Neste Europeu, o padre Mykhailo Chaban vai torcer pela seleção da Ucrânia. Porque é a equipa do seu país e especialmente porque o caminho do 11 ucraniano até chegar à fase final do campeonato, via play-off, foi tortuoso. "Estamos muito satisfeitos por termos passado", desabafa Chaban.
O sacerdote criou uma equipa de futebol na Ucrânia, o FC Pokrova, na qual jogam mais de 30 jovens e adultos, a maior parte soldados ucranianos amputados de guerra. Treinam pelo menos duas vezes por semana, todas as semanas, em Lviv. É de lá que Chaban fala com a Renascença, por videoconferência.
"É um projeto que nasceu em plena guerra. Vemos muitos soldados que perderam as pernas ou as mãos e, é claro, temos de os ajudar, temos de os apoiar psicologicamente e propor atividades que possam retribuir e dar um sentido de vida."
Não há dados oficiais, mas estima-se que, desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, entre 20 mil e 50 mil soldados tenham sofrido amputações dos braços ou das pernas.
O padre Mykhailo Chaban diz que as necessidades são cada vez maiores, e as infraestruturas de reabilitação ainda são poucas para atender a todos os que precisam.
"Por isso é que nós, salesianos, começámos a fazer coisas concretas, criando por exemplo esta equipa de futebol. Depois de nós, já foram criadas outras cinco pequenas equipas, em Kiev, Dnipro ou Tchercássi. Viram o nosso exemplo e perguntaram-nos como é que se faz."
Muita ajuda alemã — das associações e do Estado
O projeto do FC Pokrova é acompanhado à distância em Bona, na Alemanha, pela Missão Dom Bosco, que ajuda a encontrar parceiros de financiamento e presta apoio administrativo.
O FC Pokrova não é o único projeto abraçado pela organização — também em Lviv, por exemplo, a Missão Dom Bosco montou infraestruturas para acolher mais de mil pessoas forçadas a deixar as suas casas por causa da guerra no Leste ucraniano.
Na Alemanha, tanto a sociedade civil, como o próprio Estado mobilizaram-se em massa para ajudar a Ucrânia depois da invasão russa.
O governo alemão promete apoiar os ucranianos "o tempo que for preciso". Até agora, disponibilizou cerca de 34 mil milhões de euros, segundo os dados oficiais mais recentes. Envia ajuda humanitária e tem financiado, por exemplo, a reconstrução de infraestruturas elétricas ou a remoção de minas e outros engenhos explosivos. Também fornece armas à Ucrânia. Quebrou assim um tabu no país: prover armas a zonas de conflito.