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Novas Crónicas da Idade Mídia
O que se escreve e o que se diz nos jornais, na rádio, na televisão e nas redes sociais. E como se diz. Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo são quatro jornalistas com passado, mas sempre presentes, olham para as notícias, das manchetes às mais escondidas, e refletem sobre a informação a que temos direito. Todas as semanas, leem, ouvem, veem… E não podem ignorar. Um programa Renascença para ouvir todos os domingos, às 12h, ou a partir de sexta-feira em podcast.
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Ato falhado

Novas Crónicas da Idade Mídia

​Ato falhado

29 nov, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo


A comunicação do primeiro-ministro ao país, a votação final do Orçamento do Estado, o grupo de trabalho dedicado à Operação Marquês, a decisão do Almirante Gouveia e Melo e o 25 de Novembro são alguns dos temas em destaque nesta edição das novas Crónicas da Idade Mídia.

A comunicação ao país do primeiro-ministro desta quarta-feira (27) acabou por transformar-se numa conferência de imprensa, embora com apenas 3 perguntas. Rodeado pelas ministras da Justiça e da Administração Interna, e pelos chefes das polícias, Montenegro enunciou uma lista de mercearia sobre os feitos das polícias para concluir que Portugal é um país seguro, apesar dos tumultos recentes na Grande Lisboa. Isto é: o primeiro-ministro de um país seguro convoca o país para comunicar que Portugal é “um dos países mais seguros do Mundo”. E anunciar 20 milhões para comprar automóveis para os agentes da autoridade. Quem pensa estas coisas? Qual era a necessidade? Um ato falhado, manifestamente.

A discussão do Orçamento do Estado, na especialidade, termina esta sexta-feira (29) com a votação final global que deverá produzir a aprovação do documento. Mais de duas mil propostas depois, mais de 2 centenas de alterações validadas pelos deputados, Hugo Carneiro, do PSD, considerou as intenções das oposições de “verdadeira orgia orçamental”. Aqui chegados, o país fica a saber que o Governo vai governar com um orçamento feito pelo Parlamento.

10 anos depois de ser preso na Portela, Sócrates é acusado pelo Tribunal de manobras dilatórias intoleráveis para evitar o julgamento. O antigo primeiro-ministro diz-se vítima do MP. A PGR acaba de criar, entretanto, um grupo de trabalho dedicado em exclusivo ao processo da Operação Marquês. Na CNN Portugal, no final da semana passada, José Sócrates transformou, mais uma vez, uma mesa de entrevista em tribuna pessoal, destratando os dois entrevistadores: “em que Mundo é que vivem?”. Não será altura de os Media reavaliarem a relação com Sócrates?

O copo com o ministro num bar de Lisboa, afinal, serviu para ficar claro, se é que havia alguma dúvida, de que o Almirante Gouveia e Melo não quer continuar na Armada. Montenegro já disse que não se deve “excluir” um militar na Presidência, só por ser militar. Mas continua a afirmar que o PSD terá um candidato do partido. Marques Mendes? Santana Lopes? Aguiar-Branco? Leonor Beleza já disse várias vezes que não está disponível.
O PS também deverá, desta vez, apostar num candidato próprio, militante do partido. Seguro, que já abriu a porta? Centeno? Vitorino? De acordo com Ana Sá Lopes (Público, 25) “Seguro tem uma vantagem: não é maluco”. Então e se Gouveia e Melo se dispuser a avançar?

Substituir cravos vermelhos por rosas brancas, não torna a cerimónia do 25 de novembro diferente da do 25 de abril. A diferença esteve na lição de história de Marcelo e no exemplo de contenção política de Aguiar-Branco. Valeu a pena, politicamente, arranjar esta polémica?

O novo Plano Estratégico da Impresa para os próximos 3 anos pretende melhorar a performance comercial das marcas, crescer no digital e desenvolver novas fontes de rendimento, otimizar custos e aumentar a produtividade. Este foco estratégico na redução de custos e crescimento das receitas, determina alterações no desenho organizativo da empresa. Ricardo Costa integrará a Comissão Executiva com responsabilidades sobre a área editorial (SIC e Expresso), assumindo Bernardo Ferrão a direção de informação da SIC e da SIC Notícias. Daniel Oliveira e João Vieira Pereira mantêm os cargos.
A nova estrutura traz ainda duas novidades com aparentes vantagens de eficiência: a criação de uma direção de Operações Comerciais e Editoriais, que vem responder à exigência cada vez mais evidente de alinhar a produção de conteúdos com a necessidade de gerar receita; a agregação das operações de TV e a GMTS, sob a responsabilidade de uma única tutela digital.

A RTP, afinal, não vai perder publicidade. Sob proposta do Bloco, o Parlamento inviabilizou a retirada de publicidade do primeiro canal da televisão pública. E, enterra o plano estratégico para os Media, anunciado pelo Governo. “Há uma coligação negativa” no Parlamento para bloquear a ação do Governo, como diz o ministro Pedro Duarte? A verdade é que a discussão ainda em aberto do Contrato de Concessão pode resultar na oportunidade para a RTP promover uma reestruturação estratégica. E, se o Governo se incomodar com o tema, rever o modelo de governance da empresa. Para o sector dos Media, no seu conjunto, é que o plano morreu ali mesmo, no Parlamento.

Parabéns ao Record que completou 75 anos (26). Resistiu à hegemonia de “A Bola” e sobreviveu, servido por excelentes jornalistas e um diretor absolutamente ímpar: Artur Agostinho.

Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas, a história do candidato de extrema-direita às eleições presidenciais romenas, Calin Georgescu, que mostrou no Tik-Tok as suas habilidades em artes marciais e apresentou-se em cima de um cavalo branco, imitando Putin. Não gastou um cêntimo e transformou 5% de intenções de voto em 23% de votos expressos, saindo vencedor da primeira volta das eleições, embora o Tribunal Constitucional romeno tenha ordenado a recontagem dos votos.
Porque é que alguns adeptos do Sporting continuam a levar tochas para Alvalade, sabendo que o clube está sob observação e arrisca a interdição do estádio?
O furto de ovelhas tem ocupado alguns larápios em algumas localidades do país. Com eleições à porta, não seria mais útil começar a roubar carneiros?
André Ventura pegou na invenção de Trump de que os imigrantes comem cães e gatos, para acrescentar que, em Portugal, também comem lagartos. Lagartos? A que lagartos estará o sr. dr. a referir-se?

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