08 nov, 2024
Os americanos escolheram Trump para Presidente, conhecendo bem o personagem. Há oito anos, quando Trump foi eleito pela primeira vez, era possível dizer que os eleitores não o conheciam. Agora não.
Impressiona que tenham eleito um mentiroso compulsivo, carregado de processos judiciais (que agora ficam suspensos). Um “democrata” que só aceita resultados eleitorais quando ganha. Um político admirador de autocratas, que se vangloria de ir deportar em massa imigrantes ilegais e que pretende vingar-se daqueles que, no anterior mandato presidencial, lhe travaram os seus instintos violentos.
Dir-se-á que a anterior presidência de Trump não trouxe desgraças. Só que, desta vez, os colaboradores de Trump serão seus entusiásticos fiéis, que não o irão travar. As instituições também não. O partido republicano é hoje totalmente dominado por Trump. O Supremo Tribunal, o Senado e (tudo indica) a Câmara dos Representantes obedecem agora a Trump. Não haverá limites ao autoritarismo do reeleito Presidente.
Os resultados desta eleição permitem duvidar do apego dos americanos à democracia. E são uma ajuda aos autocratas que abundam por aí. Durante décadas os Estados Unidos foram líderes da democracia no mundo. Agora parecem embarcar na onda autocrática. Por isso esta eleição é um risco para a democracia não apenas na América.
Claro que Trump de novo na Casa Branca significa políticas económicas protecionistas, que podem trazer benefícios imediatos, mas a prazo minam a competitividade das empresas americanas. Trump adora impor barreiras alfandegárias às importações, faz-lhe sentir o seu poder.
E não se esperam de Trump quaisquer contribuições para combater as alterações climáticas, pelo contrário. A descarbonização dos EUA sofrerá um recuo, com o novo Presidente a incentivar a pesquisa e a exploração de novos poços de petróleo.
Mas mais preocupante do que essas políticas erradas é o impulso que esta eleição dá à onda autocrática e antidemocrática no mundo.