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Ciclismo de pista

Ambos brilharam com Iúri Leitão. Agora, os gémeos Oliveira querem mostrar que juntos também conseguem

17 out, 2024 - 10:50 • Eduardo Soares da Silva

Depois da frustração de falhar os Jogos Olímpicos, Ivo Oliveira quer provar que pode conseguir bons resultados com o irmão gémeo. Já Rui quer mostrar que o ouro olímpico não foi um acaso.

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"Acaba por ser irónico", diz, com uma gargalhada, o ciclista Ivo Oliveira. No Campeonato do Mundo de ciclismo de pista desta semana, os gémeos Oliveira querem provar que, juntos, podem brilhar tanto como quando fazem dupla com Iúri Leitão.

“Quero demonstrar que não existe só a dupla Iúri-Rui, que eu e ele também conseguimos. Eu já mostrei com o Iúri, o Rui também, mas falta-me um resultado com o meu irmão. E acaba por ser irónico, somos irmãos”, diz Ivo, à Renascença.

Os gémeos naturais de Vila Nova de Gaia já foram vice-campeões da Europa em 2020, em madison, mas desde aí que ambos têm tido mais sucesso com Leitão.

Vão competir juntos no madison, prova que valeu uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos à dupla Iúri-Rui. “Queremos mostrar que também fazemos uma boa dupla, mas o madison é sempre complicado. Será uma boa oportunidade de estarmos os dois bem”, reconhece Rui Oliveira.

Iúri é a grande baixa destes Mundiais. As comemorações da dupla medalha olímpica e uma doença inesperada limitaram a forma física e acabou por ficar de fora. O mesmo não aconteceu com Rui Oliveira, que desde Paris praticamente não parou.

"Não deu para aproveitar muito, houve sempre outras corridas. Temos de organizar algo em grande agora no fim da época para festejar. Depois dos Jogos, estive dez horas em casa e, às cinco da manhã, já estava a ir para a Volta à Dinamarca", conta.

Rui assegura que a vida "não mudou e não sabe se vai mudar" após ter conquistado o ouro. "Sou mais reconhecido aqui e ali, se calhar dupliquei os seguidores no Instagram", brinca.

Ainda assim, o maior sucesso da carreira de Rui veio agarrado à amargura do irmão, que ficou fora da convocatória para os Jogos Olímpicos. Só havia espaço para dois e Ivo foi o preterido.

"Já sabíamos que era entre mim e ele, e tinha sido falado entre nós. O Iúri tinha de ir, naturalmente. Não fiquei feliz por ter sido eu selecionado. Quando tentava estar contente, lembrava-me que ele não ia. Foi um misto de sentimentos, mas a uma semana dos Jogos é que pensei que também teria de fazer aquilo por ele e por todos os que não foram à seleção", diz Rui.

Ivo reconhece "tristeza e revolta" por não ter ouvido o seu nome na convocatória do selecionador Gabriel Mendes: "Quem não ficaria triste? Estou desde criança a lutar por isto e para isto."

"Está à vista que foi a melhor escolha. Duas medalhas é incrível, escolheram bem, não há nada a dizer. Há outros mais para a frente", prevê.

O Mundial já arrancou e Rui Oliveira não quer fazer má figura: "Não posso chegar a um mau nível, seria defraudar o que aconteceu nos últimos meses. Tenho obrigação de fazer uma boa corrida e quero mostrar que o resultado não foi por acaso, mas não vejo como pressão.”

É possível esperar um novo ouro? "É difícil", reconhece Rui, comparando aos Jogos Olímpicos, há dois meses.

"Em Paris, poderia ter dado para medalhas, para diploma, ou para ficar fora do 'top-10'. Estou cansado do fim da época, até mentalmente com tudo o que aconteceu. Não deu para descansar e voltar a ter um grande pico de forma porque tive muitas corridas na estrada”, conclui.

Os gémeos Oliveira tentam afirmar-se novamente como dupla no domingo, na prova de madison. Antes, Rui Oliveira faz o omnium no sábado e Ivo Oliveira vai à perseguição individual na sexta-feira.

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