19 set, 2024 - 11:20 • Inês Braga Sampaio
Uma equipa galáctica que muito promete, mas tarda em cumprir as expectativas associadas ao escudo. Assim é o Real Madrid, adversário do Sporting na segunda ronda de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, com o primeiro jogo marcado para esta quinta-feira.
O Real Madrid apurou-se para a Liga dos Campeões depois de, na temporada passada, ter terminado a Liga F no segundo lugar, 15 pontos atrás do Barcelona, mas com oito de vantagem sobre o terceiro, o Atlético de Madrid.
Espanha é ainda um campeonato de diferenças marcadas: o Barcelona é, de longe, a melhor equipa - também marcou um total de 137 golos em 30 jornadas, mais 63 (acima de dois por jornada) que o Real. E se as campeãs espanholas transportam o domínio caseiro para boas prestações na Liga dos Campeões, as "vices" têm tido dificuldades em afirmar-se no panorama europeu. Tanto assim é que, nas três temporadas em que se qualificou para as provas da UEFA, o Real Madrid só por uma vez ultrapassou a fase de grupos. Nas duas últimas épocas, falhou o acesso aos quartos de final - na temporada passada, ficou em último, atrás de Chelsea, Hacken e Paris FC.
As madrilenas chegam, então, a este jogo com o Sporting como favoritas, fruto do estatuto, de já estarem habituadas a apurar-se para a fase de grupos e da qualidade do plantel, no entanto, a equipa portuguesa tem esperanças de surpreender. Se há aspeto em que as leoas podem reclamar vantagem, é na história: a atual secção feminina do Sporting existe desde 2016, ao passo que a do Real Madrid foi criada apenas em 2020, com a completa absorção do CD Tacón.
Ainda assim, o dinheiro do Real Madrid conseguiu comprar um grau de competitividade instantânea fora do alcance das equipas portuguesas. Na baliza há Misa Rodríguez, considerada uma das melhores jovens guarda-redes do mundo. Na defesa, a líder é a lateral-esquerda Olga Carmona, eternizada pelo golo que deu à Espanha o título de campeã mundial.
É no meio-campo para a frente que o talento se adensa, ou não fosse este o Real Madrid. Teresa Abelleira é uma das estrelas da seleção espanhola, a sueca Filippa Angeldahl é considerada uma das melhores médias do mundo, há a internacional francesa Sandie Toletti, e a alemã Melanie Leupolz chegou, esta época, para emprestar a experiência de largos anos no Chelsea, que ainda na temporada passada foi vice-campeão europeu, e no Bayern de Munique, além de um título europeu e uma medalha de ouro olímpica pela Alemanha.
Também no ataque o Real Madrid coleciona nomes conhecidos: a dinamarquesa Signe Bruun, campeã europeia com o Lyon, a extrema Athenea del Castillo e a goleadora Alba Redondo, além de Linda Caicedo, que aos 19 anos vai já na terceira época ao mais alto nível e é uma das mais decisivas jogadoras da seleção da Colômbia, que chegou aos quartos de final do Mundial 2023.
A estrela da companhia, contudo, é escocesa, leva o número 10 nas costas e ocupa a posição em campo, e esta época já leva dois golos e duas assistências em dois jogos. É Caroline Weir, que esteve quase toda a última época de fora devido a uma rotura do ligamento cruzado anterior, um flagelo do futebol feminino, mas na temporada anterior registou 28 golos e 17 assistências em 42 partidas.
Por só ter regressado agora de lesão, os minutos da ex-Manchester City têm sido doseados, de forma a não sobrecarregá-la. Isso não a torna menos temível. Em 2022/23, houve uma imagem que se repetiu uma e outra vez: o Real Madrid a jogar mal e Caroline Weir a decidir jogos. É um perigo constante.
Dois golos de Caroline Weir ajudaram o Real Madrid a começar a época a todo o gás, com goleadas a Espanyol (5-0) e Bétis (3-0). Ainda assim, esta é uma equipa conhecida pela sua instabilidade, pela forma como José Alberto Toril ainda não conseguiu encontrar um fio de jogo entusiasmante e pelo capacidade para tropeçar quando menos se espera.
Exemplo disso foi o empate arrancado ao Chelsea, na fase de grupos da temporada passada, seguido de duplas derrotas surpreendentes com o Hacken e o Paris PF. No campeonato, o Real Madrid hipotecou a possibilidade de ser campeão não só nas derrotas com um Barcelona quase perfeito - venceu todos os jogos menos um, que terminou empatado -, mas também nos deslizes com Levante, Sevilha e Atlético de Madrid.
Para concluir, um Real Madrid forte, com muita qualidade individual, mas que, ao fim de quatro temporadas, embora até possa ser candidato a ganhar tudo, pelas expectativas associadas ao nome, ainda não é favorito a nada. Frente ao Sporting, as "merengues" são, efetivamente favoritas, mas a equipa de Mariana Cabral pode sonhar.
Por seu lado, Toril mostrou-se "entusiasmado" com a possibilidade de garantir o apuramento para a fase de grupos.
"Vai ser um jogo duro, complicado. Sabemos que temos a segunda mão em casa, mas temos muito respeito pelo adversário, que é complicado. Vamos tentear fazer um bom jogo e sacar um bom resultado. Sabemos da dificuldade, mas estamos entusiasmados e queremos chegar à fase de grupos, que é o que nos dá prestígio e estamos habituados a jogar", afirmou, em declarações à Real Madrid TV.
O Sporting-Real Madrid, primeira mão da eliminatória da segunda ronda de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, realiza-se esta quinta-feira, às 16h00, no Estádio Aurélio Pereira, em Alcochete. O segundo jogo está marcado para a próxima quinta-feira, às 19h00, no Estádio Alfredo Di Stéfano.