16 jun, 2022 - 08:30 • Rui Viegas
Chama-se Rochester New York FC, o clube norte-americano detido em parte pelo avançado do Leicester Jamie Vardy, e que é treinado por um português: Bruno Baltazar.
O técnico de 44 anos, campeão no APOEL de Chipre, onde trabalhou também no AEL, e que em Portugal orientou Estoril, Olhanense, Casa Pia, Atlético e Sintrense, trocou o banco de adjunto do Nottingham Forest pelo sonho americano em 2022.
"O nosso periodo no Forest terminou e fui contactado pelo agente do Jamie Vardy, acionista minoritário do clube [os maioritários estão ligados aos Sacramento Kings, da NBA], para treinar o Rochester. Ao início não fiquei muito entusiasmado, por ser uma liga em desenvolvimento, a MLS Next Pro, mas com o passar do tempo fui percebendo a magnitude do projeto e que portas podem ser abertas. A comparação mais próxima é com o nosso campeonato sub-23, mas sem ser uma liga exclusiva a atletas sub-23 anos", contextualiza, a Bola Branca.
"O Jamie Vardy tinha interesse em ser co-proprientário de um clube nos Estados Unidos, viu várias realidades e acabou aqui no Rochester", acrescenta ao mesmo tempo Bruno Baltazar, garantindo que mantém contacto com o ponta de lança internacional inglês.
"Esporadicamente vamos falando, depois dos jogos. No final deste mês ele vem cá. Ele está muito envolvido neste projeto", revela.
Chipre
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Depois de trabalhar em Inglaterra, o técnico luso chega à estrutura da MLS, o que também o aliciou pelo potencial da mesma. No entanto, havia outras opções.
"Tive propostas bastante mais atrativas em termos financeiros, a seguir ao Forest, até do mundo árabe. Porém surgiu, como queria, surgiu esta oportunidade de voltar a ser treinador principal e de entrar numa estrutura em crescimento. Já não é uma liga onde os jogadores vêm reformar-se. É já uma liga muito competitiva. A médio prazo vai ser uma potência mundial, não tenho qualquer dúvida", garante, numa altura em que - no seu caso - tem por meta "chegar ao play-off e ao título".
Bubacar Djaló, médio que passou pela formação do Sporting, é o único português no plantel do Rochester. Bruno Baltazar admite "chamar mais lusos" para junto de si.
Pena é que, nesta altura, o trabalho dos profissionais lusos não seja ainda muito conhecido, nem reconhecido. Sobretudo o dos treinadores.
"É um país que ainda está muito ligado a uma cultura anglo-saxónica, com ingleses e sul-americanos. Mas vim também com essa missão, de mostrar a escola portuguesa. Sempre que saio levo a bandeira portuguesa às costas. A curto/médio prazo espero que se comecem (de vez) a abrir portas. Quanto a jogadores, há o João Moutinho, o Pedro Santos ou o Luís Martins. O Nani deixou igualmente uma imagem muito boa, mas ainda é pouco", afirma o treinador.
Nesta entrevista a Bola Branca, Bruno Baltazar dá conta da sua satisfação pelas promoções de Nottingham Forest, em Inglaterra, e de Casa Pia, em Portugal.
No caso dos gansos, que o técnico lisboeta dirigiu em 2014/15, fala de um "clique" - quiçá - dado no seu tempo "para que as pessoas começassem a acreditar que seria possível".
"Até porque estivemos perto da subida. Este ano, claro, com uma realidade que nada tem a ver com a da minha na altura, a estrutura profissional e a competência do Filipe Martins fizeram o resto. Forest e Casa Pia subirem de divisão foi fantástico", exclama.
O técnico português tem dois anos de contrato com o Rochester, mas não descarta reentrar no nosso futebol. O objetivo maior é o escalão principal.
"Trabalhar na primeira divisão portuguesa é um objectivo de carreira. Já esteve para acontecer, quando fui campeão no APOEL. Estive reunido com dois presidentes da I Liga, mas não aconteceu. Todavia, sei que um dia acontecerá. O meu trabalho falará por si. Tenho títulos, jogos na Europa, mas há que continuar a trabalhar. E de uma forma humilde as coisas acontecerão", finaliza Bruno Baltazar.
O técnico já foi premiado como Treinador do Mês nos Estados Unidos e distinguido, em Portugal, pela Associação Nacional da classe.
Mesmo a grande distância, Bruno Baltazar promete não deixar de acompanhar o nosso campeonato. E antevê, desde já, a nova época em Portugal. Com perspectivas diferentes sobre dragões, leões e águias.
"O Porto tem uma máquina em andamento, com cinco anos de Sérgio Conceição e de consolidação de um sistema de jogo difícil de bater. Um Sporting, e já não existem palavras para descrever a competência de Rúben Amorim, a querer reconquistar o título. E um Benfica à procura da sua identidade e a reunir tropas. Acho que vai ser um campeonato mais equlibrado", termina.