Siga-nos no Whatsapp
Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
A+ / A-

​A pobreza aumentou em Portugal

21 out, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


A pobreza está a crescer em Portugal e as desigualdades agravam-se. O combate à pobreza deveria ser uma prioridade para as forças políticas. Sabe-se que não é uma tarefa fácil. Por isso mesmo não deve ficar esquecido.

Na passada quinta-feira, tivemos duas boas notícias. O Banco Central Europeu, como se previa, baixou os seus juros diretores. E o Partido Socialista assegurou que iria deixar passar o Orçamento para 2025, evitando uma crise política, novas eleições, etc.

Mas tivemos más notícias sobre a evolução da pobreza no nosso país. A Pordata, da Fundação Francisco Manuel dos Santos, trouxe a lume alguns dados preocupantes.

O economista e professor Carlos Farinha Rodrigues sintetizou assim aqueles dados: “A pobreza está a crescer, sobretudo entre as crianças e os jovens, os desempregados e as famílias monoparentais. As desigualdades também se agravaram, fazendo de Portugal o quarto país mais desigual da União Europeia”.

Vejamos alguns números. A pobreza passou de 16,4% da população em 2021 para 17% em 2022. Nesse ano um milhão e 781 mil pessoas auferiam rendimentos abaixo da linha de pobreza; e cerca de 346 mil crianças e jovens viviam em famílias pobres.

Os mais pobres ficaram ainda mais pobres. A intensidade da pobreza subiu de 21,7% em 2021 para 25,6% em 2022. O número de pessoas sem capacidade para manterem a casa adequadamente aquecida passou de 17,5% em 2021 para 20,8% em 2022. 10% dos trabalhadores empregados estão em risco de pobreza e exclusão social, ou seja, ter emprego já não permite fugir à pobreza. Cerca de 400 mil pessoas recebem apoio alimentar diário. A taxa de risco de pobreza subiu em 2022 pela primeira vez em sete anos. Etc.

Os números já disponíveis para 2023 não indiciam qualquer melhoria. Nesse ano o risco de pobreza e exclusão para o conjunto da população residente era igual ao do ano anterior; e o risco era de 11,3% para as pessoas empregadas e de 18,7% para os reformados e atingia 66,3% para as mulheres desempregadas.

Isto e muito mais acontece com os apoios estatais a funcionarem, como o Complemento Solidário para Idosos ou o Rendimento Social e Inserção. O combate à pobreza deveria ser uma prioridade para as forças políticas. Sabe-se que não é uma tarefa fácil. Por isso mesmo não deve ficar esquecido.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.