14 jun, 2024 - 07:00 • Inês Braga Sampaio
Arranca esta sexta-feira o Euro 2024 e, como habitual, o país organizador disputa o jogo de abertura. A Alemanha defronta a Escócia, às 20h00, na Allianz Arena, em Munique, com esperanças de voltar a vencer uma grande competição de futebol masculino em casa, 50 anos depois do Mundial 1974 – seria a primeira vez num Europeu, para os alemães. Mas como tende a ser a sorte das seleções anfitriãs?
Recuemos a 1960, ano do primeiro Europeu (com uma versão reduzida na fase final: quatro equipas), em França. A equipa da casa começou a prova com uma derrota, por 5-4, com a Jugoslávia, e no final quem levantou o troféu foi a União Soviética.
Quatro anos depois, a Espanha começou o Euro 1964 com uma vitória, sobre a Hungria, por 2-1, o primeiro passo para um final feliz. Em 1968, organizar o Europeu também correu bem à Itália, que no jogo de abertura venceu a URSS na moeda ao ar, após nulo, e no final levantou o troféu.
Em 1972, a Bélgica não teve a mesma fortuna. Arrancou com uma derrota, por 2-1, com a Alemanha, que viria a conquistar o seu primeiro Europeu (a que juntaria o Mundial, dois anos depois). Também a Jugoslávia não foi feliz em 1976: perdeu, igualmente com a Alemanha, por 4-2 (após prolongamento), no encontro inaugural, e no final ainda viu a Checoslováquia sagrar-se campeã europeia, com o famoso penálti de Antonín Panenka, que deu aos checos o primeiro e último título.
Chegamos a 1980, o primeiro Campeonato da Europa com fase de grupos. A Itália estreou-se com um empate, sem golos, diante da Espanha e, no final, ganhou a Alemanha.
Euro2024
Como é que os três grandes torneios de futebol mas(...)
Em 1984, o primeiro título da França e logo em casa. Michel Platini e companhia venceram a Dinamarca, por 1-0, a abrir e, daí, partiram para a conquista da taça, já depois de terem deixado Portugal pelo caminho nas meias-finais. Quatro anos depois, a Alemanha (Ocidental) recebeu o seu primeiro Europeu, na esperança de vencer, mas o arranque não correu como esperado – empate a um golo com a Itália –, depois sofreu a "vingança" dos Países Baixos pela final do Mundial 1974 e ainda teve de ver os vizinhos – com Van Basten, Gullit, Rijkaard, Koeman – festejar no fim (e que golo de Van Basten).
Por falar em rivalidades, o Euro 1992 também não terá sido nada fácil para a Suécia. Os anfitriões começaram com um empate, a um golo, frente à França, mas venceram o grupo, à frente da vizinha Dinamarca. Porém, foi a "Dinamáquina", como lhe chamavam, de Brian Laudrup e Peter Schmeichel, a sagrar-se campeã.
A Inglaterra pensava – como pensa todos os anos – que o futebol voltaria para casa em 1996, como no Mundial 1966, mas a Alemanha tinha outras ideias. Depois de empatarem, 1-1, com a Suíça, no jogo inaugural, os ingleses caíram nas meias-finais, perante a Alemanha, que na final chegaria ao seu terceiro e, até ver, último título europeu. Uma final decidida com "golo de ouro", no primeiro Europeu com essa regra.
Em 2000, virou o século e quebrou-se a tradição. Pela primeira vez, o anfitrião, a Bélgica, ganhou o primeiro jogo – triunfo sobre a Suécia, por 2-1 –, mas não conquistou o Europeu. Essa honra coube à França.
O Euro 2004 é de boa e má memória para Portugal. A primeira grande competição em casa, uma grande festa por todo o país e um fantasma chamado Grécia. A equipa das quinas só perdeu dois jogos em toda a competição: o primeiro, no Dragão, por 2-1, e a final, na Luz, por 1-0, ambos contra os gregos.
No primeiro Europeu em dois países, o de 2008, Suíça e Áustria arrancaram com derrotas (1-0 com a Chéquia e a Alemanha, respetivamente) e, no final, o "tiki taka" da Espanha triunfou, 44 anos depois. Os espanhóis repetiram a dose quatro anos depois, na Polónia e na Ucrânia – os polacos empataram (1-1 diante da Grécia) no jogo inaugural, ao passo que os ucranianos até venceram o seu primeiro jogo (2-1 à Suécia), três dias depois, mas a “roja" tornou-se a primeira (e única, para já) bicampeã europeia da história.
Poucos portugueses não saberão o que se passou no Euro 2016. A França venceu a Roménia, por 2-1, no encontro inaugural, mas perderia a final para a Portugal, por 1-0, com aquele mítico golo de Éder.
O Euro 2020, que só aconteceu em 2021 devido à pandemia da Covid-19, introduziu uma particularidade: realizou-se em várias cidades por toda a Europa. Aí, não houve um só anfitrião, contudo, a tradição quebrada apenas duas vezes, em 16 edições, manteve-se. A Itália derrotou a Turquia, por 3-0, no encontro de abertura da prova, e na final foi a Wembley estragar a festa à Inglaterra.
Chegamos a 2024 e a Alemanha organiza novamente o Euro, 36 anos depois, com um dado em mente: em 16 edições, só por duas vezes o anfitrião – do jogo inaugural, especificamente, no caso da Itália em 2021 – não conquistou o título depois de vencer o encontro de abertura do torneio (a vitória da Ucrânia em 2012 foi já três dias depois da primeira partida).
Dos seis anfitriões do jogo inaugural que arrancaram com uma vitória, quatro foram campeões europeus no fim.
Ao todo, temos cinco empates, seis vitórias e cinco derrotas dos anfitriões nas partidas de abertura. Os números mudam para cinco empates, seis derrotas e sete vitórias se contarmos com os resultados de Áustria, um dia depois do arranque do Euro 2008, e Ucrânia, três dias após o começo do Euro 2012.
No caso de Portugal, há algum padrão? Não. Portugal só foi campeão europeu uma vez e até entrou com um empate. De resto, já somou todos os resultados possíveis nos seus jogos de estreia. Ao todo, são duas vitórias (2000 e 2008), três empates (1984, 1996 e 2016) e duas derrotas (2004 e 2020).
A seleção portuguesa entra em ação, no Euro 2024, no dia 18, próxima terça-feira, diante da Chéquia, às 20h00, em Leipzig.