25 out, 2024 • André Rodrigues , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença diz que as populações que residem nas áreas marcadas por desacatos nos últimos dias, na Grande Lisboa "vivem na terra de ninguém”.
“Estas pessoas não se sentem de Lisboa. E esse é o problema. Convém começar a dar nome às coisas. Estas pessoas são da Póvoa de Santo Adrião, de Odivelas, de Santo António dos Cavaleiros. É o maior agregado demográfico do país”, assinala.
Segundo Raposo, nos subúrbios norte de Lisboa vive “um milhão de pessoas, mas que vivem em terra de ninguém”.
“Estes miúdos vivem nesta desesperança, porque essa desesperança, essa ausência de rumo, começa logo na escola. A escola pública que temos não lhes dá os meios para terem sequer esperança, porque não têm autonomia”, diz.
Por isso, o comentador diz que já era previsível que acontecessem desacatos, como os que aconteceram nos últimos dias, defendendo que “as escolas destes bairros deviam ser emanações do bairro”.
“É como um incêndio florestal, aquilo vai acumulando combustível à espera de um rastilho”, sinaliza.
No seu espaço de comentário n’As três da Manhã, Raposo pede que seja dado “poder e liberdade aos professores que conhecem estes miúdos desde a infância”, lembrando que deste “’morro’ que apanha Odivelas, Póvoa de Santo Adrião, Santo António dos Cavaleiros”, em que “lá em cima nós vemos Lisboa cá em baixo, parece que está a 300 quilómetros de distância”.
“Falem da história do bairro. O maior pintor português do século XVIII é o Pedro Alexandrino, que viveu ali. O aqueduto começou ali. Comecem a dar a história do país àqueles miúdos, a partir dali, por favor”, remata.