Artur Fernandes

Covid-19 vai mexer com o mercado de inverno. Agentes preveem mexidas "low cost"

03 dez, 2021 - 06:31 • Eduardo Soares da Silva

Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol, diz que a pandemia continuará a condicionar o investimento dos clubes. Será importante precaver surtos de Covid-19. Porto, Benfica e Sporting deverão segurar as figuras até ao verão e tentar colocar os jogadores menos utilizados. Novo-rico Newcastle pode abanar o mercado e causar "efeito dominó".

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O mercado de transferências está prestes a reabrir, no próximo dia 1 de janeiro, e deverá ser afetado pela pandemia da Covid-19 e pelo novo investimento no Newcastle.

Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol (ANAF), acredita que os clubes portugueses vão tentar "munir-se de mais atletas" para precaver possíveis contágios de Covid-19 que limitem as equipas na segunda metade da temporada.

"No mercado português, acho que os clubes vão tentar munir-se de mais atletas e registar jogadores das equipas inferiores para poderem solucionar os problemas da Covid-19, de tantos contágios nas últimas semanas, que só tende a aumentar", perspetiva, em declarações à Renascença.

Nesse sentido, o mercado dos empréstimos e dos jogadores livres voltará a ser o foco, devido ao baixo custo numa altura em que a pandemia também diminuiu as receitas dos clubes portugueses.

"Os clubes vão tentar todo o tipo de negócios que forem mais baratos e com um índice de qualidade e competência similar. Há jogadores livres, de campeonatos que terminam agora em novembro e dezembro, para além dos empréstimos. Será por aí que as coisas vão acontecer em Portugal", acredita.

Grandes seguram titulares e vendem excedentários

No que diz respeito aos três grandes, o agente acredita que FC Porto, Benfica e Sporting devem tentar "fazer algum dinheiro" com os jogadores menos utilizados.

"Acho que a prioridade dos grandes será fazerem algum dinheiro com os menos utilizados. Acho que é isso que vão tentar fazer e, depois, surprir as lacunas que possam entender", diz.

Luís Díaz, no FC Porto, Darwin Nuñez, no Benfica, Pedro Gonçalves, no Sporting, são nomes muito cobiçados no mercado. O presidente da ANAF acredita que é "quase impossível" saídas de jogadores importantes em janeiro.

"Pela nossa experiência, diria que é quase impossível que Porto, Benfica e Sporting abdiquem de elementos chave nos seus plantéis em janeiro. Mas pode haver exceções, face às dificuldades económicas dos clubes. Não me parece, a luta pelo título é muito fogosa e não me parece que os clubes se possam dar a essas veleidades", atira.

O único cenário que vê que pode acontecer, apesar de uma "possibilidade muito baixa", são "vendas para o verão, em que o jogador fica o resto da temporada cá".

Artur Fernandes acredita que a troca de treinador no Benfica pode levar as águias a investir no mercado: "É muito natural que o novo treinador encontre outras lacunas que não eram a opinião do Jorge Jesus. É uma questão de estratégia e visão".

Newcastle pode ter "efeito dominó"

No estrangeiro, o investimento do governo da Arábia Saudita no Newcastle pode mexer com o mercado europeu e ter um efeito "dominó", ou seja, o Newcastle contratar vários jogadores, que obrigaria esses clubes a contratar substitutos, criando um ciclo de dezenas de transferências.

"Os dinheiros do Newcastle podem criar um efeito dominó. É o único caso dos vários contactos que fizemos nas últimas semanas nos clubes europeus. Parecem com vontade de fazer algo diferente, porque foram comprados por um grupo ligado ao governo saudita e querem fazer grandes investimentos. Depois, cria o efeito dominó, dependendo de quem contratam", atira, nestas declarações a Bola Branca.

No estrangeiro, Portugal continua a ser "muito bem visto" por dois motivos: qualidade e preços mais baixos.

"São provas dadas de muitos anos, quer treinadores, jogadores, diretores desportivos e até os agentes. O futebol português é bem visto em termos de qualidade, mas também é relacionado com os preços baixos. Os clubes portugueses têm dificuldades em relação aos dinheiros dos clubes do centro da Europa. Por isso, o mercado europeu tem sempre os olhos postos em Portugal", explica.

FIFA em guerra com agentes

A FIFA, órgão que gere o futebol mundial, está a discutir propostas que limitem a ação dos agentes, colocando um limite nas comissões recebidas. O presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol coloca-se ao lado da Associação Mundial de Agentes: a situação será resolvida nos tribunais.

"Vai ser uma longa e enorme batalha jurídica. Estamos a encetar todo o tipo de processos contra a FIFA. Nós não somos da família da FIFA, infelizmente. Não estamos nas assembleias-gerais da FIFA e UEFA, entendemos que a regulação deve ser feita pelos agentes e pelos governos. A FIFA não tem essa autonomia", atira.

No caso dos agentes portugueses, Artur Fernandes recorda que Portugal já tem leis próprias para os agentes desportivos.

"Se a FIFA não regular os contratos dos direitos televisivos, qual o motivo para regular os contratos dos agentes? A lei portuguesa já tem regulamentos específicos para os empresários. Estou convencido que o futuro da legislação dos agentes passará por um diploma entre governos e associações", termina.

O mercado de transferências de janeiro abre oficialmente no dia 1 de janeiro. Os clubes podem inscrever jogadores, oficialmente, a partir do primeiro dia útil do mês, na segunda-feira, dia 3 de janeiro.

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