04 nov, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo considera que "é um absurdo" que “o filho de quem comete um crime" tenha de ser despejado.
Na análise às recentes declarações do presidente da Câmara Municipal de Loures, defendendo despejos sem dó nem piedade de participantes em distúrbios, Raposo classifica este tipo de linguagem “inaceitável”, assinalando que “revela como tanta gente está confusa com a chegada do Chega”.
Para Raposo, este tipo de linguagem mostra a incapacidade das pessoas perceberem “por que é que o Chega consegue ter votos, e responder aos problemas sem seguirem o Chega”, observando que “Loures e todos os subúrbios norte de Lisboa são um pasto muito grande para esse tipo de agenda”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo lembra que há “bairros sociais em que as pessoas não pagam renda, não pagam luz, não pagam água e, ao lado, a maioria da população que é apertada pelas rendas, é apertada pela prestação ao banco”.
Há ali “dezenas de bairros clandestinos com milhares de casas, onde as pessoas, quando vieram do Alentejo e das Beiras, fizeram as suas próprias casas e, depois, gastaram rios de dinheiro a legalizar. E ao lado, pessoas a quem foi dado uma casa e não tratam daquilo”, observa.
“Isto é, obviamente, um pasto para um ressentimento atroz. E Ricardo Leão tem criticado isso e tem tentado resolver. Isto é uma coisa; agora, esta coisa nova, pós-distúrbios de há 15 dias, dizer que a família de alguém que foi criminoso ou vândalo - chamem-lhe o que quiserem - tem de ser despejada, é um absurdo”, insiste.
“Por que é que os filhos e as mulheres destes rapazes ou destes homens têm de ser despejados por um ato cometido pelo pai ou pelo irmão ou pelo tio?” - questiona - afirmando tratar-se de “um absurdo”.
“É deitar gasolina para o fogo, além de ser altamente moralista. Não resolve o assunto”, remata.