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Ténis

Jannik Sinner. De campeão italiano de esqui a número um mundial de ténis

05 jun, 2024 - 13:50 • Inês Braga Sampaio

O primeiro italiano de sempre a subir à primeira posição do "ranking" ATP cresceu a falar alemão, de esquis nos pés e a idolatrar Bode Miller. Era um projeto de grande esquiador, mas decidiu que, afinal, queria ser tenista. A escolha revelou-se acertada.

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Jannik Sinner vai ser o novo número um do ténis mundial, a partir de segunda-feira, depois de Novak Djokovic ter desistido de Roland Garros, devido a lesão. Será o primeiro italiano e apenas o 29.º tenista da história a subir ao topo do "ranking" ATP. Mas quem é este jovem que podia ter sido esquiador em vez de tenista?

Jannik nasceu a oito quilómetros da fronteira de Itália com a Áustria. Na vila de Innichen, San Candido em italiano, entre as Dolomitas, as crianças nascem italianas, mas crescem de esquis nos pés e a falar alemão. A região já foi austríaca e passou para as mãos da Itália depois da I Guerra Mundial. Antes de Jannik nascer, já Innichen era conhecida pelo seu festival internacional de neve, que inclui um grande torneio de esculturas de gelo que dura três dias, e os pais trabalhavam num resort de esqui: o pai como chef e a mãe como empregada de mesa.

Não surpreende, portanto, que o grande ídolo de infância de Jannik Sinner não fosse um qualquer tenista lendário, mas sim o esquiador norte-americano Bode Miller, vencedor de seis medalhas de ski alpino nos Jogos Olímpicos.

Aí, abraçado pelas montanhas e enterrado na neve até aos joelhos, nasceu um projeto de grande esquiador. "Jan the Fox" ("Jan a Raposa"), como lhe chamavam quando era pequeno, sagrou-se campeão italiano de slalom gigante aos oito anos. Já como junior, foi prata. A seguir, trocou os esquis pelas raquetes, para se tornar "o melhor esquiador de sempre a ganhar um Grand Slam", conforme o apelidou Lindsey Vonn, multicampeã olímpica e mundial de esqui alpino.

Jannik Sinner trocou os Alpes pela Riviera italiana e, a partir daí, trabalhou para chegar onde está hoje: ao topo. Em fevereiro de 2018, com 16 anos, estreou-se no "ranking" ATP. Começou na 1592.ª posição. Um ano depois, estava às portas do "top-500". Daí até ao "top-100", tardou apenas oito meses: chegou a 93.º em outubro de 2019. Mais um ano e já estava entre os 50 melhores do mundo, aos 19.

Foi apenas em 2021, contudo, que Sinner começou, realmente, a dar nas vistas. Devido a lesão do compatriota Metteo Berrettini na fase de grupos, disputou as ATP Finals de 2021 e, logo ao primeiro jogo, derrotou o então número sete do mundo, Hubert Hurkacz, para se tornar, aos 20 anos, o tenista mais jovem a vencer um encontro na prova desde Lleyton Hewitt (19 anos), em Lisboa, em 2000.

Entre 2022 e os primeiros meses de 2023, Sinner navegou entre o 11.º e o 20.º lugares do "ranking", sem conseguir um lugar entre os dez melhores do mundo. Até que, em abril, depois de ter chegado à final do Masters de Miami - perdida para o espanhol Carlos Alcaraz -, entrou para não mais sair. Quatro meses depois, levantou pela primeira vez o primeiro título ATP Masters 1000, no Canadá. Nesse ano, regressou às ATP Finals, desta vez por mérito próprio, e chegou à final, que perdeu para Djokovic - o mesmo que, agora, lhe entrega o trono do ténis mundial.

Foi também em 2023 - em maio, mais precisamente - que Jannik Sinner passou a ser seguido para todo o lado por um grupo de cinco fãs italianos ferrenhos: os 'Carota Boys'. Em italiano, "carota" significa cenoura. Uma referência ao cabelo ruivo do tenista e ao facto de, durante troca de lado num torneio em Viena, Jannik ter comido uma cenoura - um vídeo que, na altura, se tornou viral. Aparecem nos jogos vestidos de cenoura e, segundo o próprio Sinner, já são mais famosos do que ele.

A partir de segunda-feira, no entanto, não haverá ninguém mais famoso, no ténis masculino, que Jannik Sinner. Depois de ter começado 2024 em grande, com a conquista do Open da Austrália, o italiano já sabe que, terminado Roland Garros, ocupará o primeiro lugar do "ranking" ATP - ganhe ou perca diante de Alcaraz (um duelo empatado, a 4-4, em confrontos diretos) nas meias-finais, levante ou não o troféu do 'major' francês.

A partir de segunda-feira, o número um mundial do ténis será, pela primeira vez na história, italiano.

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