29 nov, 2024 • Tomás Anjinho Chagas
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, deixa nas mãos do ministro da Educação, Fernando Alexandre, uma eventual demissão do diretor-geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), João Santos Gonçalves.
Em causa a polémica instalada depois de o ministro ter divulgado números errados sobre o número de alunos sem professor a uma disciplina - que esta quinta-feira veio assumir que estavam incorretos.
Durante o programa São Bento à Sexta, da Renascença, Hugo Soares, líder da bancada do PSD, pede tempo para que se perceba o que realmente aconteceu e não afasta consequências para o diretor-geral (e não para Fernando Alexandre).
"Vamos esperar pela auditoria e pela decisão do ministro. Não cabe ao líder parlamentar do PSD dizer ou avaliar se o diretor-geral tem condições ou não. O ministro saberá e não tenho dúvidas de que atuará em conformidade", afirmou Hugo Soares.
O também secretário-geral do PSD - que é um dos homens mais próximos de Luís Montenegro - assume que "há uma confusão com os números, não existe fiabilidade, não há capacidade, pelos vistos, dos serviços para dar esses números".
Ainda assim, Hugo Soares admite que, se estivesse na oposição "carregava mais nas [suas] palavras" do que faz estando a suportar o Governo na Assembleia da República. "É da vida", resume.
Já a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, acusa o Governo de nunca assumir as responsabilidades pelos erros cometidos pelos seus membros, vincando que os ministros estão no topo da Administração Pública.
"Aqueles dados foram usados pelo ministro da Educação para fazer uma parangona de um jornal, para mostrar como em sete semanas tinha reduzido em 90% o número de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina", sublinha Alexandra Leitão.
A líder da bancada socialista no Parlamento critica a "pouca humildade" de Fernando Alexandre por ter achado que resolvia o problema em seis semanas: "Um ilustre economista devia ter desconfiado", ironiza.
"Há um padrão de comportamento de chutar as responsabilidades constantemente para os serviços. É o INEM, são os conselhos de Administração [dos hospitais], a direção-geral dos Estabelecimentos Escolares... Há um responsável máximo: é o Governo", desfere Alexandra Leitão.
Alexandra Leitão acredita que o ministro da Educação, Fernando Alexandre e a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, estão fragilizados neste momento: "Neste momento o ministro da Educação e a ministra da Saúde são pessoas que, objetivamente, deram números errados para tirar dividendos políticos. Isto tem a sua gravidade, que o Governo apreciará".
Sobre o aumento das pensões, inscrito neste Orçamento do Estado pelo PS (e viabilizado pelo Chega), Hugo Soares acredita que os socialistas tornaram-se corresponsáveis pelo equilíbrio das contas. O líder da bancada social-democrata insiste que o PSD preferia um aumento pontual por ser mais cauteloso num ano incerto que aí vem.
"Sabemos que é um ano de muitos riscos, foram as eleições nos EUA, a estagnação ou recessão na Alemanha, as guerras na Ucrânia e no Médio-Oriente. Eu preferia essa cautela, o PS preferiu coresponsabilizar-se pela execução orçamental", atira Hugo Soares.
Pelo seu lado, a líder da bancada do PS diz-se orgulhosa de os socialistas terem conseguido impor este aumento permanente das pensões de 1,25% além da atualização anual. Alexandra Leitão afirma que desta forma os os pensionistas não dependem de eleitoralismo do PSD.
"Não há corresponsabilização nenhuma. Aquilo que o PS fez foi garantir que havia pelo menos alguma justiça social. Ao contrário do que tinha proposto o Governo, este não é um bónus dado quando, se, como e em que montante o Governo entender dar", afirma a líder dos socialistas no Parlamento.