25 set, 2024
No mundo, entre 2000 e 2015, o número de pessoas vivendo, ou sobrevivendo, em pobreza extrema (com menos de 2 dólares e 15 cêntimos diários) baixou para menos de um terço. Mas depois de 2015 os progressos foram mínimos. E os indicadores sobre doenças apontam para uma quase estagnação desde então.
O Produto Interno Bruto por cabeça na América Latina praticamente não sobe desde 2015; o mesmo se diga da África ao Sul do Sara, sendo que aí os valores são baixíssimos. O semanário The Economist, de onde retirei estes dados, avança com um alerta: os países pobres deixaram de se aproximar dos países ricos.
Muito dinheiro terá sido desviado da ajuda ao desenvolvimento para apoiar outras causas, como o combate às alterações climáticas. E as coisas andaram para trás, por exemplo na China. Ao espetacular crescimento económico induzido pela abertura económica e política de Deng Xiao Ping sucede agora a tendência controladora de Xi Jinping.
O Economist, fundado em 1843 para ajudar a campanha que reivindicava o fim do protecionismo agrícola no Reino Unido, defende o livre mercado e o capitalismo. E lamenta que as reformas liberalizadoras tenham sido escassas nos anos recentes, sendo que “os líderes mundiais estão mais interessados em controles estatais, política industrial e protecionismo”. Passou o tempo em que o colapso do comunismo desacreditou a estatização das economias.
Nos próprios Estados Unidos predomina agora, e não apenas pela voz de Trump, uma política económica intervencionista e protecionista, que procura substituir o mercado. “O mundo pagará pela incapacidade de aprender com a história”; os países ricos irão aguentar-se, mas ninguém sofrerá mais do que os países pobres, escreve o semanário.
Creio que o alerta do Economist merece atenção. O semanário não é um propagandista do “laissez faire”, mas reconhece as virtudes e os limites do mercado. E não é neo-liberal, é liberal a sério.