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Uma parceria entre a Renascença e o jornal “Público”. Entrevistas aos protagonistas da atualidade. Quinta às 23h20.
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Hospital Santa Maria conta recuperar até ao fim do ano toda a atividade suspensa por causa da pandemia

17 jun, 2021 • Eunice Lourenço (Renascença) e Ana Maia (Público)


Em abril e maio, a atividade cirúrgica foi superior ao que era antes da pandemia em 25 a 20 por cento.

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Daniel Ferro, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, diz que Santa Maria tem um “plano muito exigente” para recuperar a atividade suspensa pela pandemia. Em entrevista à Renascença e ao Público, defende que é preciso repensar a área cardiovascular nas urgências da área metropolitana e admite uma revisão nas urgências obstétricas.

O que já foi possível recuperar em termos de cirurgias e de consultas de toda a atividade assistencial que ficou adiada por causa da pandemia?
Bastante. Tínhamos um plano muito exigente no sentido de recuperar a totalidade da atividade que tinha sido suspensa e estamos a conseguir. Só nos meses de abril e de maio, na atividade cirúrgica acrescentámos entre 25 por cento a 30 por cento de atividade relativamente ao período antes da pandemia. O que significa que esse grande acréscimo se deve à necessidade de efetivamente recuperar, creio eu antes do fim do ano, tudo aquilo que foi adiado por razões de mobilização de recursos.

Em termos absolutos, o que significa?
Em maio acrescentámos cerca de 630 intervenções cirúrgicas. Ou seja, relativamente àquilo que é o padrão normal, e melhor dos últimos anos, acrescentámos 630 doentes. Tínhamos acrescentado 570 no mês de abril. Cremos que este ritmo vai continuar nos próximos meses e por isso estamos confiantes que vamos conseguir este objetivo, que é recuperar tudo aquilo que de algum modo teve de ser suspenso.

No estado de emergência foi criada uma limitação de saída de recursos humanos do SNS. Nessa altura, pelo menos um grupo de 18 enfermeiros com experiência em cuidados intensivos tinha pedido a cessação de contratos com o Centro Hospitalar Lisboa Norte. Qual é o ponto da situação?
Foi um aspeto que, a certa altura, nos preocupou bastante e que procurámos gerir e minimizar. Tentámos que na mobilização de pessoas que precisávamos para os cuidados intensivos, depois da fase intensa da pandemia pudéssemos, face às saídas previstas, contar com elas para as mantermos nos cuidados intensivos. É o que está a acontecer. Temos hoje a trabalhar nos cuidados intensivos, em definitivo, pessoas que antes da pandemia trabalhavam em blocos operatórios, recobros ou mesmo em enfermarias. Simultaneamente procurámos ir substituindo nos locais de onde saíram. É muito diferente substituir um enfermeiro que sai de uma enfermaria, do que um enfermeiro que tem dez anos de experiência de cuidados intensivos.

Quantas saídas aconteceram deste o final do estado de emergência?
Seguramente mais de 20.

São enfermeiros de cuidados intensivos ou está a falar no geral?
Cuidados intensivos e de outras áreas. Outra forma com que gerimos esta situação foi também entusiasmar as pessoas. Que um hospital que a partir de agora tem uma unidade modelar exemplar, tecnologicamente evoluída, que oferece todas as condições para um bom percurso profissional, fizesse com que algumas das pessoas que tinham saída prevista pudessem manter-se na instituição. Isto também foi conseguido.

Quando, e se, avança mesmo a reorganização das urgências da área metropolitana?
Da nossa parte temos procurado dar resposta a essa reestruturação e achamos que esse é um caminho necessário. Esse caminho foi iniciado há alguns anos, carece provavelmente de uma atualização e também carece obviamente de ser completado. Há áreas onde essa reestruturação não chegou. Acho que fará todo o sentido olhar novamente para a rede e rever o ajustamento que ela permitir. Penso que esse trabalho está em curso.

Em que áreas em específico deve incidir?
Há áreas onde a rede hospitalar está já num ponto ótimo de utilização, com provavelmente pouca necessidade de atualização e com boa experiência. Um entre vários exemplos que podia dar, é otorrino. Mas também há áreas que não foram sujeitas a uma reapreciação, a uma definição, como por exemplo a área cardíaca, a área cardiovascular, onde efetivamente há necessidade de repensar essa rede.

Obstetrícia também justifica esse repensar?
Obstetrícia, quando muito, poderá ter que ser neste momento revista e atualizada.

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