10 dez, 2024 - 16:00 • Luís Aresta
Por estes dias, o piloto Bruno Santos treina, descansa e conta os dias para o regresso ao Dakar, depois de ter sido o segundo melhor 'rookie' estreante na edição deste ano
O irmão do futebolista André Santos, antigo jogador do Sporting e hoje na Oliveirense, define objetivos para a segunda participação naquela que é uma das mais mediáticas competições mundiais de desporto motorizado.
“Agora que tenho mais experiência nesta prova, por ser a segunda participação, quero conseguir estar mais na frente da corrida. Na anterior edição, houve necessidade de alguma adaptação na primeira semana, sentir o terreno, sentir os tipos de perigo e de navegação, mas com a segunda semana progredi. Treinei bastante ao longo deste ano e tenho o objetivo de fazer as coisas de forma mais natural em cima da moto, quer na navegação, quer na pilotagem e conseguir andar mais para a frente", começa por dizer.
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O piloto diz que o "primeiro objetivo é chegar ao final", mas logo a seguir vem a vontade de fazer mais”, declara Bruno Santos, numa entrevista à Renascença.
O Dakar é um desafio de máxima exigência para qualquer piloto. Bruno Santos enfatiza a importância de uma boa preparação: "Após o último Dakar tive só uma pausa para recuperar forças. Depois, ao longo do ano, fui logo fazendo as provas do calendário nacional e fiz várias internacionais que me foram mantendo muito competitivo".
"Tive oportunidade de fazer o Rali Raid em Portugal, a contar para o campeonato do mundo, um rali de cinco dias, muito exigente para mim e onde fui o melhor português e consegui ser o terceiro classificado entre os melhores do mundo que aqui estiveram. Estas provas têm sido muito importantes para garantir um ritmo competitivo alto e uma boa adaptação a estas motos grandes, de rali e também com navegação", explica.
Bruno Santos revela que está a treinar duas vezes por semana nesta altura para "poder relaxar mais um pouco na última semana antes da prova", que arranca no início de janeiro.
Bruno Santos conhece bem Torres Vedras, onde nasceu há 37 anos e cresceu a jogar à bola com o irmão André.
Cedo percebeu que o futebol não lhe daria futuro e nem sequer foi praticante federado da modalidade rainha em Portugal. Preferiu as motos, percorrendo o mosaico agrícola e florestal que domina a paisagem desde o interior do concelho até à orla costeira, onde ao longo de 20 quilómetros, o olhar se perde na dimensão do oceano Atlântico.
É um cenário bem diferente daquele que o piloto voltará a encontrar este ano na Arábia Saudita e que gostaria de desfrutar de uma outra forma: “Por alguns momentos, é possível apreciar um pouco, fica aquela sensação de que dava vontade de parar e observar melhor, mas não dá tempo para isso".
"Tive alguns momentos em que deu para apreciar algumas belezas, por exemplo a imensidão de areia no deserto do Empty Quarter. Nunca imaginei que existisse tanta areia, foram quilómetros e quilómetros onde só víamos, subíamos e descíamos dunas gigantes", conta a Bola Branca.
E acrescenta: "Ao ver dunas tão grandes interrogava-me sobre o seu tamanho e cheguei a contar no odómetro da mota 300 metros em descida. Foi algo muito curioso. Vemos paisagens muito interessantes, grandes rochedos no meio do nada. Gostava de lá voltar noutra oportunidade sem ser competitiva. Tenho de ir sempre muito concentrado, mas é muito interessante".
O capacete de Bruno Santos é uma obra de autor. Na edição 2024 do Rally Dakar, o capacete pintado por Eduardo Codices foi considerado o mais bonito e original entre os participantes na especialidade de motos.
“Este ano vamos com um novo capacete, uma nova pintura que ainda não foi revelada. Está neste momento em acabamento e vai ser apresentada antes do Dakar”, revela Bruno Santos.
“Vamos apresentar uma nova imagem e esperamos, também este ano, causar um bom impacto. Quem faz este trabalho é um artista português. O Codices faz trabalho gráfico e pintura manual, num processo muito artesanal, com trabalhos feitos por medida; está especializado em pinturas de capacetes, não só de mota, mas de todo o tipo de competições motorizadas”.
E trabalho não lhe falta, segundo Bruno Santos.
A edição 2025 do Rally Dakar, na distância total de 7 700 km, arranca dia 3 de janeiro, com o prólogo na cidade de Bisha, no sudoeste da Arábia Saudita. A prova termina dia 17 de janeiro em Shubaytah, junto ao deserto do Empty Quarter.