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“O pior que a Europa pode fazer é um outro acordo de Minsk”

Opinião

“O pior que a Europa pode fazer é um outro acordo de Minsk”

22 fev, 2022 • Olímpia Mairos


Putin “é um vulgar colonialista que quer voltar aos tempos do colonialismo e dizer que tudo o que pertenceu à santa mãe Rússia - a União Soviética - tem que voltar”, diz Henrique Monteiro.

Quando ainda se falava na possibilidade de uma cimeira entre os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos, Vladimir Putin decidiu reconhecer a independência das províncias separatistas de Donetsk e Lugansk.

Apesar de alguns observadores entenderem que o Presidente russo abriu, assim, a porta à guerra, o comentador d’As Três da Manhã considera que, neste momento, ainda não se pode falar de uma guerra no sentido clássico.

“Agora o estado de guerra vai existir. Ele, aliás, já existe, basta olhar para as bolsas de Moscovo e para as sanções que hoje a União Europeia vai anunciar”, assinala Henrique Monteiro, antevendo “escaramuças na fronteira ucrano/russa ou em territórios que agora se dizem independentes”.

“O pior que a Europa pode fazer é um outro acordo de Minsk, porque já se viu que o Putin não liga nenhuma aos acordos”, alerta.

O comentador observa ainda que Vladimir Putin “não ligou nenhuma ao acordo, nem às sanções”, realçando que “a Rússia não tem nada a mostrar ao mundo senão a sua enormidade, porque aquilo é um gigante de pés de barro, tem um PIB miserável que é igual ao da Bélgica, da Holanda e do Luxemburgo”.

“O PIB da Rússia é uma pobreza bastante extrema, assenta numa oligarquia, uma desigualdade brutal, portanto, eles não têm nada, não têm tecnologia e têm gás e a força bruta. O que eles estão a mostrar é a força bruta, porque ao gás também pode haver alternativas para a Europa, nomeadamente através do Norte da África”, acrescenta.

Segundo Henrique Monteiro, as sanções que ainda estão a ser preparadas teriam um maior impacto se tivessem sido anunciadas logo após o discurso de Putin, na segunda-feira em que reconheceu as regiões separatistas no leste da Ucrânia, como independentes.

“Putin joga na desunião da Europa, se bem que, até agora, ela não tivesse existido, e na desunião da NATO, o não terem as mesmas opiniões, porque a Alemanha depende muito do gás russo”, explica.

A Europa entende que já aconteceu uma invasão militar, uma vez que a Rússia entrou naqueles territórios que já se tinham declarado independentes em 2014, quando foi a invasão da Crimeia.

“O mal inicial veio justamente da fraca reação à invasão russa da Crimeia, ou antes disso, ainda no caso da Geórgia”, assinala Henrique Monteiro, sublinhando que Putin “é um vulgar colonialista que quer voltar aos tempos do colonialismo e dizer que tudo o que pertenceu à santa mãe Rússia - a União Soviética - tem que voltar”.

Sobre se as sanções que serão anunciadas esta tarde vão ser suficientes para impedir Putin de chegar mais longe, Henrique Monteiro afirma que tudo vai depender da “intensidade das sanções”.

“Há um momento em que pode ajudar à queda, porque também há forças internas na Rússia que são bastante contra o Putin, como se tem visto. E ele está a prendê-las todas, está a prender tudo. Mas também depende muito da intensidade com que as sanções se fizerem sentir e da ameaça também”, diz o comentador.

Já quanto à possível tentação de Putin avançar para as antigas repúblicas soviéticas como os países bálticos, o comentador entende que “isso era uma coisa terrível”.

É bom não esquecer que a Ucrânia faz fronteira com quatro países da NATO e da União Europeia: a Eslováquia, Hungria, Roménia e Polónia. Temos aqui uma situação muito complexa e veremos no que vai dar”, conclui.

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  • Cidadao
    22 fev, 2022 Lisboa 12:27
    Reforçar as guarnições da NATO nesses países e começar "manobras conjuntas" com o exército Ucraniano, eram mais eficazes que essas sanções ...