11 set, 2024
A Volkswagen (VW) prepara-se para encerrar algumas fábricas de automóveis. Tudo indica que se trata apenas de unidades situadas na Alemanha, pois é aí que a VW tem perdido capacidade competitiva. Assim, não parece existir qualquer ameaça para a fábrica de Palmela da Autoeuropa, detida a 100% pela VW.
A Autoeuropa é o maior investimento estrangeiro em Portugal. Esta empresa contribuiu no ano passado com 1,3% para o PIB nacional e é uma das principais unidades exportadoras do país. A produção da Autoeuropa subiu 14% em 2023.
Ao longo das últimas décadas a Autoeuropa promoveu uma importante rede de fornecedores, nacionais e estrangeiros. Muitos dos fornecedores nacionais tornaram-se, também, exportadores.
Além disso, tem prevalecido na Autoeuropa um saudável clima de relações entre a administração e os quase cinco mil trabalhadores, representados pela Comissão de Trabalhadores (CT). Quanto há questões importantes, aumentos salariais nomeadamente, a CT coloca-as à votação do pessoal. Este clima tem limitado greves.
A VW tem investido na fábrica de Palmela, que se revela competitiva. O modelo T-Roc ali produzido foi o carro da VW mais vendido na Europa no ano passado. E estão em curso medidas para, em breve, a Autoeuropa fabricar veículos elétricos.
A VW possui 14 fábricas de automóveis fora da Alemanha. É nas fábricas situadas na Alemanha que está a perder competitividade, em parte porque os salários alemães são muito altos – os principais concorrentes da VW já transferiram muitas fábricas para países de mão de obra mais barata.
O semanário The Economist afirma que não basta cortar custos do trabalho para tirar a VW da sua presente crise (é a primeira vez que a empresa admite encerrar unidades). A empresa tem, na Alemanha, sérios problemas informáticos. A VW vendeu no ano passado menos um milhão de carros na China do que em 2019. No imediato, prevê-se uma forte resistência laboral ao fecho de unidades na Alemanha.