29 jul, 2021
A Eslovénia, que exerce neste semestre a presidência da União Europeia, solicitou à organização dos Jogos Olímpicos, com o apoio da Comissão Europeia, que os seus atletas fossem autorizados, na cerimónia de abertura, a levar a bandeira da UE juntamente com a sua própria bandeira nacional.
Que a Eslovénia fizesse uma proposta destas compreende-se, uma vez que tem alguns esqueletos no armário que arriscam a tornar a sua presidência bastante polémica, principalmente porque há desconfianças relativas ao cumprimento das condições de um estado de direito. Nada como estar nas boas graças da Comissão para minimizar os estragos.
Que a Comissão tenha alinhado, ou até incentivado tal dislate, não é surpreendente, mas é inaceitável. Decorre da intenção permanente desta Comissão de tentar apagar os estados da cena política europeia e até da afectividade (praticamente a única que tem verdadeiramente relevância no panorama das instituições políticas da Europa) que os cidadãos sentem pelo seu respectivo Estado ou em alguns, casos pela sua nação dentro do Estado. Lamento não ter outras palavras para classificar esta visão da Comissão senão como sendo uma total sandice própria de burocratas de pouca qualificação, a começar pela Presidente.
Numa época em que o mundo em geral e a Europa em particular enfrentam grandes desafios e riscos graves, criar o caos no espaço europeu tentando eliminar a adesão às únicas instituições em que os cidadãos confiam, para transferir poderes e protagonismo para uma burocracia que ninguém respeita é de uma cegueira total.
Felizmente a organização dos Jogos (bem haja!) respondeu com um rotundo “não” ao pedido e Eslovénia e Comissão tiveram que meter as respectivas violas no saco.