09 out, 2024 • Hugo Monteiro
A menos de um mês das eleições presidenciais norte-americanas, o diretor do Centro de Estudos Aplicados da Universidade Católica Portuguesa, Ricardo Ferreira Reis, diz que há “dois caminhos que se colocam perante os americanos” relativamente à Europa: o de Kamala Harris, que é “o mesmo da Administração Biden”, ou seja, o de “uma política de aproximação” ou o de uma agenda “que é de maior isolacionismo dos Estados Unidos” de Donald Trump, à semelhança do seu primeiro mandato.
Em entrevista ao podcast Radar Europa, da Renascença em parceria com a Euranet Plus, o especialista em assuntos internacionais explica que “a perspetiva negocial de Trump não é romper com a União Europeia”, mas antes “ameaçar com a rutura e, eventualmente, fazer micro-ruturas para ganhar credibilidade nessas ameaças”.
“É uma espécie de ‘agarrem-me senão eu bato-lhes’”, numa atitude que está a ter “repercussão na Europa em atores que têm posturas razoavelmente semelhantes na negociação, como é o caso de Viktor Orban”.
Já quanto a Kamala Harris, “a parte positiva para a Europa é de ser mais fácil encontrar um alinhamento de discurso”.
Diz Ricardo Ferreira Reis que, se chegar à Casa Branca, “Kamala será alguém que percebe que encontrará na Europa o palco certo e os parceiros certos para deixar um papel na História e no mundo. Um papel de construção, de desenvolvimento, de promoção de valores que são comuns aos dois lados do Atlântico”.
Para o especialista da Universidade Católica, o palco europeu será o indicado para Kamala Harris “se afirmar na política contra os ‘bullies’, ou os ‘malandros do recreio’. Porque, depois de derrotar Trump, o próximo com o qual se confrontaria seria Putin, o que também lhe daria uma oportunidade de intervenção na Europa”.
Por fim, “é obviamente muito importante o facto de ser historicamente a primeira mulher Presidente dos Estados Unidos e encontrar na Europa uma Comissão Europeia liderada também por uma mulher”.
Já do lado europeu, Ricardo Ferreira Reis defende que Bruxelas “deve manter a sua agenda” nas relações com os Estados Unidos. Já “em termos de discurso e de diálogo”, tem de haver “uma adaptação e um acomodamento a quem for o interlocutor”.
O podcast Radar Europa é uma parceria Renascença com a Euranet Plus, a rede europeia de rádios.