Entrevista Renascença

Capitão Thales está afastado no Arouca, mas quer continuar no clube

05 jul, 2022 - 13:00 • Eduardo Soares da Silva

O lateral tem contrato por mais uma época no Arouca, mas não integrou a pré-temporada e está afastado da equipa. Thales assume "assuntos por resolver" no clube, mas gostaria de ficar para continuar a capitanear a equipa.

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A pré-temporada do Arouca arrancou na última semana e a ausência do capitão de equipa Thales Oleques foi a grande surpresa.

O lateral de 28 anos tem contrato até 2023, mas não fez parte da lista de jogadores que integram atualmente o plantel. Em entrevista à Renascença, o defesa brasileiro assume que há "situações por resolver", mas o objetivo é continuar no clube onde se estreou na I Liga. No entanto, as indicações do clube surgem em sentido contrário.

Thales está há nove anos no futebol português, mas só em 2021/22 conseguiu estrear-se na I Liga. Até lá, o percurso foi longo, com cinco épocas na equipa B do Sporting de Braga, sem estreia na equipa principal, e três atribulados anos no Arouca.

O defesa assinou pelo Arouca em 2018/19, ainda na II Liga, época marcada pela descida do clube ao Campeonato de Portugal. Thales optou por ficar, tornou-se capitão de equipa, e o trajeto foi sempre a subir.

O clube de Aveiro regressou no ano seguinte à II Liga e conseguiu subida direta para a primeira divisão. Em estreia no convívio com os grandes, Thales foi praticamente sempre titular nas opções de Armando Evangelista. Foi titular em 30 jornadas do campeonato e apontou duas assistências.

O objetivo é dar continuidade ao legado para poder retomar o sonho de levar o clube da pequena vila de Arouca novamente às provas europeias.

No entanto, o futuro está em aberto. Por agora, Thales continua a preparar-se para a próxima temporada, sozinho e fora das instalações do clube, à espera de decisões.

Tem contrato, mas não integrou a pré-época. Qual é o motivo? Vai continuar no Arouca, ou está de saída?

Estamos a resolver algumas situações e à espera dessas resoluções para perceber como vai ser o futuro.

Mas faz parte dos planos do clube? Quer continuar?

Tenho contrato e quero cumpri-lo, como todos os profissionais. Tenho contrato, quero cumpri-lo até ao final. O objetivo é continuar, sem dúvida nenhuma. Desde que exista contrato, temos de ser profissionais até ao final e cumpri-lo.

Pode dar mais detalhes? A pré-época começou, mas o Thales não está na lista fornecida pelo clube e está a treinar sozinho, fora das instalações do clube...

Estamos à espera dessas resoluções para perceber como vai ser. Mas ainda faço parte do Arouca. Não integrei os trabalhos do grupo, mas tenho contrato e pretendo cumpri-lo.

Tem algum interessado no mercado para sair, ou está apenas concentrado em continuar no clube?

O objetivo é continuar na I Liga. Todos que me acompanham sabem isso. Estou em Portugal há muitos anos, estive muito tempo na equipa B do Braga e vim para o Arouca. Cheguei na II Liga, fui ao Campeonato de Portugal, voltamos à II Liga e fomos para a primeira divisão. Tenho uma ligação diferente com o clube. É óbvio que quero continuar. Em termos de outras propostas, os empresários e o clube estão a ver. Eu quero trabalhar e cumprir o meu contrato.

É o capitão de equipa, como foi esta caminhada de descida e subidas até à I Liga?

Foi muito bom, apesar da descida de divisão. Cheguei, tivemos a infelicidade de descer, mas tínhamos um bom grupo. Ficamos muito tristes com isso, mancha a carreira de um profissional, vai sempre lembrar essa descida e o sentimento é horrível. O objetivo era voltar logo à II Liga, com a mentalidade já de subir direto para a I Liga. Conseguimos isso, agradecer a todos que estiveram nessas subidas. O trabalho de grupo foi fundamental para isso acontecer.

Foi especial estrear-se na I Liga depois de tantos anos a jogar em Portugal na II Liga?

Claro que sim, todos os jogadores que chegam a Portugal quer jogar na maior liga. Esse é o objetivo, com muito trabalho consegui realizar esse sonho que era jogar a I Liga. Espero continuar.

 Foto: Arouca
Foto: Arouca
 Foto: Arouca
Foto: Arouca
 Foto: Arouca
Foto: Arouca
 Foto: Arouca
Foto: Arouca

Sendo um conhecedor profundo da II Liga, há uma grande diferença em termos de qualidade para a primeira divisão?

Não vou dizer que é diferença. Muitos clubes da II Liga têm muitos talentos, e os clubes da I Liga acabam por contratar lá. A diferença é a oportunidade. Cada vez mais o futebol evolui e todos os clubes tentam aproximar o nível o máximo possível. Diferença é uma palavra que engana muito, porque há muito talento e muitos bons jogadores em divisões inferiores, mas não são inferiores em qualidade.\

Acredita que o nível que apresentou esta época o consolidou como um jogador com qualidade para jogar na I Liga?

Acredito que sim, acho que consegui isso e espero continuar a pertencer a este clube e continuar o meu trajeto em Portugal.

Mas existe alguma possibilidade de sair?

Isso é que ainda não sabemos. Estamos à espera.

O clube quer contar com o Thales?

Isso não posso dizer, já não parte de mim. O que posso dizer é o meu lado, tenho intenção de continuar e quero cumprir o contrato.

Tem indicação de quando vai integrar a pré-época?

Não, quando resolver essas questões. Continuaremos à espera.

Que ligação tem com a direção e com o treinador Armando Evangelista?

Muito boa. Já são dois longos anos com o mister. Quando ele chegou, eu já estava, continuei a ser o capitão com ele. Tornei-me capitão assim que descemos ao Campeonato de Portugal. Se não tivesse boa relação, não teria sido o capitão durante tanto tempo. Com a direção, também. Tentamos manter o máximo contacto possível, dentro do contexto que aconteceu.

Que balanço faz da temporada passada? O Arouca chegou a estar tremido, mas conseguiu a manutenção.

A manutenção foi fruto de muito trabalho, um ano muito difícil. Quando um clube sobe à I Liga tem muitas dificuldades. Não tem a ver com inferioridade de jogadores, mas a realidade muda. Há mais cobrança sobre o contexto do clube. Agora é um clube de I Liga, já não somos um clube de II Liga e temos de tentar firmar o clube nessa posição e permanecer longos anos aqui para depois lutar por objetivos maiores.

Há condições para o clube se estabelecer na I Liga, como aconteceu há uns anos durante várias épocas?

Claro que sim. Apesar das saídas que tivemos, acredito que temos total condição de ficar na I Liga, com trabalho, dedicação de todos.

O Arouca já conseguiu uma qualificação europeia na sua história. Seria um sonho continuar no Arouca e colocar novamente um clube de uma cidade tão pequena no mapa europeu?

Claro que sim. Essa equipa que conseguiu ir à Europa tem todo mérito, ninguém acreditaria que um clube de uma vila tão pequena, mas grande em vontade, chegaria a esse nível de uma competição europeia. Há pouco mais de 20 mil habitantes e isso foi um grande momento. Acredito que pode repetir-se.

Vimos o exemplo do Gil Vicente, que fez uma época incrível e no início da época ninguém acreditaria que fossem eles a terminar nessa posição. Sempre penso que o trabalho vence o talento, quando o talento não trabalhar.

O diretor desportivo Joel Pinho já falou que será muito difícil manter o André Silva no clube. Acha que tem qualidade para voos maiores?

Sim, mas não só ele. O mister referiu muito isso na época passada: olharem com outros olhos para o Arouca. Há muitos bons jogadores que podemos aproveitar muito. O André tem muita qualidade, é um grande profissional. Espero que aconteça da melhor forma para a carreira dele.

Olhando mais para trás. Esteve cinco épocas no Braga, sempre na equipa B. Lamenta não ter tido uma oportunidade na equipa principal?

Não lamento, acredito que hoje vemos a equipa B do Braga a fornecer jogadores à equipa principal, mas naquela altura não eram os jogadores que precisavam. Gostaria muito ter feito alguns jogos na equipa A, mas não penso assim. Não era o momento, não me arrependo.

Que sonhos e objetivos ainda tem por cumprir na carreira?

Muitos, não posso escolher um só. Os jogadores pensam sempre em jogar em grandes clubes, mas neste momento é mesmo acertar as questões no Arouca para voltar ao trabalhar.

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