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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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​O novo confinamento

15 jan, 2021 • Opinião de João Ferreira do Amaral


Podemos esperar que seja possível uma recuperação da economia já a partir da primavera.

O agravamento da pandemia e o consequente confinamento que de novo temos de assegurar, vai, como é evidente, ter consequências económicas negativas, tal como teve o primeiro confinamento. Nem por, no essencial, ser já conhecido desde o II trimestre do ano passado o tipo de efeitos que ocorrerão, deixará a nossa economia de ser muito afectada.

A nível macroeconómico e uma vez que o I trimestre de 2020 ainda pode ser considerado um trimestre normal (embora se verificasse algum arrefecimento, não atribuível à pandemia), não nos devemos espantar quando verificarmos, através dos indicadores estatísticos que forem surgindo, que o primeiro trimestre deste ano irá apresentar uma queda profunda do PIB em termos homólogos, ou seja, relativamente ao I trimestre do ano passado. Será evidentemente muito negativo, mas é de esperar que no II trimestre a evolução seja menos negativa - sempre em termos homólogos - uma vez que o II trimestre do ano passado já foi muito afectado pelo confinamento.

No entanto, se é importante estarmos atentos à evolução em termos homólogos, é mais importante ainda relacionarmos o que vai suceder neste I trimestre com o que sucedeu no IV trimestre do ano passado, pois é essa comparação que nos dará verdadeiramente a compreensão do que vamos passar agora.

Uma vez que as restrições do fim do ano, apesar de terem tido um impacte forte em algumas actividades, foram muito menos limitativas que o actual confinamento, vamos ter uma queda do PIB neste I trimestre relativamente ao último trimestre do ano passado, o que significa que a recuperação económica não vai existir, sendo antes de prever um agravamento, com mais aumento do desemprego (mais ou menos disfarçado pelo lay-off) e uma quebra adicional de rendimentos de muitas famílias. E vai ter que ser necessário, certamente, iniciar conversações entre partidos no sentido de poder ser aprovado um orçamento rectificativo.

No entanto, não há que perder a esperança. O confinamento vai ter efeitos positivos no controlo da pandemia, o que, provavelmente permitirá um afrouxamento das restrições antes do final de trimestre. Por outro lado, a vacinação continuará e, a seu tempo, trará o controlo da doença. Por isso, podemos esperar que seja possível uma recuperação da economia já a partir da primavera e com mais intensidade no final do ano.

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