Siga-nos no Whatsapp

Euro2024

Guia Euro2024. Conheça as equipas do Grupo A

09 jun, 2024 - 08:20 • Francisco Sousa

A Renascença conta-lhe quais são as ideias e as figuras de Alemanha, Suíça, Hungria e Escócia. O Europeu vai jogar-se entre 14 de junho e 14 de julho.

A+ / A-

Alemanha ⚽

O favoritismo no grupo da ‘Mannschaft' é evidente, mas, olhando para as participações recentes em grandes torneios e para vários dos testes de preparação, há sempre razão para alguma desconfiança.

Fica a impressão que Julian Nagelsmann soube entender as necessidades da equipa em termos estratégicos, táticos e até de escolhas individuais na lista para os particulares de março. Apostou num desenho em 4-2-3-1 para os duelos com França e Países Baixos e a equipa mostrou um critério considerável com bola e uma dinâmica ofensiva agressiva, idêntica à que revelou nos momentos sem bola (sobretudo no embate com os gauleses).

Na lista final para o Europeu, o selecionador germânico até pode ter surpreendido muita gente ao deixar de fora nomes emblemáticos como Mats Hummels, Leon Goretzka ou Julian Brandt, mas ninguém o pode acusar de falta de coerência, atendendo ao grupo que parecia já ter assumido de forma (quase) definitiva há pouco mais de dois meses. O facto de ter repetido o 11 em dois jogos de preparação consecutivos aponta igualmente o caminho a seguir para um treinador que desde sempre foi conhecido pelas múltiplas variantes táticas que consegue imprimir às equipas que orienta - incluindo no mesmo jogo.

Nagelsmann junta nomes com vasta experiência como o retornado Toni Kroos (fecha uma brilhante carreira neste torneio), os guarda-redes Manuel Neuer e ter Stegen, o conector ofensivo de excelência Thomas Müller ou o capitão İlkay Gündoğan, peça-chave da manobra da 'sala de máquinas' germânica, não fechando os olhos a muitas das figuras da temporada, sobretudo a nível interno. Do sensacional campeão Bayer Leverkusen até à Mannschaft, viaja o já «experiente» Jonathan Tah e um Robert Andrich que pode até assumir o estatuto de titular a partir de dia 14 (seguindo a lógica dos últimos particulares). Já o surpreendente vice-campeão Estugarda 'entrega' à equipa nacional o imponente central Waldemar Anton, o lateral ofensivo (pela esquerda) Maximilian Mittelstädt, o criativo com golo Chris Führich (fortíssimo nos movimentos de fora para dentro) ou o segundo avançado goleador Deniz Undav.

Jovens revelações como Alexander Pavlovic (época soberba no Bayern, revelando critério na saída e capacidade de ocupação de espaços) ou o avançado Maximilian Beier (Hoffenheim) também acabam escolhidos, numa lógica de renovação embrulhada com num processo de crença em nomes novos alternativos que possam fazer a diferença em todo o tipo de cenários. Nagelsmann é também ele, com todas as críticas que se lhe possam apontar noutros departamentos, um homem que sabe aproveitar o talento mais imberbe para dar irreverência às suas equipas.

Várias são as questões que se colocam ainda neste momento, mais numa lógica de tomada de decisão de escolhas individuais: será que o talentoso e seguro Nico Schlotterbeck supera a prioridade dada a Jonathan Tah nos tempos mais recentes? Irá Nagelsmann seguir a linha de raciocínio de Arteta, testada também por ele com sucesso em março, e privilegiar a escolha de Havertz como referência ofensiva da equipa? Como vai gerir a «luta de galos» para a baliza entre Neuer e ter Stegen? Dúvidas normais, saudáveis até e próprias de um dos grupos com mais qualidade individual deste Euro. Será suficiente para arrebatar o troféu? Não partindo no topo das equipas favoritas, a Alemanha tem razões para acreditar em si mesma e não será certamente pelo fator casa...

A figura 🧞‍♂️

Toni Kroos. Depois do 23º troféu pelo Real Madrid, a busca pela glória europeia na despedida da seleção alemã e do futebol (já depois do título mundial de 2014). O mestre do passe, descobridor por excelência das melhores soluções para fazer qualquer equipa avançar com bola e dono de um sentido posicional ímpar. Vai custar despedirmo-nos dele.

Escócia ⚽

A primeira adversária da anfitriã Alemanha vai ser a turma escocesa, que teve uma qualificação mais tranquila do que o esperado, apesar do fecho mais desapontante: entre quatro jogos particulares e as últimas três partidas do apuramento, a Escócia não somou qualquer triunfo, ainda que tenha defrontado Espanha, Inglaterra, França ou Países Baixos nesse período.

A equipa de Steve Clarke até iniciou o período de apuramento em grande estilo (cinco vitórias em tantos encontros, com ∫ em Hampden Park). McTominay mostrou estatuto de goleador (sete golos), em movimentos de chegada da área próprios de uma equipa que tem na arte do cruzamento uma das receitas para o ataque à baliza rival.

Jogando preferencialmente com três centrais (3-4-2-1, com variação para um 5-4-1 no momento defensivo), Clarke pode variar para uma linha de quatro no setor defensivo, solução testada até no encontro de preparação com Gibraltar (e utilizada também nos últimos encontros da fase de qualificação). Categoria técnica não falta à atual geração escocesa. John McGinn foi um dos artífices da época excecional do Aston Villa e prevê-se que a canhota do «7» vá construir alguns dos melhores lances ofensivos da Escócia.

O rasgo de Ryan Christie (com gosto por procurar a baliza) e a categoria no passe de Billy Gilmour ou Callum McGregor também vão acrescentar muito no momento ofensivo, bem como as incursões pelo lado esquerdo de Andy Robertson. Não havendo Hickey ou Patterson para o lado direito, fica no ar a dúvida sobre a eventual mudança tática, mesmo que Ralston esteja à espreita de um lugar no onze - com a possibilidade de existir alguma adaptação.

No ataque, Lyndon Dykes lesionou-se às portas do Europeu e o lugar de referência ofensiva na equipa inicial será disputado por dois jogadores que marcaram vários golos no Championship (Ché Adams e Tommy Conway) e um dos resistentes do campeonato escocês que não joga em Celtic ou Rangers - Lawrence Shankland, do Hearts, melhor marcador da liga, com 21 golos apontados.

A figura 🧞‍♂️

Andy Robertson. Lateral de alto gabarito, figura de proa dos melhores anos de Klopp em Liverpool, pode fazer a diferença numa Escócia que está sedenta de sucesso. A presente época nem foi a melhor em Anfield, mas a qualidade a ganhar embalo, a combinar e a servir cruzamentos a partir da esquerda são fundamentais para a equipa de Clarke.

Suíça ⚽

A Suíça entra neste Europeu com as expectativas baixas, na sequência de uma fase de apuramento em que somou apenas 4 vitórias num grupo para o qual partia com favoritismo (terminou atrás da Roménia). Murat Yakin foi questionado recentemente e a federação helvética segurou-o, apesar das exibições pobres em duelos frente a adversários de nível médio-baixo como Kosovo ou Bielorússia.

A pré-convocatória alargada (quase 40 jogadores) denuncia a necessidade de renovação, já pontuada por diversas chamadas de jovens nas últimas convocatórias. Ainda assim, o corpo do 11 suíço não deve, em teoria, sofrer grandes alterações.

Para a baliza, Yann Sommer deve manter o posto, apesar da temporada de excelência na Champions de Gregor Kobel. Na linha defensiva, há a expectativa para perceber qual o registo tático privilegiado por Yakin, com vários bons candidatos para o eixo (Akanji, Schär, Elvedi ou Rodríguez, dentro da linha habitual dos últimos anos ou a revelação do Estugarda, Stergiou), com a estabilidade da zona intermediária a ser garantida por nomes como Granit Xhaka (época estupenda com Xabi Alonso no Leverkusen), Remo Freuler, Denis Zakaria ou Michael Aebischer.

No último terço atacante, a experiência de Shaqiri, Steffen ou Zuber pode ser importante a espaços, mas esta geração já irá viver mais da multifuncionalidade de Noah Okafor ou o rasgo de Dan Ndoye ou Ruben Vargas. As esperanças num regresso à boa forma de Breel Embolo são ténues mas existem, para uma geração que conta ainda com nomes como Zeki Amdouni (primeira época algo dececionante em Inglaterra) ou Kwadwo Duah (15 golos no Ludogorets, da distante Bulgária).

Murat Yakin espera que a equipa demonstre mais argumentos para trabalhar os ataques desde trás e que não sofra tanto em termos defensivos como na fase de apuramento (e já agora, como no Mundial). A fórmula dos três centrais foi examinada em março e também frente à Estónia e a equipa deu uma boa resposta, ainda que os testes não tinham sido os mais exigentes (uma sensaborona Dinamarca e uma Irlanda sem poder de fogo).

Repetir a participação no último Europeu (pontuada por uma incrível vitória sobre à época campeã do mundo França e com eliminação apenas nos penáltis, nos quartos de final, face à Espanha) parece hoje em dia um objetivo distante, mas Sommer, Akanji, Shaqiri e companhia querem replicar o filme de uma odisseia europeia que passou por cidades como Roma, Baku, Bucareste e São Petersburgo.

A figura 🧞‍♂️

Yann Sommer. No setor recuado dos helvéticos, surgem os nomes mais imponentes e com trajetória relevante na elite do futebol europeu. Na baliza, temos o titular do incontestável campeão italiano e como concorrente direto um vice-campeão europeu de clubes. Sommer tem experiência, capacidade de liderança, estilo sóbrio e eficaz entre os postes e mostra segurança no passe.

Hungria ⚽

A turma magiar é o espelho de Marco Rossi, o seu treinador: andou muito tempo afastada dos holofotes, em palcos menores (o italiano fez carreira em escalões secundários do país de origem, antes de chegar a território húngaro para fazer do histórico Honved campeão), para surpreender os gigantes da Europa nos anos mais recentes. Temos de lembrar a mítica campanha no último Europeu, com empates que podiam ter sido vitórias frente a França e Alemanha e a campanha épica na Liga das Nações de 2022, que incluiu retumbantes conquistas sobre a Alemanha e a Inglaterra (com um 4-0 fora de casa, que fez lembrar os saudosos tempos das batalhas anglo-húngaras, com protagonistas como Stanley Matthews ou Ferenc Puskás).

Rossi estabeleceu com sucesso o 3-4-2-1, depois da aposta no 3-5-2 em 2021. A fase de qualificação dos magiares foi absolutamente irrepreensível (cinco vitórias e três empates), terminando à frente da intimidante mas irregular Sérvia. Para vermos como os tempos mais recentes têm sido agradáveis, a última derrota foi já em setembro de 2022, com a Itália.

Não se esperam muitas mudanças no onze-base do período qualificatório. Gulácsi esteve muito tempo afastado dos relvados e com isso Dibusz tomou protagonismo na baliza, portanto a dúvida maior surge logo na posição de guarda-redes. Para o centro da defesa, Willi Orbán e Attila Szalai (apesar da falta de minutos na Bundesliga) parecem estabelecidos, faltando saber quem será o terceiro elemento (Lang ou Balogh são os candidatos mais fortes). Os laterais/alas Loic Nego e Milos Kerkez prometem dar asas a uma equipa que depende dessa projeção ofensiva desses elementos, com movimentos diversificados.

Para a zona central do campo, há estabilidade e complementaridade entre Ádám Nagy, András Schäfer e Callum Styles e mais adiante surgem as verdadeiras figuras da equipa: Dominik Szoboszlai e Rolland Sallai. O craque do Liverpool falhou o último Europeu e pretende reivindicar o estatuto de estrela do futebol internacional, mais crescido taticamente depois de um ano com Klopp e mantendo a mesma mestria na execução de passes para o último terço, testando o remate e cobrando bolas paradas. Sallai não marcou muito na Alemanha, mas acrescenta energia e movimentos de rutura importantes.

Na frente, mora o ponta de lança Barnabás Varga, figura goleadora do Ferencváros e representante do campeonato local neste onze. Não é muito experiente no futebol de topo, mas tem desmarcações de rutura interessantes e instinto matador. Como alternativa, existe Martin Ádám, que mais parece transportado do andebol na aparência e que depois de muitos golos na liga magiar, tem tido um percurso mais irregular na Coreia do Sul.

A figura 🧞‍♂️

Dominik Szoboszlai. Agora, sim, vai poder jogar um Europeu, depois do ano de estreia nos Reds de Liverpool. Nem sempre foi titular, mas chegou a ter períodos de fulgor entre Premier e outras provas. Tornou-se mais completo na presença de Klopp, podendo jogar como interior e mantendo a mesma calibragem de execução de cruzamento e remate.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+