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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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O inferno do fogo

20 set, 2024 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


O ano parecia correr bem em matéria de incêndios florestais quando, em apenas poucos dias, 2024 se tornou o pior ano da década em área ardida. Voltou a falar-se da falta de ordenamento da floresta e da limpeza das matas. Mas vemos países mais desenvolvidos incapazes de travarem o avanço das chamas.

As coisas até pareciam estar a correr bem quanto a incêndios, quando no último fim de semana os fogos florestais regressaram em força. Em apenas poucos dias 2024 tornou-se o pior ano da década em área ardida. E antes tinha havido o incêndio na Madeira.

Não foi o pais inteiro a arder. A maior parte dos incêndios aconteceu no Centro e no Norte. E terá poupado o interior mais a Leste. O distrito de Aveiro, por exemplo, foi muito sacrificado pelo fogo.

Todo o país seguiu, angustiado, as imagens televisivas das chamas a ameaçarem e por vezes a destruírem casas, carros, alfaias agrícolas, etc. Como os bombeiros não podiam estar em todos os sítios onde surgiram chamas, os residentes atacaram o fogo com mangueiras e baldes. Chagou a haver quase duas centenas de fogos a arder em simultâneo.

Voltou a falar-se da falta de ordenamento da floresta e da limpeza das matas. Os particulares não têm meios nem vontade de agir. E o próprio Estado não atua em muitos terrenos que lhe pertencem.

Mas não se justifica que o país entre em depressão por causa dos incêndios. Tem-nos chegado notícias de enormes fogos florestais em territórios ricos, como a Califórnia e a Austrália. Também aí o poder destruidor dos incêndios se tem feito sentir, não obstante a capacidade financeira e tecnológica dessas sociedades.

Uma última palavra sobre a atuação do Governo perante a recente vaga de incêndios florestais. Julgo que o Governo agiu bem, ao concentrar-se no drama dos fogos e ao prometer não largar os autores de fogo posto, bem como ao falar com realismo sobre a situação, sem procurar “dourar a pílula”.

Comentários
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  • Ana Silva
    22 set, 2024 Albergaria-a-Velha 12:55
    É inadmissível que as autoridades tenham cortado o acesso à água à população enquanto esta tentava salvar as suas casas. Compreenderia se os bombeiros estivessem no local, no entanto, na impossibilidade de estarem presentes (o que é compreensível, dado o número de frentes ativas), a população não deveria ter ficado à mercê das chamas.
  • António Candeias
    20 set, 2024 Leiria 11:44
    Desde 1986 que especialistas dizem o que se tem de fazer pelas florestas, sai um governo entra outro e nem um mexeu uma palha para fazer alguma coisa, aliás todos eles prometem fazer só que do prometer ao fazer vai uma grande diferença há que satisfazer as clientelas politicas que ganham milhões com o negócio dos fogos, com os “estudos” que os sucessivos governos encomendam quantos milhões já se gastaram em estudos comissões de inquérito e de estudos quando o estudo do caminho que tem de ser feito já está traçado há décadas.