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Visto de Fora
Begoña Iñiguez e Olivier Bonamici comentam, semanalmente, o país, os portugueses e a Europa. O ponto de vista espanhol e francês para ouvir à sexta-feira às 10h20.
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Visto de Fora - O país visto por dois jornalistas estrangeiros a viver em Portugal - 08/06/2018

Visto de Fora

​O braço de ferro com os professores “pode tirar a maioria absoluta ao PS”

08 jun, 2018 • Ricardo Conceição


A guerra entre professores e governo, as propostas do PSD para a natalidade, o novo Governo espanhol e alguma dose de coscuvilhice são os ingredientes deste "Visto de Fora".

“António Costa safa-se sempre!” A frase lapidar é dita por Begoña Iñiguez para explicar que não faz prognósticos sobre o desfecho ou consequências do braço de ferro entre professores e governo. “Aprendi uma coisa depois de viver há 14 anos em Portugal: este país não deixa de nos surpreender, por isso, não digo nada!”

O primeiro-ministro disse, preto no branco, esta semana no Parlamento que “não há dinheiro” para corresponder as exigências dos professores. “Acabou o estado de graça”, afirma Olivier Bonamici para quem a contenda entre Governo e professores poderá trazer amargos de boca ao Partido Socialista.

“Pode tirar a maioria absoluta ao PS”, vaticina o jornalista francês, que, sem duvidar da habilidade politica de Costa, afirma que a “incoerência” vai sair cara aos socialistas.

O correspondente da Radio Televisão Belga em Lisboa insiste que “o CDS vai beneficiar” com toda esta situação. Bonamici prevê uma vitória do PS nas próximas legislativas, mas será o CDS a ter a chave do poder nas mãos.

Nesta edição ainda se fazem às contas as propostas de política de natalidade para enfrentar um problema que os dois comentadores consideram “muito preocupante”. Bonamici explicou na rádio belga a proposta de Rui Rio e considera que “não há volta a dar".

"O dinheiro é uma das chaves, sobretudo em Portugal onde as pessoas não têm dinheiro para sustentar, neste momento, os filhos”, diz o jornalista, considerando que se fez muita demagogia em torno da questão dos 10 mil euros, uma verba que distribuída pelos meses ao longo de 18 anos representa uma gota nos orçamentos familiares.

“Temos de proteger a natalidade, as famílias, fazer uma rede publica de creches com horários alargados e ainda a conciliação laborar é fundamental” acrescenta Begoña Iñiguez.

E no final do programa há sardinhas assadas a pingar no pão…


O governo de Pedro Sanchez “é consistente” e “não haverá eleições antecipadas”.

O novo governo espanhol já está em funções e é um dos temas centrais deste Visto de Fora. Nesta edição olhamos ainda para o novo ministro do Interior italiano que quer expulsar 500 mil migrantes.

Numa semana tudo mudou na política espanhola. Há um novo equilíbrio de forças no parlamento e um novo Governo, em que as mulheres estão em maioria.

Numa manobra inédita e legal, o governo socialista chega ao poder depois de uma moção de censura construtiva. Pedro Sanchez escolheu mais ministras do que ministros e deu assim um sinal claro de mudança. Uma mudança que ocorre sem grandes sobressaltos dentro e fora do hemiciclo de Madrid. “Acho que não vai haver eleições antecipadas. Este é um governo consistente para continuar, com muitas mulheres e mulheres bem preparadas”, refere Begoña Iñiguez. A comentadora espanhola do visto de Fora salienta que Pedro Sanchez está muito “focado na defesa das mulheres e da Europa, para dar um sinal aos mercados.”

O parceiro de debate, Olivier Bonamici, destaca as características pró-europeias dos governos espanhóis. Uma posição reforçada pelo novo presidente do governo espanhol desde a primeira hora. “Governo super pró-europeu. E, depois, temos a itália e isto vai ser super-importante numa europa claramente dividida em temas como os migrantes”, vaticina o jornalista Francês.

Aproveitamos a comparação entre Espanha e Itália no tema dos refugiados para passar ao segundo tema desta semana: Matteo Salvini.

O novo ministro do Interior italiano entrou em cena “a matar” com promessas de encerramento de portos e expulsão de migrantes. Calcula-se que em Itália possam estar 500 mil pessoas à procura do El Dourado europeu. “O que vai acontecer na Itália não é a expulsão de 500 mil pessoas (isso é impossível), mas sim a criação de novos centros de retenção”, refere Bonamici.

Esta situação em Itália poderá abrir caminho a nova e maior preponderância da península ibérica nos destinos Europeus. “Agora temos um novo governo (em Espanha) e que poderá ter mais abertura aos refugiados. Não é fácil, porque continuam a chegar continuamente migrantes às praias do sul, nomeadamente à província de Cádis. É um problema grande”, afirma Begoña Iñiguez que prevê: “confio muito em Portugal e em Espanha. E neste tema dos migrantes (Costa e Sanchez) podemos jogar um papel importante em Bruxelas.”

Nesta velha Europa abre-se um fosso entre os governos com maior ou menor abertura aos refugiados.


Este conteúdo é feito no âmbito da parceria Renascença/Euranet Plus – Rede Europeia de Rádios. Veja todos os conteúdos Renascença/Euranet Plus

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  • Cilio
    09 jun, 2018 lisboa 13:18
    Em votos efetivos não há partido do espetro politio que tenha maioria.Eleiçoes já iriam levar a um beco com difícil saída.PS não soube capitalizar realisticamente os indicadores e cedeu á esquerda perdendo cerca de 1 milhão de eleitores.Sao eleitores sem partido nem razoes positivas para votar,pois a razão entre benefícios e agressões é praticamente nula e o seu comportamento será inesperado
  • António dos Santos
    09 jun, 2018 10:23
    Os professores já metem nojo ao país. São e habituaram-se a ser chulos e incompetentes. Esses gajos que tenham coragem e o governo que trate de arranjar bons , independentes e sem qualquer suspeita de falta de idoneidade, para realizar uma avaliação da qualidade dos nossos professores. E só após essa avaliação é que subiriam de escalão. Subir de escalão por antiguidade é uma grande vigarice. Há no topo da carreira, professores que nem para varredores das ruas serviam. Mas esta proposta serve também, para toda a área da função pública (incluindo Forças Armadas, de Segurança e Ministério Público). Mal do país, se no privado fosse o que se passa no público!! Já não éramos um país. Estamos mal, porque tudo na função pública não funciona e o resultado é todos os que têm poder e mexem a avultadas quantias, servem-se delas e depois o Zé Povinho é que paga e não os que praticam os crimes. Ora se tudo funcionasse bem, tudo isto não estava a acontecer. A única classe que não pode ser avaliada é a politica, mas nós já sabemos que eles não são honestos!
  • lucio
    08 jun, 2018 lisboa 12:48
    A única maioria absoluta do PS foi a primeira eleição de José Sócrates em 2005.O PS de Mario Soares teve duas fases antes e depois de meter o socialismo na gaveta,o PS católico de Guterres seguiu-se sem maioria e agora O PS de COSTA anti-cristo,encostado ás extremas vai ter maioria?As reversões foram as únicas medidas positivas o resto dos impostos criados e leis são rejeitados por maiorias.O assomo de verdade e coragem de afirmar no PARLAMENTO q n há dinheiro para professores granjeou simpatia pelos realistas/racionalistas de certo eleitorado.A verdade tb é que o português não tem em quem votar-logo a abstenção ganhará?