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Futebol Internacional

Um português nas finais da MLS: “A cultura deste futebol é menos violenta, é mais em torno do espetáculo”

29 nov, 2024 - 15:50 • Inês Braga Sampaio

Rodrigo Carvalho, analista dos Seattle Sounders, explica o trabalho que faz durante os "play-offs", analisa o impacto de Messi na MLS e as diferenças do futebol nos EUA para a Europa, e fala, ainda, sobre a "lenda" Marta, campeã norte-americana no feminino.

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As finals da liga norte-americana de futebol (MLS) chegam este fim de semana, com Seattle Sounders, LA Galaxy, Orlando City e New York Red Bulls a lutar pelos títulos das respetivas conferências e pela presença na grande final.

O português Rodrigo Carvalho é analista dos Seattle Sounders, que vão disputar, frente ao favorito Galaxy, a final da Conferência Oeste. Em declarações a Bola Branca, o técnico recorda o início de época complicado, a que a equipa deu a volta, para chegar à fase decisiva.

"A nossa época está a correr muito bem e na segunda metade da época diria que fomos a melhor equipa da Liga. Os resultados mostram isso, só temos duas derrotas nos últimos 20 jogos, mas o início foi difícil. Tivemos o pior início da história do clube, tivemos muitas lesões, alguns cartões vermelhos, algum azar, também. Mas desde que conseguimos unir os jogadores, unir a equipa, tivemos uma boa época", destaca.

Não foi apenas no campeonato: a equipa de Brian Schmetzer, chegou aos quartos de final da League's Cup, depois à meia-final da Taça dos Estados Unidos, que garante qualificação para a Liga dos Campeões da CONCACAF, e terminou a fase regular da MLS no quarto lugar.

Para serem campeões da MLS, os Sounders, que são a defesa menos batida, terão de derrotar o favorito LA Galaxy, "o melhor ataque da Liga e com muitos jogadores de qualidade". Mais uma montanha para escalar, depois de a equipa do estado de Washington já ter surpreendido o LAFC.

Os Sounders estão determinados a, mais uma vez, "bater as odds", para ganhar a Conferência e, depois, "fazer o melhor para ganhar o título" de campeões.

Estudar, estudar, estudar


Rodrigo Carvalho explica o trabalho de um analista nesta fase da MLS: "Acaba por não ser diferente do dia a dia de uma semana normal. A preparação é ao detalhe, perceber qual é o plano de jogo ou tentar criar um plano de jogo, partilhar as nossas ideias com os treinadores, entender o estado da nossa equipa e quais as vantagens que teremos contra um adversário específico. Olhando para muitos vídeos, muitos jogos, muitos padrões, e dados, seja de equipa seja de individuais, tentamos preparar a equipa, os jogadores e os treinadores ao máximo para o que aí vem."

Rodrigo está nos Estados Unidos há nove anos, desde 2015. Chegou para estudar, pôde "estudar e jogar na universidade" durante quatro anos, e agora trabalha no mundo do futebol.

"As coisas têm corrido bem, tem sido um crescimento muito rápido. Mais rápido do que eu esperava no que toca ao nível em que já estou a trabalhar, mas tem sido com muito trabalho, aproveitar as oportunidades que tenho tido e também trabalhar para elas. Está a ser um sonho, aquilo que sempre quis, que era trabalhar no futebol, especialmente no futebol profissional. Tem sido uma experiência muito boa", reconhece.

"Messi-mania" bem viva na MLS

A popularidade internacional da MLS disparou com a chegada de Lionel Messi ao Inter Miami. Nestas declarações à Renascença, Rodrigo Carvalho fala do impacto "notório em todo o lado" do argentino nos EUA.

"Há camisolas do Inter Miami em todos os estádios da MLS. É o melhor ou um dos melhores jogadores da história do futebol. É importante para a Liga, mas principalmente porque a Liga é muito mais do que o Messi e ele trouxe muitos adeptos que não conheciam a MLS. Tem sido positivo, porque há mais pessoas a ver o produto", explica.

E que produto é esse? "É um produto que tem qualidade, ofensivo, com muitos golos, que as pessoas gostam de consumir. Um futebol menos rígido que o europeu. E o Messi, com a sua qualidade, traz muita gente para a Liga.

Rodrigo Carvalho ainda não teve "a sorte, ou o azar", de defrontar Messi, mas espera "que no futuro possa ter a sua oportunidade".

Estrelas num céu pacífico

As diferenças da MLS para Portugal e para a Europa "são várias, a começar pelas regras, com o teto salarial, que torna a Liga muito uniforme e as equipas muito equilibradas". Por outro lado, também há os contratos especiais que permitem às equipas contratar estrelas internacionais.

"Messi, Busquets, Suárez, Riqui Puig, Benteke, muitos outros. Alguns dos melhores jogadores desta Liga chegam por essas regras contratuais que permitem maior investimento que o teto salarial", sustenta.

Rodrigo Carvalho considera que "a cultura do futebol também é diferente": "É menos violenta, é mais pacífica, mais em torno do espetáculo, dentro e fora de campo."

"Privilegia os golos, os jogadores de ataque, o estilo ofensivo, pressionar alto. Sao grandes diferenças para o estilo português e da Europa, o jogo é menos rígido, é mais fluido, de área a área, muito rápido. Estádios cheios quase sempre, milhares de adeptos nas bancadas. Nós, os Seattle Sounders, temos uma média de 30 mil adeptos nos jogos. O ambiente é muito bom em quase todos os estádios onde vamos e essa é uma das grandes vantagens da MLS", enaltece.

Marta Vieira da Silva, "uma lenda"

Já decidido está o título da liga feminina, a NWSL. Foi para o Orlando Pride, depois de uma vitória, por 1-0, sobre o Washington Spirit, na final.

Um dos destaques desta época foi Marta, considerada a melhor jogadora da história e que, aos 38 anos de idade, ainda consegue ser decisiva. Para a história, ficou o golo na meia-final frente ao KC Current, em que sentou três adversárias para dar a vitória à sua equipa.

Rodrigo Carvalho, que também já trabalhou no futebol feminino, enaltece o impacto da internacional brasileira, seis vezes eleita a melhor jogadora do mundo para a FIFA: "É uma lenda do futebol. Futebol, ponto final. Masculino, feminino."

"Foi fantástico poder ver o Orlando Pride ganhar a NWSL, com a Marta ao comando, principalmente aquele golo histórico. Foi mesmo uma prova da sua magia e um prémio de carreira, quase, este título, ainda antes de se retirar, que ela bem merece. É uma jogadora fenomenal, um ídolo do futebol", realça.

Rodrigo Carvalho vinca que Marta "continua, dia após dia, com os seus discursos e o seu futebol, a inpirar muitas crianças a que sigam os passos dela".

"Principalmente raparigas, meninas, que têm esse sonho e que antes da Marta provavelmente não saberiam que seria possível ser uma profissional de futebol a jogar só com mulheres", remata.

As finais de conferência da MLS decidem-se na madrugada de sábado para domingo. Orlando City e New York Red Bulls decidem o título no Este; LA Galaxy e Seattle Sounders a Oeste. A final está marcada para 7 de dezembro.

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