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Larisa Latynina, a mulher com mais medalhas da história dos Jogos Olímpicos

03 ago, 2024 - 07:40 • Inês Braga Sampaio

A antiga ginasta artística soviética é, também, a mulher com mais ouros de sempre nas Olimpíadas, um recorde que pode ser batido, 60 anos depois, em Paris 2024.

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A carreira de bailarina de Larisa Latynina foi curta, durou apenas até a escola em que andava fechar, mas ajudou-a a tornar-se uma lenda da ginástica artística. Foi esse volte-face, ainda jovem, que permitiu que a soviética se tornasse, mais tarde, a mulher com mais medalhas e a atleta, masculina ou feminina, com mais ouros da história dos Jogos Olímpicos.

Nascida em Kherson, na parte ucraniana da União Soviética (URSS), Larisa cresceu sem pai, que abandonou a família quando a filha tinha apenas 11 meses de idade e morreu poucos anos depois, na batalha de Stalingrado. Só com a companhia da mãe, Larisa sobreviveu à ocupação nazi da Ucrânia, nos anos 40.

Aos 19 anos, Larisa já era uma estrela da ginástica artística soviética e integrou a equipa da URSS que conquistou o ouro por equipas nos Mundiais de Roma de 1954. Continuou a participar em competições nacionais e internacionais, com cada vez melhores resultados, até chegar aos Jogos Olímpicos de 1956.

Aos 21 anos (quase 22), Larisa Latynina tomou Melbourne de assalto. Primeiro, ajudou a URSS a conquistar o ouro por equipas. A húngara Ágnes Keleti, então a principal favorita às medalhas, ganhou nas barras assimétricas, em que Larisa foi prata, e na trave, mas Latynina levou para casa o ouro no salto. O primeiro lugar no solo foi dividido entre as duas favoritas, mas foi no "all-around", a mais importante das provas, que Larisa Latynina deu um golpe de autoridade e subiu ao primeiro lugar do pódio de medalha de ouro ao pescoço.

Em Roma 1960, a prova de ginástica realizou-se nas ruínas das Termas de Caracalla, da Roma Antiga, palco ideal para nova exibição triunfal de Latynina: bronze no salto, prata na trave e nas barras assimétricas, e ouro no solo, no concurso por equipas e no "all-around".

Por fim, Tóquio 1964, já com 30 anos, Larisa Latynina finalmente passou o testemunho, mas não sem antes fazer história. Foi ouro no solo - a sua especialidade - e no concurso por equipas, em mais uma grande prestação da URSS. No entanto, surgia em prova uma jovem muito promissora, a checa Vera Cáslavská, de apenas 18 anos, que venceu no salto, na prova e no "all-around" (nas assimétricas, o ouro foi para a soviética Polina Astakhova).

Apesar de já não ter sido tão dominadora como em anos anteriores, a grande prova de Larisa Latynina no Japão garantiu-lhe um lugar na história: tornou-se a atleta, homem ou mulher, com mais medalhas na história (18) e, conjuntamente com o finlandês Paavo Nurmi, a atleta, homem ou mulher, com mais ouros (9) em Jogos Olímpicos.

O recorde de 18 medalhas - nove ouros, cinco pratas, quatro bronzes - durou 48 anos, até Michael Phelps chegar às 19 em Londres 2012, número que ainda subiu até às 28. Ainda assim, Larisa mantém-se no segundo lugar da tabela. Já em Pequim 2008, o nadador norte-americano batera a marca de ouros.

Em provas individuais, a diferença entre Phelps e Latynina é menor: 16 medalhas para o norte-americano e 14 para a soviética.

Larisa Latynina continua a ser a mulher mais medalhada de sempre nos Jogos Olímpicos e conserva o recorde de ouros de ginastas, homem ou mulher, e entre todas as atletas femininas. Este último recorde, porém, pode cair já em Paris 2024 - e mais uma vez para alguém da natação.

A norte-americana Katie Ledecky soma oito ouros, ao longo de quatro Olimpíadas (2012, 2016, 2021 e 2024), e ainda vai competir nos 800 metros, distância em que é recordista mundial e tricampeã olímpica. Paris pode ver história a ser feita.

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