16 set, 2024 • André Rodrigues , João Malheiro
Henrique Raposo considera que em 50 anos desde o 25 de Abril, os portugueses "mantiveram uma ideia autoritária de Democracia".
O comentador da Renascença analisava os resultados de um barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos que aponta que há maior tolerância dos portugueses para casos de corrupção que acabem por beneficiar a comunidade.
Cerca de metade dos portugueses não considera o uso de relações pessoais ou profissionais para obter vantagens ou benefícios como sendo verdadeiros casos de corrupção.
Curioso é o facto de os inquiridos também serem algo toleráveis ao fenómeno das chamadas "portas giratórias" - isto é, a passagem de políticos para as empresas e vice-versa.
Para Henrique Raposo, isto revela que não foi criada "uma cultura democrática".
"Eu aceito a Democracia se me deres algo de volta. Isto parece estar implícito na forma dos portugueses encararem a Democracia", aponta.
O comentador da Renascença realça o caso de Isaltino Morais, condenado por corrupção, mas que depois voltou a ser eleito autarca da Câmara de Oeiras.
Henrique Raposo critica, ainda, o Ministério Público por atirar "porcaria para a ventoinha" que tem beneficiado narrativas de extrema-direita de que os políticos "são todos uns corruptos".
"É uma falha de perceção da opinião pública, criada pelo Ministério Público. Começa na megalomania dos megaprocessos. Em vez de se criar um caso a partir de um problema concreto, criam-se teorias da conspiração sem provas", conclui