05 nov, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque considera que a vitória de Kamala Harris é melhor para a economia europeia.
“Kamala Harris tem propostas que defenderão mais a continuação do ‘status quo’ e, portanto, com menos impacto negativo naquilo que devem ser as propostas políticas propostas por Donald Trump”, observa.
Já na perspetiva americana as coisas serão diferentes e será necessário esperar pelos resultados, embora, na quarta-feira, já possam ser dados alguns sinais.
“Há dois mercados que vão ser sensíveis, amanhã, e vão dizer-nos logo algumas coisas, que é o mercado de câmbios que vai começar a reagir e, eventualmente, os futuros sobre o mercado de ações, assim que se comecem a desenhar algumas tendências”, aponta.
O economista sublinha, no entanto, que, “aquilo que será bom para os americanos, a curto prazo, pode ser pior para outros países, porque as propostas de Donald Trump, apesar de serem mais claras, não têm uma visão social”.
João Duque assinala que as propostas de Trump “têm uma visão muito orientada para pessoas que percebem pouco disto e que querem respostas muito simples e fáceis de entender”, lembrando que o candidato republicano propõe cortar impostos, controlar a inflação, dar emprego aos americanos e promover a construção de casas.
Já Kamala Harris “propõe, de alguma maneira, estas coisas também, mas de uma forma mais mitigada, mais macia e com uma orientação social mais vincada”, assinala Duque, realçando que a candidata democrata “não pode propor tantos cortes de impostos, porque, depois, também não tem dinheiro para poder providenciar serviços aos menos afortunados”.
“Portanto, temos uma visão muitíssimo mais social, e eu diria, europeia, naquilo que diz respeito à proteção da sociedade em termos de economia social”, destaca.
Questionado sobre se na relação económica entre Estados Unidos e Europa, seria mais favorável Kamala Harris, o comentador diz que quando Trump “propõe aumentar impostos sobre produtos importados. Naturalmente que os europeus, muito provavelmente, serão afetados e as exportações para os Estados Unidos serão mais difíceis, pelo que será mais difícil a vida das empresas que exportam para os Estados Unidos”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Duque alerta ainda para o que pode ser “uma alteração significativa naquilo que é o esforço de guerra, na guerra da Ucrânia com a Rússia, que nos leva a poder gastar muitíssimo mais dos orçamentos dos estados europeus, retirar financiamento para outros fins sociais, nomeadamente”.
“Temos aqui alterações indiretas que podem ser muito impactantes porque a presença dos Estados Unidos em termos de ajuda militar é muito significativa”, remata.