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Visto de Fora
Begoña Iñiguez e Olivier Bonamici comentam, semanalmente, o país, os portugueses e a Europa. O ponto de vista espanhol e francês para ouvir à sexta-feira às 10h20.
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Visto de Fora - O país visto por dois jornalistas estrangeiros a viver em Portugal - 20/07/2018

Visto de Fora

​Uma geringonça com atrelado

20 jul, 2018 • Ricardo Conceição


O "Visto de Fora" vai de férias com França como campeã do mundo e com a política portuguesa a agitar-se a pensar já nas eleições de 2019.

Há novo conceito na política ganhar força: “geringonça com atrelado”. O país político vai agora a banhos já a fazer contas sobre as eleições do próximo ano. Os nossos comentadores do "Visto de Fora" acreditam que o Orçamento do Estado para 2019 vai passar e que PS e PSD estão cada vez mais “amigos” e se a geringonça não sobreviver às legislativas, os socialistas não ficam sozinhos.


Só uma União Europeia forte poderá enfraquecer Donald Trump
No último Visto de Fora e na semana do encontro Trump Juncker, os comentadores antecipam um agudizar no braço de ferro entre Europa e Estados Unidos. Ainda em destaque uma Europa dividida pela questão dos migrantes.
Na próxima quarta-feira (25 de Junho) Donald Trump assomará a uma das portas da Casa Branca para receber a delegação da Comissão Europeia. Jean- Claude Juncker, conhecido pela forma informal como aborda os líderes mundiais, chega a Washington em plena disputa neo-proteccionista e a conversa não se adivinha fácil.
Os Estados Unidos de Trump impuseram novas taxas alfandegárias nas importações de aço e alumínio e viram-se agora para os automóveis. A contribuir para este clima tenso estão também as posições norte-americanas em relação aos migrantes, que encontram eco deste lado do atlântico, por exemplo, no novo governo italiano.
Parecem cada vez mais longínquos os tempos do amigo americano, eternos aliados para todas as ocasiões. Os Estados Unidos apostam agora no bloco oriental, onde a China é o actor principal e para os comentadores do Visto de Fora as relações entre o bloco europeu e o norte-americano vão de mal a pior.
“Eu gostava de ver uma União Europeia mais forte, porque é a única hipótese de tornar mais frágil Trump”, afirma Olivier Bonamici. O jornalista francês recua aos anos de escola para definir a forma como avalia a actuação do presidente norte-americano. “Trump faz-me lembrar um amigo que tinha na escola, que era um rapaz que se armava em forte com os fracos e era fraco com os fortes. E vimos Trump com Putin… e que fraqueza, Donald! Agora quando está com os mais fraquitos, como Macron”, aí é um fanfarrão, refere Bonamici para quem a “União Europeia tem de manter a sua posição, mas também propor alternativas, porque o protecionismo em relação a Trump não leva a lado nenhum”, concluiu.
Begoña Iñiguez alinha pela mesma ideia do parceiro de debate e acrescenta que “é impossível controlar Trump. Num dia reúne-se com Putin e diz-lhe que sim e depois regressa ao seu país e diz que não. Nem Melania consegue controlar Trump.”
E antes das despedidas, os nossos comentadores fazem questão de assinalar que a União Europeia está dividida devida à crise dos migrantes. A crise económica deu lugar a uma crise sobre a solidariedade. A jornalista espanhola, Begoña Iñiguez, deixa o desafio e o apelo de ensinar os nossos filhos e nas escolas “o princípio da solidariedade entre os povos”, pilar fundador da União Europeia. “Neste momento há povos que não são nada solidários”.
Neste ponto, Bonamici lembra que “quando a França ganha o tricampeonato do mundo, Salvini escreve um tweet. O Tweet dizia o seguinte: a Sardenha é mais bonita do que a Córsega. O nosso vinho italiano é melhor do o vinho francês.” Segundo o jornalista francês, estamos numa europa em que vamos ver cada vez mais isto: “o meu bacalhau é melhor do que o teu. O meu chouriço é melhor do que o teu. Isto é Surreal!”
Olivier Bonamici ensaia uma explicação para estes regressos aos extremismo de má memória em espaço europeu. Antigamente, defende o gaulês, existia um afastamento entre as elites e o povo e agora estamos a assistir a uma reaproximação do discurso das elites ao povo, “porque o povo italiano adora ouvir isto e através dos nacionalismos essas elites reaproximam-se do seu povo. Já vimos isto.”


Foram 42 emissões a olhar para dentro e para fora com seriedade e com boa disposição.

Agora, chegou a hora de vestir os calções e ir de férias. Boas Férias.

Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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  • Maria Cândida
    21 set, 2018 Maia 10:28
    Bom dia O programa "Visto de Fora" acabou? Cumprimentos