Siga-nos no Whatsapp
José Luís Ramos Pinheiro
Opinião de José Luís Ramos Pinheiro
A+ / A-

O 25 de novembro e o amanhã que não cantou

25 nov, 2024 • Opinião de José Luís Ramos Pinheiro


Quarenta e nove anos depois, a celebração do 25 de novembro de 1975 continua atual. E não deveria ser necessária qualquer justificação para comemorar esta data.

Todos sabemos que sem o 25 de novembro, o 25 de abril teria sido desvirtuado e a vontade popular subjugada pela vontade dos politburos da época.

A urticária que o 25 de novembro provoca designadamente no PCP e no Bloco de Esquerda só confirma a justeza desta comemoração.

Não é preciso dizer mais nem é preciso escrever muito. Basta explicar às novas gerações, que não experimentaram nem viveram a deriva totalitária do verão quente de 1975, que sem a resistência de muitos civis – com Mário Soares à cabeça – e sem a ação corajosa de tantos militares – com Ramalho Eanes à frente – Portugal teria sido convertido numa espécie de Cuba, cujo regime era a menina dos olhos de boa parte da extrema-esquerda portuguesa.

Em abril de 1975, nas primeiras eleições livres para a Assembleia Constituinte, que haveria de elaborar a Constituição do Portugal democrático, o resultado foi devastador para a extrema-esquerda. A derrota nas urnas levou a mesma extrema-esquerda a acelerar uma viragem política que tornasse irremediável o que o povo maioritariamente rejeitava.

Foi em nome dessa vontade popular que civis e militares resistiram cívica e politicamente durante meses. E tal resistência culminou com os acontecimentos do 25 de novembro que abriram caminho à consolidação do regime democrático.

Para a extrema-esquerda, no 25 de novembro de 1975 venceu aquilo que então consideravam ser uma democracia ‘burguesa’. Explicando: a democracia ‘burguesa’ é aquela em que a vontade maioritária nas urnas vale mais do que as decisões daqueles que perdem as eleições e que, no caso, pretendiam impor em Portugal a chamada ditadura do proletariado, de sabor soviético.

Pelo contrário, os derrotados no 25 de novembro incensavam a ditadura do proletariado, a qual, de facto, tem muito de ditadura e muito pouco de proletariado, a avaliar por tais regimes totalitários que em todo o mundo afogaram os respetivos povos em miséria e sofrimento.

Portugal não é perfeito, mas, até hoje, escapou a tal destino, graças ao 25 de novembro, sem o qual a liberdade e o 25 de abril teriam sido amplamente subvertidos.

Quarenta e nove anos depois, há quem não tenha aprendido com a história - foram vencidos, mas não convencidos. Nos seus melhores sonhos, e nos nossos piores pesadelos, continuam a ansiar por um amanhã que não cantou. É mau sinal, para eles e para o país.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Fátima Pereira
    26 nov, 2024 Peniche 17:15
    Tão verdade como a verdade. Só quem não viu o que se passou tem a ousadia ou a displicência de argumentar o contrário.
  • Pedro Matias
    26 nov, 2024 2430-292 Marinha Grande 16:48
    Esqueceram que estávamos á beira da guerra civil, i.e. Norte vs Sul, esquerda pro soviética e esquerda revolucionaria militar vs democratas de esquerda e direita conservadora democrática, extrema direita vs democratas, mas sobretudo maioria de democratas com suporte eleitoral maioritário que se opunha à já referida esquerda pro soviética e esquerda revolucionaria militar que organizou golpe nesse dia que abortou e em que foram dominados pelas forças civis e militares democráticas ... que até os perdoaram na altura e a alguns que enveredaram pelo terrorismo, mais tarde. Pedro Matias