30 set, 2024 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo defende que “é preciso repensar a terra”.
No dia em que a Renascença revela que os meios aéreos de combate aos incêndios florestais do Estado só estarão disponíveis na totalidade depois de 2030, Raposo cita Henrique Pereira Santos, arquiteto paisagista e um especialistas na área: as populações das cidades “têm uma fraca compreensão do que é o natural".
"Se querem impedir, ajudar a combater os fogos, não comam um sushi, comam cabrito ou comam chanfana, borrego ou comam mel, castanhas… Ou seja, através da vossa alimentação diária, contribuam para criar uma economia rural que ocupe aquela terra”, enfatiza.
“Eu gostava que o primeiro-ministro e o Presidente da República [que hoje visitam áreas ardidas] estimassem ideias revolucionadas que já estão a acontecer em Portugal”, dando o exemplo da iniciativa “Rewilding Portugal”.
O comentador lembra que esta iniciativa está a tornar “Portugal selvagem de novo, está a repovoar partes do território com grandes animais, como o bisonte europeu”.
“Estão a introduzir o bisonte europeu em várias herdades, mais a Sul, e a maior experiência está em Foz Côa, que é uma área mais propícia ao incêndio, onde estão a reintroduzir o taurus, uma vaca geneticamente modificada pela ciência moderna, para se assemelhar ao auroque”, diz Raposo, acrescentando que “esta vaca, ocupando aquela área, limpa os terrenos e através do ciclo de natureza, tornam o terreno menos seco, com vegetação mais viçosa”.
“Eu gostava que o Presidente da República, em vez de estar a insistir nos meios de combate aéreos e nos meios de combate dos bombeiros, repensasse o território desta maneira, e as coisas já estão a acontecer, precisam de alguém a dar-lhes poder, dinheiro, e mais visibilidade narrativa”, remata.
Na visão de Raposo, “os políticos querem dar às pessoas aquilo que elas compreendem: mais helicópteros, mais aviões”, mas o que é preciso “é repensar o território de outra maneira”.