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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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O BCE descerá os seus juros em dezembro?

04 nov, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A inflação na zona euro voltou a subir em outubro. Mas não há indícios de que a inflação esteja de novo a levantar a cabeça. E a economia alemã vai no segundo ano de recessão. Por isso não veremos os “falcões” económicos da Alemanha a tentarem travar uma política monetária do BCE menos restritiva.

Em outubro a inflação na zona euro voltou a subir. Em setembro tinha ficado em 2%, que é a meta do Banco Central Europeu (BCE). E antes disso, em agosto, a inflação na zona euro tinha descido para 1,9%. Estaremos perante um surto inflacionista que impeça o BCE de descer de novo os seus juros na reunião de 12 de dezembro, como se deseja?

Creio que não. Este pequeno passo atrás na evolução da inflação na zona euro, em setembro e outubro, deve-se, em parte, à base de partida no que toca aos produtos energéticos – em outubro do ano passado os preços destes produtos tinham descido 2,1%. E não se vislumbram indícios de a inflação estar a levantar a cabeça. Na Alemanha os preços em outubro subiram 2,4%, mas em França, Itália e Espanha houve nesse mês apenas uma ligeira subida da inflação.

Por outro lado, a estagnação económica tende a acentuar-se na zona euro O problema sente-se, sobretudo, na sua maior economia, a alemã. O Governo da Alemanha baixou a sua previsão para a atividade económica no corrente ano. Assim, em vez do crescimento do PIB em 0,3%, que havia previsto em abril, agora prevê uma contração de 0,2% em 2024. A Alemanha sofre, deste modo, dois anos consecutivos de recessão.

Veja-se o caso da Volkswagen, que vai fechar três fábricas de automóveis em território alemão. Trata-se de algo que nunca havia acontecido na história desta empresa. A fábrica da VW em Palmela não será atingida. Aliás, a VW não tenciona encerrar fábricas fora da Alemanha.

Uma nova descida dos juros do BCE poderia contribuir para tirar a economia alemã da recessão em 2025. Por isso não veremos os “falcões” económicos da Alemanha a tentarem travar uma política monetária do BCE menos restritiva.

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