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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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A crise social

10 abr, 2023 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Não existe nenhuma crise económica na nossa economia, por mais que nos tenham tentado convencer do contrário.

Mergulhados como estamos numa crise social que atinge várias dimensões, desde o aumento daa pobreza até à instabilidade laboral, interrogamo-nos, porquê?

A resposta não é a que estamos habituados: “Pois, é a crise económica que nos leva à crise social...”

Na realidade, até ao momento não existe nenhuma crise económica na nossa economia, por mais que nos tenham tentado convencer do contrário. O que há é uma inflação moderada (abaixo dos 10% anuais) que tem sido combatida de forma inepta tanto a nível europeu como a nível nacional.

Entendeu-se que a inflação deveria ser combatida fazendo recair todo o ónus da desinflação sobre os rendimentos do trabalho e em parte também sobre as pensões de reforma. O resultado foi o que se esperaria: pobreza e instabilidade laboral. Até a crise habitacional - que tem outras causas - se tornou mais grave ainda devido à perda de rendimentos reais dos assalariados.

Esta instabilidade, tudo leva a crer, vai prosseguir com os decorrentes custos para a economia. Não é fácil entender por que razão se seguiu este caminho.

Uma razão que tem sido invocada é a que instabilidade política e económica mundial é muito grande e que podemos ter de enfrentar uma crise generalizada. Por isso, cautela, reduzam-se os salários reais.

Que podemos ter uma crise mundial, é possível. Que, inclusivamente, a instabilidade bancária recente possa ser um pré-anúncio de uma crise financeira internacional, é infelizmente um cenário que não podemos afastar.

Mas pensar que estaremos mais aptos a enfrentar uma crise mundial com o clima actual de instabilidade social provocada pelo combate à inflação é um erro tremendo.

Comentários
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  • José J C Cruz Pinto
    18 abr, 2023 Ílhavo 08:33
    É isso mesmo, meu caríssimo colega do Liceu Camões (1958-1965)! E não é sequer necessário ser-se economista - basta um mínimo de bom-senso, sensibilidade, e honestidade política e intelectual.