ficar feito. E, claro, o meu contrato. E foi só isso. Tudo o resto, nunca sabia bem para que é que seria."

A internacional jamaicana revela que esperavam que assinasse ditos documentos no momento em que lhos davam, apesar de não saber português:

"Acredito que se fizesse finca-pé e dissesse 'não, a minha a minha agente tem de olhar para isto', eles teriam aceitado. Mas aprendi o quão lento tudo era no Torreense. Eu sou caribenha, sei o que é levar as coisas com calma e o limite da minha paciência é muito alto. No entanto, naquele clube tudo era feito a passo de caracol. A certa altura, eu só queria que o processo não se prolongasse, porque as semanas tornaram-se meses", lamenta.

A época começou e Chinyelu não tinha notícias: "A cada três semanas, diziam-nos uma coisa diferente."

"Foi talvez no final do mês [de julho] que o meu treinador largou a bomba. 'Olha, não sei se é suposto eu dizer-te isto, e não sei porque é que a direção ainda não falou contigo, mas penso que não vais poder jogar até janeiro'. E eu fiquei, 'o quê?'", conta.

O que se passou, então?

"Eles tiveram de voltar a falar com o meu clube anterior. Algo que eu tinha perguntado se precisavam que eu fizesse. 'Foi literalmente o que perguntei se precisavam', disse-lhes. E eles, 'Oh, não sabíamos'. Pelos vistos, descobriram que o facto de eu ter jogado numa liga de verão tinha alterado a minha elegibilidade profissional. O que não significa que não pudesse ser contratada: apenas que o Torreense tinha de me inscrever num certo período, mas eles começaram o processo muito tarde. Há as janelas de transferências de verão e inverno e, se és um jogador amador a saltar para profissional, tens de ser inscrito numa delas", explica.

"Como joguei pelo Coppermine United, o meu estatuto foi alterado para amadora no sistema da FIFA. Isso significa que o meu próximo clube tinha de me registar na janela de transferências de verão, o que me voltaria a repor como profissional no sistema da FIFA", acrescenta.


Parte do artigo 6 do Regulamento da FIFA sobre Estatuto e Transferências de Jogadores
Parte do artigo 6 do Regulamento da FIFA sobre Estatuto e Transferências de Jogadores

De facto, o regulamento da FIFA de abril de 2023 dita que a inscrição de um jogador amador num campeonato profissional deve ser feita durante os períodos de transferências normais. Só os jogadores profissionais sem contrato é que podem ser contratados para lá do prazo.

"Jogadores só podem ser inscritos durante um dos dois períodos anuais de inscrição fixados pela associação relevante", pode ler-se na alínea 1 do Artigo 6. Entre as exceções, detalhadas na alínea 3b, encontra-se "um profissional cujo contrato tenha expirado naturalmente ou sido mutuamente terminado antes do fim do período de inscrições".

Ou seja, ao jogar pelo Coppermine United, Chinyelu Asher tornou-se uma jogadora amadora, o que, para voltar a ser profissional, mesmo sendo jogadora livre, a obrigava a ser inscrita durante o mercado de transferências normal. Só se a jamaicana não tivesse deixado de ser profissional é que poderia ter sido inscrita mais tarde.

"Como começaram a procurar informação demasiado tarde - e isto é algo que devia ter acontecido quando cheguei -, tiveram de correr atrás do prejuízo quando perceberam o seu erro, porque tinham falhado completamente a janela de inscrição. Disseram-me, então, que podiam recorrer e inscrever-me, e eu acreditei que ainda havia esperança, mas afinal não era possível. Não pudemos ser inscritas até à próxima janela, que era janeiro, por isso tivemos de ficar seis meses sem jogar", conta.

Asher contactou o Sindicato dos Jogadores, de forma a pedir conselhos em relação à situação: "Disseram-me que, infelizmente, era o clube que tinha de tratar da maior parte do processo."

Também realça que os responsáveis do Torreense "nunca disseram exatamente que erro tinham cometido".

"Um dia, fui à sede do clube e fiquei lá sentada durante pelo menos 90 minutos. Estava lá sentada, só queria falar com o diretor e ele não me viu. Só queria ter uma conversa, não estava a ser confrontacional. Só queria informação e alguma clareza. Acabei por me ir embora. O silêncio é a pior coisa", assinala a jogadora, que também refere que demorou "até talvez ao final da temporada para alguém pedir desculpa" pelo sucedido.

"Há muita arrogância na forma como operam e como se comportam com as jogadoras", critica.

"Poderei dar-lhes um pequeno desconto porque começámos com um diretor desportivo no início da pré-época e, não sei o que aconteceu, mas por alguma razão ele saiu ao fim de um par de meses ou até mais cedo, e promoveram alguém pra colmatar a vaga - que continua, ainda agora, com a equipa feminina. Algo que me disseram, o que não é desculpa, foi que foi na realocação de responsabilidades que a minha inscrição caiu. Não é desculpa, mas sei que isso afetou algumas coisas", admite.

Chinyelu Asher ficou, então, meia época sem jogar. Ainda assim, garante que estava "mesmo entusiasmada" por disputar a liga portuguesa, que "adorava a equipa" e, portanto, continuou a trabalhar com afinco: "Disseram-me que uma das coisas que apreciavam em mim era que, independentemente do que se estava a passar, eu mantinha o profissionalismo a cada dia. Isso é algo de que me orgulho."

"Pensei em sair, mas também estava mais segura de que em janeiro a minha situação se resolveria. Além disso, houve mudança de treinador e isso dá sempre uma sensação de novo início, de um começo do zero. Fez-me sentir bem. Quer dizer, eu estava muito aborrecida com o clube e considerei mesmo sair, mas, ao mesmo tempo, já tinha investido muito do meu tempo e gostava da equipa, por isso quis terminar o que tínhamos começado", acrescenta.


 Chinyelu Asher frente a Jessie Fleming num Jamaica-Canadá de 2022. Foto: Miguel Sierra/EPA
Chinyelu Asher frente a Jessie Fleming num Jamaica-Canadá de 2022. Foto: Miguel Sierra/EPA

Assim foi. Chinyelu acabou por competir pelo Torreense, na segunda metade da temporada, em que somou cinco jogos. Perto do final, no entanto, voltou a ter razões de queixa do clube, pelo que diz ser uma diferença de tratamento para com diferentes jogadoras.

"Mais para o final da época, senti que havia uma enorme falta de comunicação dos planos de futuro para as jogadoras. Aquelas que eles pretendiam que voltassem foram tratadas com um pouco mais de decência e respeito, na forma como lidaram com os seus contratos e até os planos de regresso a casa. Outras jogadoras tiveram de ir perguntar à direção sobre o seu futuro, para lhes dizerem que não renovariam o seu contrato. Mostra que não respeitas o tempo que as jogadoras dedicaram, nem o seu futuro", comenta.

Asher já sabia que não voltaria. De qualquer forma, a falta de interesse era "energeticamente mútua". O que a deixou particularmente consternada foi o modo como trataram do seu regresso a casa.

"Acabei por ter de pagar pelo meu voo. O nosso diretor de operações mandou uma mensagem a toda a gente a perguntar quais eram as nossas datas de partida. Eu dei a minha, assim como toda a informação necessária, e no fim eles marcaram a data errada e só me disseram três dias antes do voo. Ainda por cima, não puseram no meu nome. Acabei por não conseguir mudar a data e tive de pagar um valor absurdo. Foi a cereja no topo do bolo", ironiza.

Não foi a gota de água, contudo. Essa foi quando, segundo a jamaicana, o Torreense tentou obrigar as jogadoras a pagar pelas camisolas que tinham usado a temporada inteira.

"Jogaste naquelas camisolas a época inteira, tens o teu nome nas costas. O normal é teres direito a elas no fim do ano, elas são basicamente tuas. Claro que é um privilégio, mas é a norma ficar com elas. O clube ia mudar de patrocínio e, uns meses antes, o 'stock' tinha esgotado. O que aconteceu foi que, cerca de uma semana antes do nosso último jogo, recebemos uma mensagem a dizer que teríamos de pagar pelas nossas camisolas no final da época. Algo que nunca acontecera nos outros sítios em que joguei", assinala.

Chinyelu revela que "as jogadoras estavam zangadas" e que a desculpa do clube foi que os homens também teriam de pagar: "Os nossos salários são bem diferentes, isso não é justo."

Foi aí que a capitã de equipa pediu uma reunião com alguém da direção, em que as jogadoras "deram a sua opinião sobre o quão ridículo aquilo era".

"A cedência foi que cada jogadora teria direito a duas camisolas [de três] à sua escolha. Uma jogadora que tinha sangrado na camisola teve de ficar com essa - e ela era uma titular. Tínhamos de escolher quais queríamos e deixar o resto. As nossas camisolas, com o nosso nome e número e, para algumas de nós, literalmente com sangue e lágrimas. E essa cedência foi só depois de nós irmos falar com eles", assinala.


Terminou a época e Chinyelu Asher atraiu o interesse do Mazatlán. As negociações correram bem e a equipa mexicana comprometeu-se a contratá-la, contudo, para poder estar apta a jogar logo na jornada inaugural, a média teria de rescindir contrato com o Torreense mais cedo. Aí começaram, novamente, os problemas.

"Tive de lutar um mês inteiro e algumas semanas para conseguir a rescisão do contrato. E não consegui", lamenta.

Asher conta que, em maio, mandou uma mensagem ao diretor de operações, a dar conta do interesse do Mazatlán em contratá-la e a pedir para ser libertada do contrato antes do dia 30 de junho, dado que a temporada em Portugal já tinha terminado.

"É um processo muito normal, acontece por todo o mundo. Jogadores e jogadoras de todas as ligas são libertados mais cedo. É só uma questão de papelada. Mas sei quão lentamente tudo é feito neste clube, por isso a minha agente disse-me que seria melhor não me ir embora antes de ter a rescisão. E pensei, 'boa ideia', então contactei-os. E não tive resposta. Perguntei outra vez sobre a rescisão e eles, 'OK, deixa perguntar ao diretor'. E mais dias sem resposta. Pressionei-os, tentei obter informação, mas nada. Acabei por sair de Portugal sem a rescisão e gostava que assim não tivesse sido, mas não tive escolha", lamenta.

"Comecei a ser mais severa sober o assunto e eles: 'Espera, o que é que queres dizer com rescisão?' E tive de explicar e perguntar à minha agente se podia mandar-me um exemplo de uma rescisão de outra jogadora, só para lhes dar um exemplo, porque claramente precisavam disso. E enviei-lhes a dizer que era um exemplo de um contrato de rescisão e que precisava de um", descreve.

Correspondência da jogadora com elementos do clube, a que a Renascença teve acesso, confirma que Asher assinou um "template" de contrato de rescisão e enviou-o, por e-mail, para o Torreense. O que a internacional jamaicana queria era terminar a ligação ao clube a 31 de maio, em vez de 30 de junho, de forma a poder juntar-se ao Mazatlán ainda em junho, a tempo do início da competição.

"Várias luas mais tarde, recebi um formulário, que eles tinham escrito à sua maneira, com o meu nome escrito incorretamente. Mas OK, como seja. Assinei e enviei de volta. E não o recebi", conta.


Chinyelu Asher foi apresentada pelo novo clube em julho. Foto: Mazatlán FC
Chinyelu Asher foi apresentada pelo novo clube em julho. Foto: Mazatlán FC

Chinyelu esteve, então, uma semana em casa, nos Estados Unidos (tem dupla nacionalidade), antes de rumar ao México.

"Voltei a contactar o Torreense, a pedir que me mandassem o documento assinado. Sem resposta. Mais uma mensagem. E pedi à minha agente que lhes mandasse uma mensagem também. Eles finalmente responderam. Eu já estava a ficar irritada, porque já estávamos em meados de junho e eu precisava de resolver a minha situação o mais rapidamente possível. Então, eles responderam, dizendo, 'Falámos com o advogado, que diz que não reconhecem a tua assinatura porque não assinaste em Portugal'. E eu, 'como se atrevem a dizer isso, quando eu tentei fazer isso em Portugal?'."

Chinyelu nunca ficou a saber se a assinatura em Portugal seria mesmo necessária.

Uma troca de mensagens a que a Renascença teve acesso mostra que a jogadora esperou quase um mês para que o assunto fosse resolvido antes de adotar uma atitude mais intransigente.

"Perguntei ao clube se podiam falar com alguém do Sindicato de Jogadores para acelerar o processo, mas eles responderam que a direção preferia que o assunto fosse tratado internamente", relata a jogadora. "Dois dias depois, recebi o novo contrato de rescisão - que mais uma vez tinha o meu nome mal escrito, por isso tive de pedir-lhes novamente para corrigir -, mas com a instrução de que eles só assinariam se eu notariasse o documento e o enviasse de volta no mesmo dia. E não me mandaram qualquer aviso prévio", sublinha.

A missão de Chinyelu ficou ainda mais complicada perante a diferença de hora do México para Portugal: "Não consegui arranjar um notário que me notariasse o documento no mesmo dia."

Asher diz sentir que o Torreense não queria saber se ela conseguia a rescisão e que estava preocupado apenas em não entrar em sarilhos.

No final de contas, não restou a Chinyelu Asher outra opção que não deixar o contrato chegar ao fim, o que também atrasou a assinatura pelo novo clube. A média jamaicana só foi apresentada pelo Mazatlán a 12 de julho, cerca de dois meses depois de ter falado ao Torreense, pela primeira vez, da rescisão antes de tempo.

Questionada se sente que, se a transferência envolvesse dinheiro, o Torreense teria sido mais lesto, Chinyelu admite essa possibilidade: "O dinheiro é um sempre um bom incentivo e, provavelmente, fá-los-ia sentir que não estavam a desperdiçar o seu tempo, que foi a energia que recebi deles."

"O clube falhou. Sinto que falharam em aprender, em admitir os erros, em usar os recursos que têm para tratar dos processos a tempo e horas. Falharam na comunicação. São muitos falhanços da parte deles. Olhando para o meu papel, se calhar houve partes em que eu podia ter sido mais proativa, mas penso que são coisas que saem da minha jurisdição como jogadora. Estou aqui para jogar. Cumpri com os meus deveres a época toda", frisa.

Para Asher, tudo se resume a boa vontade: "É uma escolha. Joguei em equipas com menos recursos, mas onde a experiência foi muito melhor, por causa das escolhas que faziam."

A Renascença contactou o Torreense, em busca de reação, mas o clube não quis comentar.