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Momentos icónicos JO

Da Jamaica "To Di World". Os Jogos em que Usain Bolt se tornou o homem mais rápido do mundo

30 jul, 2024 - 09:35 • Inês Braga Sampaio

Foi em Pequim 2008 que o jamaicano bateu três recordes do mundo - dois, depois de Nesta Carter ter sido apanhado com doping - e estreou a sua icónica celebração.

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Já o corpo inteiro de Usain Bolt tinha ultrapassado a meta quando um pé bem esticado de Richard Thompson a pisou. Essa é uma das imagens que ficam da final dos 100 metros de Pequim 2008, em que o jamaicano bateu o próprio recorde e se consagrou, no maior dos palcos, como o homem mais rápido do mundo. Depois de uma volta à pista, inclinou-se para a direita, com esse braço dobrado, e esticou o braço esquerdo, de polegar apontado ao céu. E nasceu o festejo "To Di World".

Nos 200 metros, a distância de Bolt para os restantes era maior ainda. Caberiam quatro ou cinco corredores no abismo entre o jamaicano e os rivais, quando este chegou ao fim. Também deu novo recorde do mundo.

"Sprinter" nos 200 metros de formação, Bolt só por uma vez tinha corrido os 100, com um tempo de 10,03 segundos. No entanto, começou a treinar a distância nesse ano e, no início de maio, correu uns impressionantes 9,76 segundos, o segundo tempo mais rápido da história - ficou a apenas duas centésimas do compatriota e então recordista Asafa Powell. Passado uns dias, superou mesmo o colega e estabeleceu um novo recorde do mundo em 9,72s.

Os Jogos eram outra "loiça", todavia. Não há palco no mundo que atraia mais holofotes, que acarrete mais pressão que o das Olimpíadas. Usain Bolt podia já ser o recordista do mundo dos 100 metros quando chegou a Pequim, no entanto, o público casual ainda não o vira correr. Afinal, o jamaicano caíra cedo em Atenas 2004, devido a lesão. Para muitos, seria somente um ilustre desconhecido.

As eliminatórias foram um aquecimento para o homem mais rápido do mundo. Nas semifinais, mostrou que era o melhor em ambas as disciplinas. Nas finais, contudo, fez-se magia.

Primeiro, a final dos 100 metros, uma das provas "rainha" do atletismo nos Jogos Olímpicos. Richard Thompson, de Trindade e Tobago, medalha de prata, e o norte-americano Walter Dix, prata, fizeram os melhores tempos das suas carreiras, mas nem assim foram capazes de igualar Bolt. O jamaicano já estava à frente de forma clara após 30 metros, começou a celebrar bem antes da meta, deixou os restantes ocupantes do pódio a duas décimas de segundo e bateu o próprio recorde do mundo.

Quatro dias depois, a confirmação de que nunca houvera - nem há, até hoje - um homem mais veloz que Usain Bolt no "sprint". O recorde mundial de 19,32 segundos perdurava desde os Jogos Olímpicos de 1996, em Los Angeles. Doze anos sem que alguém conseguisse correr mais que o norte-americano Michael Johnson. Até Pequim 2008.

Nos 200 metros, o jamaicano voltou a destacar-se bem cedo dos demais e cruzou a meta tão adiantado que os outros demoraram quase um segundo, 66 centésimas, a imitá-lo. O recorde de Johnson caiu, finalmente, e Bolt tornou-se, de forma inequívoca, o homem mais rápido de sempre.

Dois dias depois, os melhores jamaicanos juntaram-se para bater outra marca absoluta. Nos 4x100, Bolt era uma ilha quando atravessou a meta, os seus adversários tão longe dele que a câmara já não os apanhava. Mais um recorde, de 37,10s, que em 2017 seria anulado, porém, porque Nesta Carter foi apanhado por doping. O ouro caiu para Trindade e Tobago.

Em 2009, já sem Carter, a equipa da Jamaica voltaria a correr mais rápido que qualquer outra - e outra vez em 2011 e mais uma em 2012, para um recorde final (e que ainda dura) de 36,84s.

Os recordes dos 100 e 200 metros seriam pulverizados em 11 centésimas de segundo, cada, um ano mais tarde, pelo próprio Bolt. Nos Mundiais de atletismo de 2009, o jamaicano tornou-se o primeiro a descer das seis centésimas nos 100 - estabeleceu uma nova marca de 9,58s - e das 30 (e das 20) nos 200 - chegou aos 19,19s.

Ainda assim, e pese embora a prova anulada na estafeta, Pequim 2008 será sempre o palco em que Usain Bolt se tornou o melhor da história. E onde nasceu a pose com que celebrou, desde então, cada vitória.

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