20 set, 2024 • Eduardo Oliveira e Silva, Luís Marinho, Luís Marques e Rui Pêgo
Está aí uma nova polémica, velha de 20 anos: há excessos na cobertura televisiva dos incêndios? Emissões em direto produzem com certeza momentos menos adequados.
A cobertura jornalística dos últimos grandes fogos nos diferentes canais de televisão tem sido de bom nível. Repórteres nos vários focos do acontecimento, com relatos substantivos e serenos, o que contraria a tendência até aqui habitual: excesso na linguagem, alarme no tom. Verificou-se até alguma criatividade no trabalho desenvolvido sobre os impactos e efeitos colaterais da tragédia, designadamente na rádio.
Há duas décadas, foi tentado um acordo de auto-regulação, por iniciativa dos responsáveis editoriais da RTP. Nessa época, não havia canais de notícias com emissões em contínuo e em disputa permanente pelas audiências. Esta terça-feira (17), o dia mais intenso dos incêndios, em que as generalistas desformataram as suas programações, a CMTV (10.7) suplantou a RTP1 (10.4), ficando a menos de 3 pontos da SIC (13.4). A TVI fez 14.5. Para termos uma ideia da capacidade de atração de acontecimentos desta natureza, a audiência média da CMTV na semana anterior foi de 6.6. Trepou 4 pontos percentuais com a tragédia dos fogos.
A audiência é um valor absoluto? Não, não é. Mas é o recrutamento de ouvintes/espectadores, e a necessidade de os fidelizar, que viabiliza as empresas de comunicação e lhes permite desempenhar o papel central que têm na nossa vida em sociedade. No essencial, estaremos todos de acordo: compete aos Média temperarem a sua ação e aos jornalistas mostrarem a realidade. Haverá certamente aqui um ponto de equilíbrio.
A verdade é que o Verão mais calmo dos últimos anos se transformou, em apenas três dias, no quarto pior da década em área ardida. O primeiro-ministro convocou um Conselho de Ministros de emergência (terça, 17), presidido por Marcelo, para decretar o estado de calamidade em “todos os municípios afetados pelos incêndios”.
Montenegro prometeu “celeridade” para identificar responsáveis e “agilidade” nas respostas. Num discurso muito direto, o primeiro-ministro encontrou “coincidências a mais” na sequência das ignições e considera que “não podemos perdoar a quem não tem perdão”. Informou que vai falar com a Procuradoria-Geral da República e com as forças de investigação criminal para que seja criada “uma equipa especializada em aprofundar, com todos os meios, a investigação criminal à volta dos incêndios florestais”. Montenegro esticou-se com estas declarações? Ou tratou-se de uma marcação cerrada ao Chega?
No meio deste vendaval de chamas e pesar, as irrequietas fontes de Belém, chamadas à primeira página do CM (19), vêm antecipar que “Marcelo quer eleições se não houver orçamento”. Mais uma pressão de Belém, portanto – a que se junta a convocação do Conselho de Estado para o início de outubro -, para condicionar Governo e oposições sobre o documento que rege as contas do Estado.
Com metade do país a arder, um aluno de 12 anos da Escolada Secundária da Azambuja feriu 6 colegas com uma faca. O rapaz levava vestido um colete à prova de bala. Talvez porque os incêndios ocupavam recursos e energias, as televisões tiveram um comportamento adequado. As autoridades tiveram, desde o primeiro momento, um comportamento irrepreensível: protegeram o rapaz e os colegas feridos e hospitalizados. Não existem, que se conheça, imagens do agressor nem tão pouco dos agredidos.
Uma tentativa de atentado a Donald Trump fez manchete na imprensa europeia, designadamente na britânica (16). Um norte-americano, defensor intransigente da Ucrânia, que alegadamente se preparava para atingir Trump no campo de golfe da sua propriedade, foi detido e neutralizado. As teorias da conspiração vão crescendo dos dois lados da disputa eleitoral de novembro, com muitos a considerarem que a cada recuo de Trump nas sondagens corresponde mais uma tentativa de atentado.
Em suplemento ao programa, nos Grandes Enigmas e outras histórias, o que pensa o cidadão Nuno Melo sobre Olivença? A ERC tem na sua missão dizer aos jornalistas como devem fazer o trabalho deles? Os passes para os comboios intercidades vão avançar? Diane Johnson, ministra britânica responsável pelas polícias, reuniu-se com agentes policiais para falar sobre furtos. Roubaram-lhe a mala (fonte: CM).