Havia mais campeões alemães nos anos 2000
Olhemos para o sucesso dos clubes alemães esta época. O Borussia de Dortmund disputou a final da Liga dos Campeões. O próprio Bayern chegou às meias-finais da Champions e o Leipzig aos "oitavos".
O grande destaque, todavia, vai para o Bayer Leverkusen, que acabou com a hegemonia de 11 anos do Bayern de Munique na Bundesliga e ainda chegou à final da Liga Europa. Em 2006/07, o campeão também não foi o Bayern. Aliás, na década de 2001/02 a 2010/11, houve cinco campeões alemães diferentes. Os bávaros ainda conquistaram metade dos dez campeonatos possíveis, mas o contraste em relação aos últimos dez anos na Alemanha, em que só a equipa de Xabi Alonso quebrou o jejum, é notório.
Timo Hildebrand, que representou a Alemanha no Mundial 2006 e chegou a jogar no Sporting (uma passagem fugaz, em 2010/11, com apenas três jogos disputados), assume que o monopólio do Bayern "é um problema". O antigo guarda-redes espera ver "campeonatos mais competitivos daqui para a frente e que no futuro haja novos campeões", agora que o Leverkusen quebrou o selo.
Fernando Meira era o capitão e colega de equipa de Hildebrand no Estugarda campeão em 2007. Em conversa com Bola Branca, sublinha que continua a considerar a Bundesliga "altamente competitiva", apesar da falta de diversidade de campeões.
"Na altura também o era e sempre o foi. Há sempre grandes clubes, há sempre mais do que um clube que pode lutar pelo título. O Bayern pode ter, normalmente, um ascendente em relação aos outros, mas tem sempre adversários. O Dortmund é o que mais trabalho tem dado nos últimos anos, mas Leverkusen, Wolfsburgo, Bremen, Estugarda foram campeões, o que dá a entender o equilíbrio do futebol alemão. Em qualquer equipa, quer da primeira, quer da segunda liga, tens jogadores internacionais, grandes jogadores, tens estádios cheios. A Bundesliga é um campeonato de referência a nível mundial", assinala.
Sucesso na Europa dá vitória da seleção?
A campanha das equipas alemãs na Europa, esta temporada, sustenta o argumento do antigo defesa internacional português. Mas será que o sucesso dos clubes anda de mãos dadas com o da seleção?
"Não vejo um padrão. Houve alturas em que andaram de mãos dadas e houve outras em que não. Mas é importante que a seleção trabalhe em conjunto com os clubes, porque são eles que têm os jogadores todos os dias", vinca Marco Hagemann, antes de acrescentar: "É o momento. É o desporto. Se calhar, este é o ano bom e no próximo não teremos nenhum clube nas finais europeias. É uma questão de momento. Tens de ter um pouco de sorte. É uma coisa boa, mas é normal."
Se ignorarmos 1954, em que ainda não havia Taça dos Campeões Europeus, os anos em que a Alemanha se sagrou campeã europeia ou mundial (1972, 74, 80, 90, 96, 2014) até parecem bater certo, mais época menos época, com campanhas bem-sucedidas dos seus clubes nas provas europeias (Champions e Taça UEFA/Liga Europa). Porém, não é possível estabelecer, com segurança, uma relação causal, dado que também pode ser atribuído ao poderio geral tanto da "Mannschaft", como dos clubes alemães, em especial o Bayern, no panorama do futebol europeu e mundial.
A época 2005/06 não foi feliz para as equipas alemãs, na Europa. O Schalke 04 foi afastado nas meias-finais da Taça UEFA, e o Werder Bremen e o Bayern não passaram dos "oitavos" da Liga dos Campeões. A Alemanha também não venceu o Mundial.